Reservatórios de água estão, mais uma vez, em declínio
23 de setembro de 2018

Paraíba do Sul opera com apenas 28% da capacidade, e Mantiqueira também preocupa

Após uma grave crise hídrica entre os anos de 2014 e 2016, os estoques de água dos reservatórios que abastecem a região Sudeste estão mais uma vez em declínio. Especificamente no Rio de Janeiro, a bacia do Rio Paraíba do Sul, composta por quatro reservatórios, está com apenas 28% da capacidade, enquanto no mesmo período do ano passado o armazenamento era de 45%. Na Serra da Mantiqueira, os níveis hídricos também estão em queda.

Segundo José Roberto Manna, coordenador técnico do Águas da Mantiqueira, projeto da Fundação Toyota que realizou um estudo ambiental no reservatório, o consumo de água supera a reposição. “Os estoques estão em declínio. As águas das chuvas também não penetram no subsolo em áreas desmatadas e urbanizadas”, ponderou.

O especialista explica que a região Sudeste, por ter uma grande população e a maior concentração de indústrias e práticas agrícolas do país, tem o maior risco de sofrer uma nova crise hídrica. “As políticas públicas para o abastecimento de água priorizaram a construção de reservatórios, tratamento, distribuição e comercialização da água. Faltou o essencial: a proteção, manejo e conservação das áreas de mananciais”, disse Manna.

“A vegetação natural é a perfeita embalagem da água. Filtra e mantém estoques com eficiência mesmo diante das variações de temperatura e clima. Reservatórios, por sua vez, têm vida útil e não se sustentam”, acrescentou ele.

Há quatro anos, o estado do Rio teve a pior crise abastecimento da sua história. A bacia do Paraíba do Sul, reservatório que abastece dez milhões de fluminenses, praticamente secou. O Rio Paraibuna, que chegou a apresentar 1% do volume útil em 2015, foi recuperado e atualmente tem 26% do volume útil. O nível, no entanto, é drasticamente menor do que o do ano passado, de 55%.

Para o especialista do Águas da Mantiqueira, conservar a vegetação natural é a solução para a crise hídrica. “Economia máxima e eficácia no uso, das torneiras residenciais ao uso na agricultura e indústria. A riqueza de água tem limite e não se expande”, reforçou.

Manna destaca algumas iniciativas que ele chama de engenharia verde. “Estradas precisam de pavimentação que evite aumento da temperatura e sejam permeáveis. Túneis ou pontes precisam ser construídos evitando o aumento da fragmentação da paisagem, e o isolamento de populações de animais silvestres. Engenheiros e urbanistas devem atender as demandas de todos os seres vivos”, afirmou.

Fonte: O DIA