Na manhã desta terça-feira (20), foi realizado a comemoração do centenário da cientista Johanna Döbereiner, nas dependências da Embrapa Agrobiologia de Seropédica.

A mesa de abertura contou com a presença da Deputada Elika Takimoto, representando a Alerj, – Eliete Bouskela, representando a Faperj, – Helena Nader, da Academia Brasileira de Ciências, – Silvia Massruhá, Presidente da Embrapa Agrobiologia, – Cristhiane Amâncio, bióloga e bacharel em Ecologia, Mestre e Doutora em Ciências Sociais da Embrapa, – Renato Janine, da Sociedade Brasileira para o progresso da ciência, – Osvaldo Moraes, representante do Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação.

O evento teve como coordenadora a Cientista da Embrapa, Cristhiane Amâncio, que destacou: “É um dia muito alegre para todos nós, é muito emocionante poder estar à frente dessa celebração. Eu que cheguei aqui nessa unidade com estudante de graduação, é gratificante em especial ver o legado da doutora Joanna na formação de recursos humanos. Eu quero agradecer a presença de todos, a presença de todas as autoridades aqui presentes que compõem essa mesa.

A cada canto nessa casa, a sua história, o seu legado é lembrado, mas ele é lembrado não como algo preso ao passado apenas num saudosismo, mas de referenciar o que ela tinha de brilhante, da inquietude da construção do conhecimento científico, de não se sentir presa a alguma verdade.

Então essa casa preza, por todo momento, na construção do conhecimento científico, no avanço do conhecimento, sempre pela inquietude, na busca por novidades, com excelência e com cuidado.

Era uma grande satisfação para a doutora Johanna ver que a sua contribuição através da ciência era importante para a adoção de práticas sustentáveis, e foi essencial na produção de alimentos, uma preocupação com a fome no mundo, num momento em que todos falavam que a revolução verde no sentido da adoção do uso de insumos fertilizantes nitrogenados, sintéticos, era o suficiente para a garantia do sucesso da agricultura.

Não apenas como mulher, como moradora de Seropédica, e quem está em Seropédica sabe do que estamos falando, do desafio de estar num local distante, num local pouco atrativo para fixação de pessoas, e a partir daqui ela valorizou não só esse território, com o compromisso com a ciência voltada para uma agricultura sustentável.

Doutora Johanna deixa um legado para nós também no sentido de convencimento, no sentido de vencer juntos, no sentido de estar juntos e da importância de programas de desenvolvimento científico de maneira sistêmica.

Ela não se preocupava com a microbiologia no sentido estrito, mas também com a integração desse trabalho, a partir da microbiologia do solo, teria respaldo, por exemplo, com os programas de melhoramento genético, e o sucesso com a soja nós temos aí.

Então a pesquisa e a integração dela em todo o sistema de produção sempre foi uma preocupação importante, e a partir disso ela com a sua simpatia envolvia todos num trabalho de vencer juntos, que a gente chama de convencimento.

Ela tem na sua trajetória marcada na sua história, registrada no diário da sua mãe, que morreu vítima do holocausto, mostrando o quanto o totalitarismo e visões de mundo unilaterais não são saudáveis para o desenvolvimento da humanidade, tal como também não é para a ciência. E tem uma frase do diário da mãe e da doutora Johanna que é muito marcante para nós, especialmente nós mulheres na ciência e gestoras. Dona Margarete fala, se refere num diálogo para o marido, não devemos falar para nossa filha que seu destino estará alcançado quando encontrar um marido, devemos dizer à nossa filha que a sua vitória foi atingida quando se orgulhar do que realizou.

Não só Joana honrou a memória de Margarete, como todas nós que somos discípulas desse conhecimento, temos esse compromisso de seguir nos orgulhando daquilo que conquistamos e esperamos a partir deste legado continuar esse compromisso assumido.

Trabalho em equipe e confiança era uma outra característica de Joana, sempre rodeada pelos seus companheiros e companheiras de trabalho, de pesquisa, independente de cargo ou função. Nós, estudantes na época, tínhamos um certo receio de nos dirigir a ela para tirar dúvidas, porque a gente sabia que ao perguntar, a gente voltava com três perguntas para responder.

Mas essa é uma prática científica que é fundamental na formação dos estudantes, estimulá-los à curiosidade e a não ter medo de perguntar. Boas pesquisas fazem com boas perguntas, bons problemas de pesquisa.

E nesse sentido, o trabalho de confiança eu também quero aproveitar aqui e agradecer toda a equipe da agrobiologia que se dedicou no trabalho da organização desse evento, em especial a equipe da biblioteca, da secretaria, que a sua maneira conseguiu acolher a todos vocês.
Eu espero que vocês se sintam bem nessa casa, que tanto orgulha desse momento.

Muito obrigada, bom dia e bom evento a todos”.

A Cientista Johanna Döbereiner, em seus estudos potencializaram o crescimento de leguminosas a partir da descoberta de bactérias que funcionam como adubo. O processo de fixação biológica de nitrogênio revolucionou a agricultura ao ser introduzida no cultivo de soja no Brasil. Seu principal produto, o nitrogênio, é um nutriente essencial para o crescimento e desenvolvimento vegetal.

Todas as plantações de soja no país adotam a alternativa sustentável derivada da pesquisa de Döbereiner. O que equivale a uma economia estimada em R$ 3 bilhões por ano pela substituição da adubação química. Além de reduzir o impacto da atividade agrícola sobre o meio ambiente.

O evento contou com a participação do Reitor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), o Professor Roberto Rodrigues, e o Vice-Reitor, César Augusto Da Ros entre outras autoridades.

Logo após foi inaugurado o Busto de Johanna Döbereiner, doado por duas empresas, a Indiana EPL e Gás Verde, a confecção do busto foi uma iniciativa do Secretário de Industria, Comercio, Ciência, Tecnologia e Inovação, Carlos Alberto Machado de Freitas, da Prefeitura de Seropédica; “Este Busto é uma homenagem, a esta grande personalidade que foi reconhecida no mundo nos seus trabalhos no combate a fome”.

Luiz Calderini

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