Embrapa muda gestão corporativa
3 de fevereiro de 2018

Nesta última quinta-feira, 1º de fevereiro, a Embrapa reduz de 15 para seis as áreas administrativas da sede da Empresa, em Brasília, com corte de funções gratificadas e alteração de toda a estrutura e processos.

O ajuste, mantendo o mesmo grupo de empregados, faz parte da maior mudança administrativa da história da Empresa, que, no final de 2017, já havia reduzido a quantidade — de 46 para 42 — de Unidades de pesquisa e inovação, com a extinção de cinco Unidades de serviço. Também em 2017, a Embrapa adotou um novo Estatuto, alinhado à Lei das Estatais e produzido com a orientação da Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (SEST) e do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão.

A ampla revisão da governança da Embrapa ocorre em resposta à “necessidade de ajustar a Empresa às mudanças tecnológicas e sociais e aumentar a eficiência”, diz o presidente Maurício Antonio Lopes. Ele cita redução dos recursos públicos e transformações em grande velocidade na agricultura e no ambiente tecnológico como pano de fundo para o esforço da Embrapa em ajustar sua estrutura e gestão e se antecipar às mudanças que tendem a ser constantes.

Melhor acesso à Embrapa

Cleber Soares, diretor-executivo de Inovação e Tecnologia da Embrapa, diz que os agricultores e lideranças do agronegócio vão notar a diferença em curto prazo por meio da maior facilidade no acesso à tecnologia ou aos ativos tecnológicos, tanto diretamente com a Embrapa como também por meio de parceiros. Ele explica que há um enorme esforço para garantir a otimização dos processos e o foco da Empresa em inovação e proximidade com o mercado, inclusive pela ampliação das parcerias públicas e privadas. “Queremos alcançar mais facilmente as cadeias produtivas, e, consequentemente, o produtor rural, entregando ativos tecnológicos de forma mais dinâmica e eficiente”, explica.

Maurício Lopes explica que “estamos fazendo um grande esforço dar agilidade, mais atenção à atividade-fim e obter maior proximidade com o mercado de inovações tecnológicas e os produtores. Em resumo: garantir que a instituição continue atendendo a sua missão”. Outra novidade na administração é a implantação de um modelo inovador, baseado em gestão por processos, que garante integração e interação mais dinâmica entre as profissionais e áreas, particularmente entre Unidades administrativas e de pesquisa.

As transformações contam com o incentivo e acompanhamento do ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, e também do presidente do Conselho de Administração da Empresa, Eumar Novacki. Elas significaram, principalmente, junção de órgãos com alinhamento de atividades. As mudanças seguem com análise e revisão da atuação dos centros de pesquisa em todo o Brasil. A experiência da reestruturação das unidades administrativas da sede da Empresa vai também impactar a renovação nos processos das demais Unidades.

Agilidade e maior conexão com o agronegócio

O diretor-executivo de Pesquisa e Desenvolvimento, Celso Moretti, diz que um dos objetivos é diminuir redundâncias e sobreposições. Ele esclarece que “vamos dar agilidade à programação de pesquisa e conectá-la ainda mais ao mercado de tecnologias e às demandas do agronegócio. Isso facilitará o alinhamento das pesquisas às prioridades e linhas estratégicas estabelecidas pela Empresa e às necessidades da sociedade”, explica.

Maurício Lopes complementa afirmando que “foco, compromisso e impacto serão as bases de sustentação da Embrapa e sintetizam o processo de alinhamento de rumos”. Em sua avaliação, “as mudanças ajudarão a desburocratizar e simplificar processos na Embrapa, tornando-a mais próxima do mercado, do agricultor e do atendimento das necessidades do País”. Ele acrescenta que a Embrapa “ao longo das décadas foi se ajustando, mas agora precisamos de mudanças mais profundas, levando em conta a realidade que vivemos”. Cita, por exemplo, “a emergência de um mercado muito competitivo e exigente que opera em grande rapidez”.

Uma das novidades é que os projetos de pesquisa a partir de agora estarão organizados de acordo com metodologia desenvolvida e utilizada pela agência espacial norte-americana, a Nasa, conhecida como Technology Readiness Level (TRL). A TRL foi testada e aprovada em setores da indústria e instituições de pesquisa científica, inclusive na Embrapa Agroenergia, e agora será disseminada na Empresa. Por ela, é possível avaliar o nível de maturidade de uma tecnologia ao longo de seu desenvolvimento e obter uma comunicação mais eficiente com o mercado de inovação. Bruno Brasil, responsável pela Secretaria de Pesquisa e Desenvolvimento (SPD), explica que, com ela, “mediremos todos os ativos de inovação de uso direto, de cultivares a processos agroindustriais, passando por insumos agropecuários, equipamentos e softwares”.

Expectativa com a EmbrapaTec

Um dos objetivos mais importantes da gestão da Embrapa é facilitar o fluxo dos resultados de pesquisa para o mercado, inclusive aqueles que permitem obter recursos para financiamento de novas pesquisas. Reduzir a dependência de recursos do tesouro por meio de novos financiamentos da pesquisa, e, principalmente, a monetização de ativos tecnológicos gerados pela Empresa é uma das prioridades.

A direção da Embrapa quer a transformação de conhecimento e de ativos tecnológicos em inovação e negócios com mais rapidez e eficiência. O Código Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, por exemplo, cria excelentes oportunidades para a ampliação das parcerias público-privadas no ambiente de inovação tecnológica. Neste momento, a Embrapa acompanha a tramitação no Congresso Nacional do Projeto de Lei que propõe o estabelecimento da EmbrapaTec, subsidiária que vai permitir mais agilidade também na área comercial. Outra alternativa também em consideração é a criação de fundos patrimoniais, mecanismo utilizado com sucesso em muitos países, que poderá no futuro financiar melhorias da infraestrutura e ações estratégicas, sem colocar em risco o patrimônio da Empresa, que pertence à sociedade brasileira.

Perfil

A Embrapa mantém mais de 80 programas de melhoramento genético diferentes, incluindo grãos, pastagens, frutas, hortaliças, mandioca, espécies florestais, pecuária e aquicultura. Eles alcançam todas as regiões e biomas brasileiros e envolvem centenas de projetos na fronteira do conhecimento em áreas como biotecnologia, nanotecnologia, automação, agricultura de precisão, transformação digital.

São 9.579 empregados, sendo 2.438 pesquisadores que incluem agrônomos, físicos, veterinários, economistas, biólogos, químicos e cientistas da computação. Eles atuam em equipes e redes desenvolvendo, atualmente, 1.117 projetos de pesquisa.

A Embrapa participa de 122 acordos de cooperação voltados para o mercado de inovação e arrecada anualmente em torno de R$ 128 milhões por meio de parcerias, inclusive de fontes internacionais.

O insumo mais importante em uma empresa de pesquisa e inovação é conhecimento, e cerca de 80% do orçamento da Embrapa está direcionado para pagamento de salários para um quadro altamente qualificado. “O ideal seria a relação 70/30, um padrão mundial”, explica Maurício Lopes. A restrição orçamentária na área operacional não está permitindo melhorar a relação, mas a Empresa está continuamente buscando alternativas de financiamento do para buscar o equilíbrio. E dentre todos os esforços, “o mais importante é incorporar e reter talentos, pagando salários condizentes para um grupo de profissionais altamente qualificados, que permitem à Empresa seguir gerando impactos positivos para a sociedade brasileira”, explica.