Irmão de Celso Daniel acredita que Lava Jato pode esclarecer crime
1 de abril de 2016

No final da matéria vejam a foto de todos Políticos que estão na lista da Operação Lava Jato

Familiares defendem a tese de crime político, pela qual o prefeito teria sido morto para evitar denúncias sobre esquemas de corrupção em financiamento de campanhas do PT e aliados

O irmão do prefeito de Santo André Celso Daniel, morto em janeiro de 2002, Bruno Daniel, disse em entrevista ter esperança que a 27ª fase da Lava Jato, Carbono 14, deflagrada nesta sexta-feira (1)  possa lançar luz sobre as investigações do assassinato. Bruno e outros familiares de Celso Daniel defendem a tese de crime político, pela qual o prefeito teria sido morto para evitar denúncias sobre esquemas de corrupção em financiamento de campanhas do PT e de aliados.

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Carlos Pupo/Arquivo/Estadão Conteúdo Em 2000 – Lula conversa com o então prefeito de Santo André, Celso Daniel durante comício

“A operação Lava Jato, nesta etapa Carbono 14, pode lançar luz sobre o que aconteceu naquela época”, afirmou Bruno. “É necessário esclarecer por que razão a direção do PT teria remetido, através de esquemas ilícitos, cerca de R$ 6 milhões ao empresário Ronan Maria Pinto, dinheiro com qual ele teria adquirido o jornal do Grande ABC mediante chantagem ao Lula, ao José Dirceu e ao Gilberto Carvalho”, complementa.

Bruno Daniel acusa o PT de tentar dissuadir a família de seguir pressionando pela apuração do caso. “O partido fez tudo o que era possível e imaginável para reforçar a tese da polícia, segundo a qual o crime seria um crime comum. Isso foi feito por inúmeros estratagemas. Por que razão o Partido dos Trabalhadores com pouquíssimas exceções, se portou desse jeito?”, questionou. Ele citou apenas três pessoas do PT, Hélio Bicudo – hoje um dos autores do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff -, o ex-senador Eduardo Suplicy e o então vereador em Santo André Ricardo Alvarez de não serem coniventes com os indícios de crime político.

A Carbono 14 investiga supostos repasses do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a Ronan. Segundo as investigações, Bumlai tomou um empréstimo fraudulento de R$ 12 milhões em 2004 do Banco Schahin. Parte dos recursos foi destinada a pagar dívidas do PT. Metade do valor, segundo disse Bumlai à Polícia Federal, teria sido destinada a quitar dívidas da campanha petista em Campinas, em 2002 e 2004. A força-tarefa diz também que a operacionalização do esquema se deu inicialmente com o Frigorífico Bertin. De acordo com os investigadores, os outros R$ 6 milhões do montante foram destinados a Ronan Maria Pinto. Os procuradores agora querem saber o porquê. Em coletiva nesta manhã, a Lava Jato admitiu que investiga o elo com a morte de Celso Daniel, mas não deu maiores detalhes.

Bruno disse que cabe à polícia investigar, mas que ele acredita que Ronan teria informações sobre a morte de seu irmão e que obteve recursos ao chantagear dirigentes petistas para manter o silêncio. “Imagino, agora é só imaginação, pois quem deve elucidar isso é a investigação, mas imagino que ele (Ronan) tenha chantageado essas pessoas porque ele revelaria coisas relativas ao assassinato do Celso”, afirmou.

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Joedson Alves/Estadão Conteúdo – 01.04.16 – O empresário Ronan Maria Pinto e o ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira foram presos

Gilberto Carvalho

O irmão lembrou que foi encontrado um dossiê sobre corrupção na prefeitura de Santo André, no apartamento de Celso Daniel, três meses após a morte. Bruno alega que o documento foi produzido pelo ex-ministro Gilberto Carvalho. Bruno também acusa Carvalho de tentar dissuadir a ele e seu irmão, João Francisco Daniel, a não insistirem no caso.

“À época da missa de sétimo dia do Celso, meu irmão e eu fomos procurados pelo Gilberto Carvalho, que disse que havia um esquema para arrecadação de recursos para campanhas eleitorais do PT e aliados e que ele próprio (Carvalho) havia levado ao José Dirceu, então presidente do Partido dos Trabalhadores a quantia de R$ 1,2 milhão no seu ‘corsinha’ preto”, relatou. “Nos perguntamos por que razão ele teria dito isso. A hipótese que a gente trabalha é que isso nos desestimularia a prosseguir nas investigações porque isso poderia representar uma mancha na história do Celso.”

“Se houve problemas relacionados a esquemas espúrios de arrecadação de recursos, isso teria que ser apurado, mas nada justifica tortura e assassinato de quem quer que fosse”, declarou.

Outro petista citado por Bruno na entrevista foi o atual prefeito de Mauá, Donisete Braga. “O então deputado estadual, Donisete Braga, teve seu celular rastreado na região do cativeiro do meu irmão, isso nunca foi esclarecido. O que estaria ele fazendo na região do cativeiro?”

Crime político

Bruno Daniel lembrou que a polícia trabalhou o tempo todo com a tese, a seu ver “estapafúrdia”, de crime comum, e que o Ministério Público, a pedido da família, seguiu a tese de crime político. Bruno lembrou também o caso do legista Carlos Delmonte Printes, que à época veio a público dizer que o assassinato de Celso Daniel tinha indícios que apontavam para queima de arquivo. O legista deu uma entrevista ao programa de Jô Soares, na TV Globo, e pouco depois apareceu morto. A polícia, na ocasião, encerrou o caso como suicídio, destacou Bruno. “Não foi encontrado nada no corpo dele que indicasse suicídio. Ele inclusive era de origem judaica e a família não aceitou que ele fosse enterrado em área separada no cemitério, como é da tradição deles”, apontou.

Bruno destacou que seis pessoas já foram condenadas por envolvimento no caso da morte de seu irmão, mas que o suposto mandante Sergio Gomes da Silva, o ‘Sombra’, não foi ainda levado a júri popular. Bruno Daniel diz que também seria importante questionar de onde o ‘Sombra’ tirou recursos para pagar o advogado, Roberto Podval. “De onde saem os recursos de Sergio Gomes da Silva pra pagar o escritório de advocacia do doutor Podval, que cobra o olho da cara por seus serviços, de onde saem esses recursos?”, insistiu. Podval é também o defensor de José Dirceu, que foi preso na Lava Jato.

Políticos que estão na lista da Operação Lava Jato

Presidente da Câmara, Eduardo Cunha está entre os que serão investigados na Lava Jato. Foto: Gustavo Lima / Câmara dos Deputados
Antes de aparecer na lista de Janot, Renan Calheiros disse que não conhecia Youssef ou envolvidos na Lava Jato. Foto: Câmara dos Deputados/Gustavo Lima
O ex-presidente e senador pelo PTB de Alagoas, Fernando Collor, é acusado de ter recebido dinheiro de Yousseff. Foto: Reprodução
Senador pelo PMDB do Maranhão e ex-ministro das Minas e Energia de Dilma, Edison Lobão é investigado em inquérito que envolve a ex-governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB). Foto: CÉLIO AZEVEDO/AGÊNCIA SENADO - 15.5.2007
Senadora pelo PT do Paraná ex-ministra da Casa Civil de Dilma, Gleisi Hoffman foi citada em delação premiada da Lava Jato. Foto: Facebook
Alvo de inqúerito, Antônio Anastasia é senador pelo PSDB de Minas Gerais, ex-governador do Estado e foi coordenador de campanha de Aécio à Presidência. Foto: daniel de cerqueira - 7.11.2014
Senador pelo PP do Piauí, Ciro Nogueira teve dois inquéritos arquivados, mas é alvo de um terceiro, que envolve outras 36 pessoas. Foto: Agência Brasil
Lindberg Farias, senador pelo PT do RJ, é suspeito de ter pedido dinheiro a Paulo Roberto Costa. Foto: Futura Press
Ex-governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB) é citada também no inquérito contra o senador Edison Lobão (PMDB-MA). Foto: BETO BARATA/AGência ESTADO - 4.1.2011
Deputado pelo PP da Paraíba, Aguinaldo Ribeiro fio ministro das Cidades durante o governo Dilma. Foto: Divulgação
Vilson Covatti foi deputado federal pelo PP do Rio Grande do Sul até janeiro de 2015. Foto: Facebook/Reprodução
Deputado federal pelo PT de São Paulo e ex-líder do governo Lula, Cândido Vaccarezza teria recebido R$ 400 mil em propina. Foto: Agência Brasil
Alvo de inquérito, Humberto Costa é senador pelo PT de Pernambuco e foi ministro da Saúde durante o governo Lula. Foto: Divulgação
Senador pelo PMDB de Roraima, Romero Jucá foi líder dos governos FHC e Lula. Foto: Agência Senado
Senador pelo PMDB de Rondônia, Valdir Raupp foi governador de Rondônia e líder do partido. Foto: Divulgação
Ex-ministro da Casa Civil de Dilma Rousseff, Antônio Palocci terá suas condutas investigadas pela Polícia Federal no Paraná, para onde o STF mandou o inquérito. Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil - 2.1.11
Tesoureiro do PT, João Vaccari Neto é alvo do processo que envolve 37 pessoas. Foto: Agência Brasil
Deputado federal pelo PP de Mato Grosso, Pedro Henry foi condenado no processo do mensalão. Foto: Agência Brasil
Deputado federal pelo PMDB do Ceará, Aníbal Gomes é investigado no inquérito que envolve 37 pessoas. Foto: Divulgação/Governo Municipal de Acaraú
Deputado federal pelo PP do Rio de Janeiro, Simão Sessim ocupa o cargo desde a década de 1970. Foto: Agência Câmara
Ex-deputado federal pelo PP de Pernambuco, teve seu mandato cassado na esteira do escândalo do mensalão. Foto: Agência Brasil
Deputado federal pelo Solidariedade da Bahia, Luiz Argôlo chegou a ter sua cassação aprovada pelo Conselho de Ética da Câmara. Foto: Agência Câmara
Deputado federal pelo PP do Paraná, Nelson Meurer é presidente do partido no Estado. Foto: Agência Câmara
Deputado pelo PP do Acre, Gladson Cameli é investigado no inquérito que envolve 37 pessoas. Foto: Agência Câmara
Deputado federal pelo PP de Goiás, Roberto Balestra é investigado no maior inquérito, que envolve 37 pessoas. Foto: Divulgação
Deputado federal pelo PP de Goiás, Sandes Júnior, é alvo do maior inquérito da Operação, com 37 investigados. Foto: Divulgação
Deputado federal pelo PT do Mato Grosso, Vander Loubet é investigado em inquérito que inclui o deputado Cândido Vaccarezaa (PT-SP). Foto: Divulgação
Senador pelo PP do Piauí, Ciro Nogueira teve dois inquéritos arquivados, mas é alvo de um terceiro, que envolve outras 36 pessoas. Foto: Divulgação
Deputada federal pelo PP de São Paulo, Aline Corrêa consta da lista de 37 investigados de um dos inquéritos da Lava Jato. Foto: Agência Câmara
Senador pelo PP de Alagoas, Benedito de Lira iniciou sua carreira política no extinto Arena, que apoiava a ditadura militar. Foto: Divulgação
Deputado federal pelo PT de São Paulo, José Mentor foi líder estudantil contrário à ditadura militar. Foto: Divulgação
Deputado federal pelo PP do Rio Grande do Sul, José Otávio Germano é alvo de dois pedidos de instauração de inquérito. Foto: Divulgação
Deputado federal pelo PP do Ceará, José Linhares Ponte foi padre e usa a experiência de sacerdócio nas campanhas eleitorais. Foto: Reprodução
Deputado federal pelo PP de Pernambuco até janeiro de 2015, Roberto Teixeira é investigado no inquérito que envolve 37 pessoas. Foto: Divulgação
Deputado federal pelo PP de Santa Catarina até janeiro de 2015, João Alberto Pizzolatti Junior é alvo do inquérito que envolve outras 36 pessoas. Foto: Facebook/Reprodução
Deputado federal pelo PP da Bahia até janeiro de 2015, Mário Negromonte foi ministro das Cidades durante o governo Dilma. Foto: Wikimedia
Deputado pelo PP do Maranhão, Waldir Maranhão é investigado no inquérito que envolve outras 36 pessoas. Foto: Facebook/Reprodução
Vice-governador da Bahia, comandada por Rui Costa (PT), João Leão foi deputado federal pelo PP do Estado. Foto: Reprodução
Deputado federal pelo PP de Rondônia até janeiro de 2015, Carlos Magno Ramos foi secretário da Casa Civil do ex-governador e hoje senador Ivo Cassol (PP). Foto: Divulgação
Deputado federal pelo PP da Bahia, Roberto Britto é investigado no inquérito que envolve outras 37 pessoas. Foto: Facebook/Reprodução
Deputado federal pelo PP do Rio Grande do Sul, Renato Molling é investigado no inquérito que envolve 37 pessoas. Foto: Facebook/Reprodução
Deputado federal pelo PP do Rio Grande do Sul, Luis Carlos Heinze é investigado no inquérito que envolve 37 pessoas. Foto: Facebook/Reprodução
Deputado federal pelo PP do Tocantins, Lázaro Botelho é investigado no inquerito que envolve 37 pessoas. Foto: Facebook/Reprodução
Deputado federal pelo PP de São Paulo, José Olímpio se apresenta como missionário da Igreja Mundial do Poder de Deus. Foto: Facebook/Reprodução
Deputado federal pelo PP do Rio Grande do Sul, Afonso Hamm é investigado no inquérito que envolve outras 37 pessoas. Foto: Facebook/Reprodução
Deputado federal pelo PP, Jerônimo Goergen foi vice-líder da bancada do PP na Câmara dos Deputados. Foto: Facebook/Reprodução
Deputado federal pelo PP do Paraná, Dilceu Sperafico é investigado no inquérito que envolve outras 37 pessoas. Foto: Twitter/Reprodução
Deputado federal pelo PP de Alagoas, Arthur Lira é filho de Benedito de Lira, também investigado na Lava Jato. Foto: Twitter/Reprodução
Deputado pelo PP de Minas Gerais, Luiz Fernando Faria é investigado no inquérito que envolve 37 pessoas. Foto: Reprodução
Deputado federal pelo PP de Pernambuco, Eduardo da Fonte foi segundo vice-presidente da Câmara e líder do PP na Casa. Foto: Divulgação
 
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