Epidemias e desigualdade social: obra revela doenças que escandalizaram a história
18 de março de 2020

Infectologista Guido Carlos Levi explica como a varíola, cólera, tifo e peste negra foram capazes de modificar a sociedade

Com o avanço do COVID-19, mais conhecido como Coronavírus, instituições governamentais e a população têm tomado medidas de prevenção contra a proliferação da doença. No entanto, o atual cenário global não é algo tão novo. Ao longo dos séculos, diversas outras doenças já foram responsáveis por dizimar inúmeras civilizações, como é abordado na obra Doenças que Mudaram a História, de Guido Carlos Levi.

O especialista Guido Carlos Levi é médico infectologista e, por anos, coordenou a Seção de Diagnóstico e Terapêutica do Serviço de Moléstias Infecciosas do HSPE – São Paulo e foi Diretor Técnico do Instituto de Infectologia Emilio Ribas. Além disso, Levi trabalhou como professor de medicina em diversas universidades brasileiras, motivo pelo o qual foi convidado para ser co-autor, editor e colaborador de vários artigos científicos.

Ainda jovem, o médico fez residência no Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo e possui, também, doutorado pela Unicamp. Atualmente, o especialista é membro do Comitê Técnico Assessor em Imunizações do Ministério da Saúde (PNI) e do Comitê Permanente Assessor em Imunizações da Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo.

“Já formado, em 1996, optou pela residência em Infectologia, especialidade que tinha também uma conotação política ao procurar combater a desigualdade manifestada através das muitas doenças parasitárias que afligiam, particularmente os mais pobres”, disse o biólogo José Eduardo Levi, filho de Guido Carlos Levi.

Publicado em 2018 pela Editora Contexto, o livro do médico infectologista Guido Carlos Levi, intitulado como Doenças que Mudaram a História, aborda o avanço da medicina ao longos dos séculos e explica as pandemias e epidemias que foram responsáveis por essas transformações.  Em aproximadamente 96 páginas, a obra conta em detalhes as medidas tomadas para combater as principais doenças contagiosas da História. 

Segundo o autor, a ideia de produzir este livro surgiu a partir de conversas informais entre oito amigos médicos, que são fascinados pela profissão e pela sua origem. Durante meses, os especialistas se encontravam semanalmente para debater os impactos sociais, econômicos e políticos de inúmeras doenças, como a varíola, cólera, tifo e peste negra. 

“Misturando pitadas de futebol, História, Medicina e personagens com feições reais criados a partir da observação e convivência com seus colegas de profissão, este é um livro escrito com paixão e bom humor, mas fruto de uma pesquisa séria sobre momentos em que seres microscópicos e desconhecidos foram os protagonistas da História”, disse José Eduardo Levi.

Devido a sua experiência e conhecimento na área da saúde, Levi foi capaz de escrever de forma simples e didática sua obra. A narrativa retrata momentos decisivos e emblemático da História, reconstituindo episódios que marcaram diferentes épocas. 

Levi exemplifica isto no capítulo A Peste dos Mares, onde conta como o tifo e o escorbuto impactaram diretamente na Guerra Anglo-Espanhola, ocorrida em 1588. Durante o conflito, a esquadra composta pelo rei Filipe II, da Espanha chegou à costa escocesa com o propósito de invadir a Inglaterra. No entanto, cerca de 3 mil tripulantes apresentavam os sintomas dessas doenças fatais. Tal motivo contribuiu para os ingleses vencerem o conflito. 

Segundo o autor, doenças contagiosas no começo são difíceis de serem controladas, o que pode gerar pânico coletivo. De acordo com o autor, ainda, diversas doenças foram responsáveis pelos os desfechos de importantes momentos históricos, como o abordado anteriormente. 

“O estudo de epidemias e de sua influência no destino de povos e nações é um assunto fascinante. O mesmo pode se dizer do conhecimento sobre doenças que não tiveram características epidêmicas, mas que acometeram personagens de grande importância e influência ampla, histórica ou artisticamente, como no caso do artista mineiro Aleijadinho”, escreveu Levi na introdução da obra.


Fonte: Aventuras na História