Compostagem: o que é, para que serve e como fazer
21 de abril de 2018

A compostagem orgânica do lixo pode ser feita em casa, reduz lixo, emissão de gases do efeito estufa, entre outros benefícios

O que é a compostagem?

Compostagem é o processo biológico de valorização da matéria orgânica, seja ela de origem urbana, doméstica, industrial, agrícola ou florestal, e pode ser considerada como um tipo de reciclagem do lixo orgânico. Trata-se de um processo natural em que os micro-organismos, como fungos e bactérias, são responsáveis pela degradação de matéria orgânica, transformando-a em húmus, um material muito rico em nutrientes e fértil.

compostagem ajuda na redução das sobras de alimentos, tornando-se uma solução fácil para reciclar os resíduos gerados em nossa residência. Confira o vídeo acima, do Canal do Portal eCycle do YouTube, para entender, de forma bem resumida, a compostagem. Se curtir, inscreva-se no canal! Abaixo mais detalhes de como ocorre a compostagem e como realizá-la.

Como é feita a compostagem?

compostagem do lixo acontece em fases, sendo elas muito distintas umas das outras.

Fases da compostagem

1ª) Fase mesofílica:

Nessa fase, fungos e bactérias mesófilas (ativas a temperaturas próximas da temperatura ambiente), que começam a se proliferar assim que a matéria orgânica é aglomerada na composteira, são de extrema importância para decomposição do lixo orgânico. Eles vão metabolizar principalmente os nutrientes mais facilmente encontrados, ou seja, as moléculas mais simples. As temperaturas são moderadas nesta fase (cerca de 40°C) e ele tem duração de aproximadamente de 15 dias.

2ª) Fase termofílica:

É a fase mais longa da compostagem,e pode se estender por até dois meses, dependendo das características do material que está sendo compostado. Nessa fase, entram em cena os fungos e bactérias denominados de termofilicos ou termófilos, que são capazes de sobreviver a temperaturas entre 65°C e 70°C, à influência da maior disponibilidade de oxigênio – promovida pelo revolvimento da pilha inicial. A degradação das moléculas mais complexas e a alta temperatura ajudam na eliminação de agentes patógenos.

3ª) Fase da maturação:

A última fase do processo de compostagem, e que pode durar até dois meses. Nessa fase há a diminuição da atividade microbiana, juntamente com as quedas de gradativas de temperatura (até se aproximar da temperatura ambiente) e acidez, antes observada no composto. É um período de estabilização que produz um composto maturado. A maturidade do composto ocorre quando a decomposição microbiológica se completa e a matéria orgânica é transformada em húmus, livre de toxicidademetais pesados e patógenos.

O produto gerado a partir desse processo de degradação recebe o nome de húmus, que é um material estável, rico em nutrientes e minerais, que pode ser utilizado em hortas, jardins e para fins agrícolas, como adubo orgânico, devolvendo à terra os nutrientes de que necessita, e evitando o uso de fertilizantes sintéticos.

Breve história da compostagem

compostagem orgânica não é uma prática nova, mas está ganhando popularidade ao passo que há uma tendência maior de preocupação com a sustentabilidade. Há muito tempo agricultores já utilizavam o método de reciclagem do lixo doméstico para obtenção de adubo orgânico.

No oriente médio, principalmente na China a compostagem vem sendo aplicada há alguns séculos. Já no ocidente, ficou conhecida em 1920, a partir dos primeiros experimentos de Sir Albert Howard. O Inglês Howard era considerado um dos propulsores da compostagem doméstica na província Indiana de Indore, onde tentou efetuar a compostagem com resíduos de uma só natureza e concluiu que era necessário misturar diversos tipos.

Também na Europa, a técnica era usada durante os séculos XVIII e XIX pelos agricultores que transportavam os seus produtos para as cidades em crescimento e, em troca, regressavam às suas terras com os resíduos sólidos urbanos das cidades para utilizá-los como corretivos orgânicos do solo. Assim, os resíduos eram quase completamente reciclados por meio da agricultura.

Ao passar do tempo, a expansão das áreas urbanas, o aumento populacional e do consumo alteraram os métodos de depósito, gestão dos resíduos sólidos e, principalmente, a qualidade dos mesmos, que acabaram tornando-se cada vez mais inadequados para o processo de compostagem de lixo. Logo, a técnica perdeu popularidade. Entretanto, nos dias de hoje, com a pressão para a utilização de métodos direcionados para a preservação do meio ambiente, há um novo interesse em compostagem de restos de comida em casa como uma solução para a redução do volume de lixo que é encaminhado para aterros e lixões todos os dias.

Esse hábito ainda pode fornecer uma opção saudável de adubo orgânico para plantas e hortas. Com isso, cada vez mais pessoas querem colocar a mão na massa e fazer a sua própria compostagem, mas muitas não sabem por onde começar. Para ajudar acesse nossa matéria “Guia da compostagem: recicle todo resíduo orgânico da sua casa de maneira sustentável“.

 O que é uma composteira?
compostagem

composteira nada mais é do que o lugar (ou a estrutura) próprio para o depósito e processamento do material orgânico. É nesse local que irá ocorrer a compostagem, a transformação desse lixo orgânico em húmus.

composteira pode assumir diversos formatos e tamanhos – isso depende do volume de matéria orgânica que é produzida e também do espaço livre disponível para sua alocação, mas todas têm a mesma finalidade.

compostagem

As composteiras podem ser instaladas em casas e apartamentos e podemos encontrar tipos que contemplam, além da questão do tamanho, também a questão de preço e custo, sendo que, de qualquer forma, a compostagem caseira é uma ótima iniciativa (para saber qual tipo de composteira melhor se adequa às suas necessidades dê uma olhada na matéria: “Como escolher o melhor tipo de composteira doméstica?“).

Minhocas na compostagem

Uma forma de acelerar a compostagem orgânica é por meio do uso de minhocascalifornianas (espécie Eisenia foetida mais indicada para o processo). Isso porque as minhocas digerem a matéria orgânica facilitando o trabalho do micro-organismos. Esse tipo de compostagem recebe o nome de vermicompostagem. Para saber mais sobre esse tema dê uma olhada na matéria: “Vermicompostagem: conheça as vantagens dessa técnica que reduz o lixo orgânico“. Para conhecer mais de perto as minhocas dê uma olhada na matéria: “Minhoca: importância ambiental na natureza e em casa

Composteira automática

compostagem também pode ser feita por meio da composteira automática, que envolve maior praticidade, pois a decomposição é mais rápida e, ao invés de minhocas, utiliza poderosos micro-organismos patenteados (dentre eles, o Acidulo TM), capazes de se multiplicarem em altas temperaturas, alta salinidade e acidez, saiba mais sobre esse tema lendo a matéria “Composteiras automáticas trazem agilidade e eficiência no reaproveitamento de resíduos domésticos“. Com isso, é possível inserir alimentos ácidos, carne, ossos, espinhas de peixe, frutos do mar, ao contrário da vermicompostagem. Nessa última, também não se recomenda a deposição em excesso de gorduras e laticínios, pois retardam a decomposição. Também existem resíduos que não vão para nenhum dos tipos de composteira, porém devemos destinar corretamente. Para isso, confira mais na matéria “Você sabe o que deve e o que não deve ir para a composteira doméstica?” para saber como manter sua composteira em bom funcionamento.

Ao identificar o melhor tipo de processo (compostagem ou vermicompostagem) e de composteira para sua casa, família e orçamento, muitas pessoas ainda têm uma dúvida: se a composteira caseira é higiênica. Essa dúvida é recorrente devido existência de chorume e pela necessidade de lidar com restos de alimentos que podem exalar mau odor e atrair animais. O fato de haver minhocas nas composteiras também assusta. Mas esse receio não tem muito fundamento como mostra a matéria “Entrevista: composteira caseira é higiênica” com Cesar Danna, do site de soluções para resíduos orgânicos Minhocasa.

 
Fatores que influenciam na geração e na qualidade do composto

São muitos os fatores que podem influenciar na quantidade e qualidade dos compostos gerados durante a compostagem, os principais são os seguintes:

Organismos:

A transformação da matéria orgânica bruta para húmus é um processo, basicamente, microbiológico, operado principalmente por fungos e bactérias, que, durante as fases da compostagem, alternam espécies de micro-organismos envolvidos. Também há a colaboração da macro e mesofauna, como minhocas, formigas, besouros e ácaros, durante o processo de decomposição;

Temperatura:

Um dos fatores de grande importância no processo de compostagem. Esse processo de decomposição da matéria orgânica por micro-organismos se relaciona diretamente à temperatura, por meio de micro-organismos que produzem o calor, pela metabolização da matéria orgânica, estando a temperatura relacionada a vários fatores, como materiais ricos em proteínas, baixa relação carbono/nitrogênio, umidade e outros.

Materiais moídos e peneirados, com granulometria mais fina e maior homogeneidade, originam uma melhor distribuição de temperatura e menor perda de calor. Veja mais detalhes na matéria “Condições básicas para manutenção da composteira: temperatura e umidade“.

Umidade:

A presença de água é fundamental para o bom desenvolvimento do processo, pois a umidade garante a atividade microbiológica, isso se deve porque, entre outros fatores, a estrutura dos micro-organismos consiste de aproximadamente 90% de água e, na produção de novas células, a água precisa ser obtida do meio, ou seja, neste caso, da massa de compostagem.

Porém, a escassez ou o excesso do líquido pode desacelerar a compostagem – se houver excesso, é necessário acrescentar matéria seca, como serragem, ou folhas secas.

A faixa de umidade ótima recomendada para se obter um máximo de decomposição está próxima de 50%, devendo haver uma maior atenção ao teor de umidade durante a fase inicial, pois esta precisa de uma adequação do suprimento de água para promoção do crescimento dos organismos biológicos envolvidos no processo e para que as reações bioquímicas ocorram no tempo certo, durante o processo de compostagem. Saiba mais detalhes na matéria “Umidade dentro da composteira: fator muito importante“.

Aeração:

No processo de compostagem, é possível dizer que a aeração é o fator mais importante a ser considerado, isso porque o arejamento evita a formação de maus odores e a presença de insetos, como as moscas de frutas, por exemplo, o que é importante tanto para o processo como para o meio ambiente.

Também deve-se levar em contra que, quanto mais úmida está a massa orgânica, mais deficiente será sua oxigenação. É recomendado que o primeiro revolvimento seja feito em duas ou três semanas após o início do processo, pois esse é o período em que se exige a maior aeração possível. Em seguida, o segundo revolvimento deve ser feito aproximadamente três semanas após o primeiro, e dez semanas após o inicio de processo de compostagem deve ser feito o terceiro revolvimento para uma incorporação final de oxigênio.

Uma massa orgânica com uma dose apropriada de nitrogênio e carbono ajuda no crescimento e a atividade das colônias de micro-organismos envolvidos no processo de decomposição, possibilitando a produção do composto em menos tempo. Sabendo que os micro-organismos absorvem o carbono e o nitrogênio numa proporção de 30 partes de carbono para uma parte de nitrogênio, ou seja, uma razão de 30/1, essa é a proporção ideal para o material orgânico depositado na composteira, mas também são recomendados valores entre 26/1 e 35/1, como sendo as relações C/N mais propícias para uma rápida e eficiente compostagem.

Resíduos com relação C/N baixa (C/N<26/1) são pobres em carbono e perdem nitrogênio na forma amoniacal durante o processo de compostagem. Nesse caso, recomenda-se juntar restos vegetais celulósicos, como serragem de madeira, sabugo e palha de milho e talos e cachos de banana, ricos em carbono, para elevar a relação a um valor próximo do ideal. No caso contrário, ou seja, quando a matéria-prima possui relação C/N alta (C/N>35/1), o processo de compostagem torna-se mais demorado e o produto final apresentará baixos teores de matéria orgânica. Para corrigir esse erro, deve-se acrescentar materiais ricos em nitrogênio, como folhas de árvores, gramíneas e e legumes frescos.

Além do que até aqui mencionado, outros cuidados recomendados estão relacionados ao local onde a composteira estará alocada: o preparo prévio do material orgânico, a quantidade de material a ser compostado e as dimensões das leiras (quando a compostagem é feita em leiras, pilhas de resíduos em linha). Você também deve tomar cuidado com quais materiais orgânicos colocar na sua composteira, como por exemplo, no caso da vermicompostagem, onde há restrições a alguns tipos de alimentos já mencionados e também devendo-se evitar a deposição em excesso de frutas cítricas, cebola ou alho, pois alteram o pH do composto, como já mencionado anteriormente.

Para que serve a compostagem e sua importância para o ambiente e saúde da população

Segundo dados do IPEA, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, o material orgânico corresponde a cerca de 52% do volume total de resíduos produzidos no Brasil e tudo isso vai parar em aterros sanitários, onde são depositados com os demais e não recebem nenhum tipo de tratamento específico.

compostagem traz muitas vantagens para o meio ambiente e para a saúde pública, seja aplicada no ambiente urbano (domésticos ou industriais) ou rural. A maior vantagem que pode ser citada é que, no processo de decomposição da compostagem, ocorre somente a formação de dióxido de carbono ou gás carbônico (CO2), água (H2O) e biomassa (húmus). Por se tratar de um processo de fermentação que ocorre na presença de oxigênio (aeróbico), permite que não ocorra a formação de gás metano (CH4), gerado nos aterros por ocasião da decomposição destes resíduos, que é altamente nocivo ao meio ambiente e muito mais agressivo, pois é um gás de efeito estufa cerca de 25 vezes mais potente que o gás carbônico – e mesmo que alguns aterros utilizem o metano como energia, essas emissões contribuem para o desequilíbrio do efeito estufa, influência humana potencialmente determinante das mudanças climáticas.

Adicionalmente, ao diminuirmos a quantidade de lixo destinado aos aterros, haverá, por consequência, uma economia nos custos de transporte e de uso do próprio aterro, ocasionando o aumento de sua vida útil (veja sobre uso da compostagemem grandes cidades). Outra vantagem é a redução do lixo produzido.

Além de tudo que percorremos até aqui, a compostagem promove a valorização de um insumo natural e ambientalmente seguro, adubo orgânico, atuante sobre a reciclagem dos nutrientes do solo e no reaproveitamento agrícola da matéria orgânica, assim evitando o uso de fertilizantes inorgânicos, formados por compostos químicos não naturais, cujos mais comuns levam em sua composição substâncias como nitrogênio, fosfatos, potássio, magnésio ou enxofre (veja mais informações na matéria “O uso de fertilizantes é um problema sem solução na agricultura?“), cujos efeitos, sobretudo os fertilizantes nitrogenados, se apresentam igualmente nocivos ao desequilíbrio do efeito estufa. Também é possível mencionar os riscos que esses fertilizantes podem trazer devido à presença de metais pesados em sua composição.

O chorume produzido no processo da vermicompostagem pode ser utilizado como adubo líquido (na proporção de dez partes de água para uma de chorume) e como pesticida (na proporção de meia parte de chorume e meia de água borrifada nas plantas).

Se suas dúvidas sobre compostagem foram solucionadas com essa matéria e você está querendo praticar a sua em casa, você pode comprar uma composteira doméstica em nossa loja. Encontre o melhor tipo para sua casa e sua família. Você também pode conferir como fazer uma composteira em casa na matéria: “Aprenda como fazer uma composteira doméstica com minhocas“.

Curta o vídeo (em inglês) sobre como se dá o processo de compostagem.


Fonte: www.ecycle.com.br