China está testando super soldados “biologicamente aprimorados” em suas próprias tropas, diz Diretor de Inteligência Nacional dos EUA
5 de dezembro de 2020

O Diretor de Inteligência Nacional dos Estados Unidos, John Ratcliffe, disse na quinta-feira (3) que a Inteligência dos Estados Unidos descobriu que a China realizou testes em humanos na esperança de desenvolver soldados com “capacidades biologicamente aprimoradas”.

“A Inteligência dos Estados Unidos mostra que a China até mesmo conduziu testes humanos em membros do Exército de Libertação do Povo na esperança de desenvolver soldados com capacidades biologicamente aprimoradas”, escreveu Ratcliffe em um artigo para o The Wall Street Journal. “Não há limites éticos para a busca do poder por Pequim.”

Intitulado “China é a ameaça número 1 à segurança nacional”, o artigo de Ratcliffe advertiu que a China está “desenvolvendo capacidades de classe mundial em tecnologias emergentes”, com soldados modificados sendo um desses desenvolvimentos.

O conceito de soldados geneticamente aprimorados, ou super soldados, tem sido apresentado em todas as franquias de videogames e filmes. Personagens como Capitão América da Marvel são super soldados geneticamente modificados, aprimorados com força e velocidade sobre-humanas.

No ano passado, os pesquisadores americanos, Elsa Kania e Wilson VornDick, publicaram um artigo para a Jamestown Foundation, examinando os estudos de biotecnologia dos militares chineses, incluindo o uso de uma ferramenta de edição de genes conhecida como CRISPR, que significa “grupos de repetições palindrômicas curtas regularmente espaçadas, ”para melhorar geneticamente os soldados”.

Kania, que é especialista em tecnologia de defesa chinesa no Centro para uma Nova Seguran,a Americana (Center for a New American Security), e VornDick, que é um ex-oficial da Marinha, escreveram: “Embora o potencial de aproveitamento do CRISPR para aumentar as capacidades humanas no futuro campo de batalha continue sendo apenas hipotética possibilidade no momento, há indícios de que pesquisadores militares chineses estão começando a explorar seu potencial. É claro que a engenharia genética tem inúmeras aplicações militares na ciência dos materiais, como aquelas que podem envolver aplicações marítimas e aeroespaciais.

Kania e VornDick escreveram: “A Comissão de Ciência e Tecnologia da Comissão Militar Central (CMC) também está apoiando a pesquisa na melhoria do desempenho humano e em biotecnologia de ‘novo conceito’, as possíveis interseções desses interesses merecem preocupação e consideração. Por exemplo, uma dissertação de doutorado intitulada ‘Avaliação e pesquisa em tecnologia de aprimoramento de desempenho humano’, publicada em 2016, prevê o CRISPR como uma das três principais ‘tecnologias de aprimoramento de desempenho humano’ (人 效能 增强 技术, ren xiaoneng zengqiang jishu) que podem ser utilizadas para aumentar a eficácia do combate pessoal. O pesquisador argumenta que, como o CRISPR possui um ‘grande potencial’ como uma tecnologia ‘disruptiva’, a China deve ‘tomar a iniciativa’”.

Em novembro de 2018, o pesquisador de biofísica chinês, He Jiankui, afirmou que realizou a primeira instância de edição de genes em humanos quando removeu geneticamente o gene CCR5 de bebês gêmeos para torná-los imunes ao HIV. Em dezembro de 2019, a BBC relatou que ele foi condenado por violar uma proibição do governo chinês de experimentos genéticos em humanos e a três anos de prisão e uma multa de três milhões de yuans (cerca de 2,3 milhões de reais).

Em seu artigo, Kania e VornDick escreveram que “alguns cientistas especulam que ele pode ter removido o gene para aumentar o poder cognitivo dos bebês, o que se acredita ser um bônus adicional dessa modificação”. Os dois pesquisadores citaram um artigo da revista do Instituto de Tecnologia MIT sobre o experimento de edição de genes de He Jiankui e seu potencial para melhorar a função cerebral.

VornDick, em entrevista por telefone para a CNBC, disse que está menos preocupado com as vantagens no campo de batalha que a China pode ganhar com soldados geneticamente modificados e mais preocupado com as consequências imprevistas das modificações genéticas.

“Quando começamos a brincar com organismos genéticos, pode haver consequências imprevistas”, disse VornDick à CNBC.

As autoridades chinesas não responderam aos pedidos da CNBC para comentários sobre as alegações.

Ratcliffe também disse que “a China é a maior ameaça à segurança nacional que enfrentamos”.

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