Donos de mais 3,3 mil negócios que pegaram R$ 207 milhões depois da chuva de 2022 terão mais um ano de carência

Os 3.326 empresários que tomaram R$ 207 milhões em empréstimos junto à Agência de Fomento do Estado do Rio de Janeiro (AgeRio) depois das chuvas de 2022 terão mais prazo para começar a fazer os pagamentos das parcelas.

O governador Cláudio Castro (PL) sancionou uma lei que amplia em mais 12 meses a carência dos financiamentos. Agora, o prazo começa a contar a partir de abril de 2025.

Os empréstimos foram autorizados por uma lei aprovada pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) em 17 de fevereiro de 2022, dois dias após a maior tragédia natural da história de Petrópolis. Na época, os empresários que foram atingidos puderam tomar empréstimos de R$ 50 mil a R$ 500 mil, sem juros, para poder reerguer seus negócios. A medida foi necessária diante do impacto severo que a chuva provocou na economia da cidade: um levantamento da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) apontou um prejuízo estimado em R$ 665 milhões no município.

Inicialmente, foi estabelecido 12 meses de carência, mas no ano passado, esse prazo foi ampliado a partir de uma lei proposta pelo então deputado estadual (e hoje secretário de Estado de Meio Ambiente) Bernardo Rossi e passaria a contar desde o último dia 15 de março. No entanto, os deputados Chico Machado (Solidariedade) e Yuri Moura (Psol) apresentaram um novo projeto de lei propondo aumentar mais uma vez esse prazo de carência por 12 meses. Assim, os empresários podem começar a pagar os empréstimos a partir de 15 de abril de 2025. Vale lembrar que os empréstimos podem ser quitados em até 60 meses e também que é possível que os empresários que quiserem antecipem o início do pagamento, bastando comunicar formalmente à AgeRio.

Na justificativa do projeto, o deputado Chico Machado afirma que “os comerciantes ainda sofrem com os prejuízos e os efeitos devastadores causados pelas chuvas de 2022, que deixaram 241 mortos e que, infelizmente, até a presente data, ainda não conseguiram a retomada total de suas atividades econômicas, inclusive após as fortes chuvas que ocorreram também este ano”.

Depois da aprovação no início do mês, o projeto foi sancionado por Cláudio Castro na última quinta-feira (25). “Nós sabemos a dificuldade gerada pela pandemia, logo em seguida aconteceu aquela grande tragédia que prejudicou os comerciantes de Petrópolis. O Bernardo (Rossi) na época, já meu subsecretário, lutou muito para que nós concedêssemos os empréstimos da AgeRio e depois pela prorrogação, mas ainda hoje a gente sabe que os empresários enfrentam muitas dificuldades para pagar. Então publicamos no D.O. a prorrogação por mais um ano para que os empresários possam começar a fazer os pagamentos. Importante lembrar que não existe incidência de juros”, destacou o governador.

Medida elogiada

De acordo com o Governo do Estado, esses R$ 207 milhões auxiliaram 3,3 mil empresas que geram cerca de 15 empregos na cidade. São negócios como padarias, restaurantes, lanchonetes, lojas de vestuário, concessionárias, autopeças, óticas, empresas de produtos hospitalares, confecções, metalúrgicas, cervejarias, indústrias têxteis, escritórios de contabilidade, pousadas, que tiveram danos em instalações e perdas de materiais e produtos provocados pelas tempestades de dois anos atrás.

A prorrogação do prazo de carência era defendida pelo comércio de Petrópolis e foi elogiada pelo setor nessa sexta (26). “Uma decisão que atende a um pedido dos empresários e que deverá auxiliar neste momento de recuperação econômica”, afirmou o presidente do Sicomércio Petrópolis, Marcelo Fiorini.

Para a CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) de Petrópolis, a recuperação dos negócios afetados pela chuva pode levar mais de 36 meses. “A prorrogação do prazo de financiamento representa não apenas um suporte financeiro essencial para os empreendedores de Petrópolis, mas também evidencia a importância do diálogo colaborativo entre entidades representativas do comércio e o poder público. Com a iminente aprovação da lei de prorrogação, os microempresários podem encarar o futuro com mais confiança, sabendo que têm o apoio necessário para reconstruir e fortalecer o ambiente empresarial da região”, disse o presidente da entidade, Cláudio Mohammad.

Quem também elogiou a prorrogação do prazo de carência foi o secretário de Estado de Meio Ambiente, Bernardo Rossi. “Nosso principal objetivo desde o princípio foi manter os 15 mil empregos que estas empresas geram na cidade. Sabemos que a economia de Petrópolis se recupera lentamente e, por isso, foi necessário termos uma medida concreta para evitar demissões. São pessoas que em sua maioria são as responsáveis pelo sustento das suas famílias e que não poderiam perder seu trabalho”, declarou.

Luiz Calderini

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