A Grande Muralha da China: 13 curiosidades e fatos interessantes
30 de janeiro de 2021

A Muralha da China é um enorme muro fortificado que fica no norte da China. A muralha tem impressionantes 21.196,18 km de extensão, o que faz dela o monumento mais extenso já construído pelo ser humano. Sua construção começou no século III a.C. e se estendeu até o XVII, durante a dinastia Ming. Duas razões motivaram essa obra gigantesca: a defesa do território e a proteção da chamada Rota da Seda.

Eleita uma das 7 Maravilhas do Mundo Moderno e considerada Patrimônio Mundial pela UNESCO, hoje a muralha é o ponto turístico mais visitado da China, atraindo mais de 4 milhões de visitantes por ano.

1. É o monumento mais extenso do planeta

Muralha de China

O grande muro que se estende da província de Liaoning (a leste) à província de Gansu (a oeste) tem 21.196,18 km de extensão, segundo dados oficiais. Para se ter uma noção da extensão desse monumento, vamos fazer algumas comparações:

  • Equivale ao triplo da distância entre os centros geográficos do Brasil e dos EUA.
  • Equivale a 5 vezes a distância entre as costas leste e oeste dos EUA. Ou seja, percorrer a extensão total da muralha é o mesmo que cruzar 5 vezes os EUA de ponta a ponta.
  • Equivale a 5,2 vezes a distância entre o Oiapoque, no Amapá, ao Chuí, no Rio Grande do Sul – os extremos norte e sul do país.
  • Equivale a 176.634 campos de futebol de tamanho oficial (120 m) enfileirados.

2. A muralha, na verdade, não é uma estrutura contínua

Muralha da China mapa
No mapa, é possível ver o emaranhado de fortificações que constitui o que chamamos de Muralha da China.

O que chamamos de Muralha da China é, na realidade, um conjunto de muros ou fortificações, muitos dos quais são paralelos e não têm conexão entre si. Há trechos do muro que fazem longas curvas. Outros quase formam círculos. Será que o mais correto não é chamá-la de “muralhas”, no plural?

Esse é um dos fatores que explicam por que essa construção é tão extensa. Lembremos que o território chinês, de leste a oeste, tem cerca de 5,2 mil quilômetros. Se o muro fosse uma única estrutura em linha reta, ele cobriria pouco mais da metade da circunferência da Terra (que é de 40.000 km).

3. Até 2012, pensava-se que a muralha tinha “apenas” 8.851,8 km de extensão

8.851,8 km é o comprimento do trecho mais conhecido e mais recente da Muralha da China, construído durante a dinastia Ming (1368-1644). Esse é um dos poucos trechos da muralha que ainda se mantêm de pé e que pode ser visitado por turistas.

Muralha da China
Trecho da muralha construído durante a dinastia Ming.

Em 2012, foi feito um esforço nacional para medir com o maior grau de precisão possível a real extensão da Muralha da China, calculando-se todos os trechos construídos desde a Antiguidade, ao longo de sete dinastias. Entraram no cálculo até as seções do muro que, devido à ação do tempo, não existem mais. A força-tarefa empreendida por uma equipe de topógrafos chineses chegou ao número exato de 21.196,18 km.

4. Boa parte da Grande Muralha já desapareceu

Muralha da China ruínas
Construído na dinastia Han (202 a.C.-220 d.C.), esse trecho da muralha, localizado em Gansu, está em ruínas.

A chamada parte original do muro, construída há 2.300 anos, praticamente não existe mais. Na verdade, a maior parte de toda a linha de defesa construída antes da dinastia Ming (ou seja, antes do século XV) virou ruínas ou simplesmente desapareceu. Mesmo a Muralha da dinastia Ming, que é a seção mais recente, já se encontra bastante danificada. Dos seus mais de 8.800 km, apenas 372 encontram-se estáveis. Cerca de 30% de sua estrutura já ruiu.

As razões para isso? Em primeiro lugar, a ação do tempo. São séculos e séculos de ventos, tempestades, nevascas. Alguns trechos do muro, sobretudo os mais antigos, são feitos de materiais pouco resistentes, como terra, areia e juncos.

Além da ação da natureza, os seres humanos também contribuíram com a destruição de longos trechos do muro. Muitas pedras foram retiradas por moradores locais para uso próprio. Há turistas que roubam pedras para levar de lembrancinha.

5. Até que a Muralha da China não é tão alta assim

Muralha da China

Grande Muralha da China – História e curiosidades sobre a construção

A julgar pela sua extensão, é de se supor que a Muralha da China seja super alta. A resposta é: mais ou menos. A muralha tem, dependendo do trecho, entre 5 e 8 metros de altura, o que equivale a 3 ou 4 vezes a altura de uma pessoa.

O que nos faz ter a impressão de que a Muralha da China é alta é o fato de muitas seções dela ficarem no topo de montanhas.

6. A Muralha da China não é feita só de muros

Sim, quando pensamos em fortificações militares, estamos falando de um conjunto de construções, composto por torres de vigilância (dispostas a cada 500 m), torres de sinalização, portões, fortalezas… E, claro, muitos quilômetros de muros.

7. A muralha foi construída por camponeses, prisioneiros e soldados

Obras grandiosas requerem muitos braços – e muito, mas muito esforço. Ainda mais quando se trata de obras feitas há milhares de anos, quando não havia tratores, betoneiras, guindastes e britadeiras. Já pensou?

Durante a construção do “muro original”, há mais de 2 mil anos, a principal força de trabalho envolvida nas obras da muralha era composta por soldados. Mas havia também prisioneiros e camponeses, estes obrigados a trabalhar para o imperador.

Muitos trabalhadores morreram durante a construção da muralha. Alguns falam em centenas de milhares. Mas é impossível saber ao certo. Há boatos de que haveria corpos enterrados na muralha, porém isso nunca foi comprovado.

8. Pedras, tijolos, areia, madeira e até junco foram utilizados para erguer a muralha

Muralha da China
Neste trecho, é possível notar a utilização de materiais como pedras e tijolos.

Nos trechos restantes da grande muralha, é possível identificar a presença de diversos tipos de materiais. O tipo de material varia de acordo com a época e o local da construção.

A parte mais recente da muralha, que terminou de ser construída no século XVII, é feita basicamente de tijolos e argamassa de cal. Para otimizar os trabalhos, foram construídas fábricas de tijolo próximas à muralha.

Nas regiões montanhosas, onde há maior disponibilidade de pedras, verifica-se maior uso de pedras na construção do muro. Nessas seções, a camada exterior do muro é feita de pedras cortadas. Já a parte central é preenchida com pedregulhos e terra.

No trecho da muralha que passa pela cidade de Jiayuguan, no noroeste do país, há uso de um sedimento do solo chamado loess, que é abundante na região. Seções do muro que cruzam o deserto têm areia em sua composição. Como a areia é um material muito instável, ela foi utilizada para preencher camadas formadas de salgueiro e junco.

9. A Muralha da China é o único objeto feito pelo homem visível do espaço?

Muralha da China vista do espaço
Imagens de radar tiradas a bordo de um ônibus espacial em 1994. À direita, vê-se o detalhe da imagem esquerda ampliado, no qual se vê um trecho do muro a 700 km de Pequim. Crédito: NASA.

Em órbita baixa, é no mínimo questionável que a Muralha da China possa ser vista do espaço a olho nu. Quem diz isso é Kamlesh P. Lulla, cientista-chefe da NASA, a agência espacial norte-americana. Para que uma foto tirada em órbita baixa consiga captar a muralha é necessário que as condições meteorológicas sejam perfeitas. Ainda assim, é bem difícil.

Segundo ele, muitas coisas feitas pela humanidade podem ser avistadas de uma estação espacial. As luzes das cidades à noite é um bom exemplo disso.

Já a muralha, por se confundir com a cor dos materiais ao redor de si, é praticamente impossível de ser vista olho nu. Mas, garante Lulla, ela pode ser facilmente identificada com imagens de radar, que nos possibilita ver o nosso planeta em alta resolução e independentemente das condições meteorológicas.

10. Como surgiu o mito de que é possível ver a muralha da Lua?

Esse boato surgiu numa época em que a viagem espacial era um sonho distante.

No final do século XIX, o jornalista inglês Henry Norman escreveu que, se é possível ver as crateras da Lua daqui da Terra, muito provavelmente é possível ver Muralha da China da superfície lunar.

Quando Sir Henry faleceu, em 1939, o homem ainda não havia pisado na Lua. Isso só aconteceria 30 anos depois.

11. A Muralha da China foi construída por quase 2 mil anos

Se tomarmos como ponto de partida o ano 221 a.C., quando foi fundado o Império Chinês, e como ponto final o ano de encerramento da dinastia Ming (1644), foram 1.865 anos em que seis dinastias se empenharam na construção ou ampliação da maior fortificação do planeta. Lembrando que grande parte da muralha que conhecemos hoje foi construída durante a dinastia Ming, entre os séculos XV e XVII.

12. A principal razão para a construção da muralha era a ameaça mongol

A Muralha da China foi erguida para bloquear invasões estrangeiras vindas do norte. Foi por esse motivo que o primeiro imperador da China, Qin Shi Huang Di (221-210 a.C.), deu início à construção da fortificação. Nessa época, a ameaça vinha dos pastores mongóis que viviam com poucos recursos nas estepes mais ao norte.

Passados quase dois milênios, o propósito se manteve. A construção da Muralha Ming, nos séculos XV e XVII, também teve como principal motivação a contenção das invasões mongóis.

Mas a muralha também era usada para fins comerciais. Durante a dinastia Han (206 a.C.-220 d.C.), a fortificação passou a servir para proteger o comércio da chamada Rota da Seda, uma rede de rotas comerciais que ligava várias regiões do mundo antigo, da Europa ao Extremo Oriente. Como os saques eram constantes, principalmente nas regiões desérticas, a muralha servia de proteção para as caravanas que iam e vinham do Oriente ao Ocidente.

13. Apesar de grandiosa, a muralha nunca foi muito eficaz

É de se imaginar que uma obra que consumiu tantos esforços e riquezas, e cuja construção se estendeu ao longo de séculos, tenha sido eficaz. A história, no entanto, mostra que a realidade não foi bem essa. A existência da muralha não foi suficiente para conter os ataques vindos do norte, já que os chineses jamais conseguiram manter uma vigilância eficaz ao longo da extensa linha de defesa. Imagina proteger milhares de quilômetros de muralha sem radares, GPS e imagens de satélite? Bem difícil, não é mesmo?

Ao longo de séculos, as relações com os mongóis foi bastante complicada. As invasões e saques eram frequentes. Houve períodos, inclusive, em que a paz com os nortistas foi mantida por meio do comércio, da diplomacia ou mesmo através de subsídios.

No século XIV, a ameaça era ainda maior: o Império Mongol. Kublai Khan, neto de Gengis Khan, havia controlado a China em 1271, dando início à dinastia Yuan. Menos de um século depois, os mongóis foram expulsos, porém a ameaça nunca deixou de existir.

Foi por isso que, a partir de 1474, a dinastia Ming investiu tantos recursos na ampliação da muralha. Entre os séculos XV e XVII, foram erguidos impressionantes 8.851,8 km de fortalezas a fim de defender o território dos mongóis. Deu certo? Mais ou menos.

Muralha da China
Trecho mais recente da muralha (dinastia Ming) sob neve.

Apesar de representarem um grande obstáculo físico, muros por si só são incapazes de oferecer proteção. É preciso garantir sua vigilância constante. Falta de recursos, condições adversas vividas pelos vigilantes (como o mau tempo e a fome) e indisciplina das tropas são alguns dos fatores que ajudam a explicar a relativa ineficácia dos chineses em conter as investidas dos mongóis.

Após a dinastia Ming, a muralha tornou-se definitivamente obsoleta, já que durante a dinastia Qing (1644-1912) a China conseguiu expandir suas fronteiras de forma considerável, anexando regiões ao norte para além de suas antigas fronteiras. Desnecessária, a muralha foi abandonada à ação do tempo.

Fonte: Hipercultura

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