PF faz operação contra traficantes de animais liderados por bombeiro no RJ
12 de março de 2024

Segundo a investigação, os animais também recebiam uma série de maus-tratos por parte dos integrantes da quadrilha

Na manhã desta terça-feira (12), a Polícia Federal deflagrou, no Rio de Janeiro, uma operação para desarticular uma organização criminosa especializada na captura ilegal, receptação e tráfico de animais silvestres, inclusive espécimes em extinção, mediante falsificação de documentos e selos públicos do Ibama e do Instituto Estadual do Ambiente (Inea).

A ação tem apoio das Corregedorias da Polícia Militar (PMERJ) e do Corpo de Bombeiros (CBMERJ) do estado porque o líder do grupo apontado pela PF é um bombeiro militar.

A operação tem cerca de 100 policiais federais, que cumprem três mandados de prisão preventiva e 20 mandados de busca e apreensão, nos municípios do Rio de Janeiro, Niterói, São Gonçalo, Itaboraí e Maricá.

Segundo a PF, a investigação detectou a atuação “estável e permanente” de uma organização criminosa liderada por um bombeiro militar e composta por caçadores, receptadores, falsificadores e traficantes de animais silvestres.

O grupo ainda contava com a participação de servidores do Inea e do Comando de Policiamento Ambiental (CPAm), além de uma universitária e dois médicos veterinários.

Após a deflagração da operação, o conselho profissional de veterinária e as instituições serão notificadas.

Dentre o ciclo de falsificações de documentos, a investigação verificou que a quadrilha realizava o cadastramento fraudulento dos animais traficados no Sistema Nacional de Gestão da Fauna Silvestre, o Sisfauna, e no Sistema de Controle e Monitoramento da Atividade de Criação Amadora de Pássaros, o Sispass – ambos geridos pelo Ibama –, com o intuito de dificultar o controle e fiscalização dos órgãos ambientais.

A PF diz que os animais também recebiam uma série de maus-tratos por parte dos integrantes da quadrilha e eram vendidos, em sua maioria nas redes sociais, por valores entre R$ 20 mil e R$ 120 mil, a depender da espécie e se viriam acompanhados ou não do “kit” de documentos falsos.

Até o momento, as investigações detectaram que pelo menos 120 macacos-prego – alguns ameaçados de extinção, como o macaco-prego-de-crista – foram traficados pela quadrilha em apenas um ano, além de outras centenas de animais silvestres como araras, pássaros, cervos, iguanas e papagaios. Tal fato proporcionou aos criminosos um enriquecimento ilícito de aproximadamente R$ 2,4 milhões, podendo chegar a R$ 14,4 milhões.

A investigação aponta, ainda, que grande parte dos valores obtidos por meio das práticas criminosas, quando não transacionados em espécie, era ocultado em contas de empresas pertencentes aos integrantes da organização criminosa, ou mesmo em nome de terceiros.

Os investigados responderão pelos crimes de organização criminosa, receptação qualificada, crime ambiental, peculato, falsificação de documentos e selos públicos, falsificação de documento particular, uso de documento falso e falsidade ideológica. Se somadas, as penas podem alcançar de 46 a 58 anos de reclusão.

Os compradores poderão responder pelo crime de receptação – visto que estavam cientes da ilegalidade dos animais ao adquiri-los –, com exceção dos que colaborarem entregando os animais espontaneamente e dando esclarecimentos à Delegacia de Repressão a Crimes contra o Meio Ambiente, da PF do Rio.

Em nota, o Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro afirmou que repudia veementemente todas e quaisquer condutas ilícitas que transgridam os preceitos da ordem, da disciplina e da moral características da profissão de bombeiro militar.

“A Corregedoria do CBMERJ, em articulação com a Polícia Federal, integra a operação e reforça que segue à disposição das autoridades para colaborar nas investigações”, completou a corporação.

Já a Secretaria de Estado de Polícia Militar afirmou que a 4ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar, unidade subordinada à Corregedoria da Corporação, apoia as ações.

“Há um mandado de busca e apreensão em desfavor de um policial militar. Um procedimento administrativo disciplinar sobre o caso já foi instaurado pela Corregedoria da SEPM”, afirmou a PMERJ.

Fonte: CNN Brasil

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