Combate à Covid-19 deixa outras doenças desassistidas e abre margem para um possível colapso
21 de junho de 2020

Uma pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO), mostrou que os exames que deveriam ser feitos durante o período de isolamento social caíram em 90%, em decorrência da pandemia do novo coronavírus. Enquadrados no grupo de risco da Covid-19, muitos pacientes têm cancelado os procedimentos médicos para evitar exposição ao vírus.

Em entrevista ao CadaMinuto, a paciente Cátia de Fátima, de 56 anos, que é portadora de câncer de mama com metástase óssea, não interrompeu o tratamento de quimioterapia, mas foi forçada (pelo coronavírus) a cancelar muitos exames de rotina. Além dessas alterações, no dia das mães, a paciente fraturou o pé e foi orientada, pelo seu oncologista, a não procurar a emergência hospitalar. Somente no dia seguinte, ela foi receber o atendimento no hospital que já faz o tratamento oncológico.

Sem a realização dos exames, não é possível saber se o estado da doença progrediu ou regrediu. “Isso é muito importante pra nós pacientes, porque nos proporciona segurança e confiança”, disse Cátia. Mas diante do cenário atual, os pacientes e os profissionais da medicina precisam se adaptar à nova realidade.

“Existe uma demanda reprimida muito grande”, diz médico

Mas, mesmo com as limitações, é preciso estar atento para que as suspensões e os cancelamentos dos procedimentos médicos causem o menor prejuízo possível à saúde.

De acordo com a avaliação técnica do cirurgião oncológico do Hospital Cliom, Diego Nunes, os pacientes que possuem doenças crônicas ou degenerativas, devem ficarem atentos, pois existe o risco de perda de controle da doença, e isso pode fazer com que o paciente, possa evoluir de forma extremamente desfavorável.

“Não só esses pacientes, mas como também os pacientes com doenças potencialmente letais como doenças cardiovasculares e oncológicas, o risco de desfecho letal é elevado”, alertou.

O médico explicou que por alguns fatores, em um cenário pós pandemia, a demanda de consultas, exames e tratamentos médicos devem aumentar e por isso, os profissionais de saúde, mais uma vez devem estarem prontos para uma nova “batalha”.

“Existe uma demanda reprimida muito grande, por vários motivos, seja por medo de procurar atendimento médico nesse momento, seja por não conseguir atendimento, pois existem serviços sem funcionar, ou pela indisponibilidade de transporte, tendo em vista que há pacientes que moram no interior e precisam viajar para conseguir atendimento”, disse Diego.

Questionado sobre quais medidas ele poderia sugerir para que toda a demanda fosse atendida de maneira rápida, conforme as necessidades de cada paciente, o cirurgião do Hospital Cliom, sugeriu que devem serem feitos mutirões para que aqueles que mais precisam, possam receber a devida atenção.

“O adequado seria realização de mutirões de diagnóstico e tratamento para as doenças que não podem esperar. Esses pacientes já foram prejudicados de forma incalculável nesses últimos três meses, alguns já não terão possibilidade de cura. O mínimo que pudermos acelerar já será de grande ajuda”, finalizou.

O maior hospital de atendimento clinico do estado

O Hospital Universitário Professor Alberto Antunes (HUPAA), localizado na parte alta de Maceió, que é considerado o maior hospital de atendimento clinico do estado de Alagoas, chegando a atender pacientes vindos do interior do estado afirmou através de nota encaminhada à reportagem, que com o objetivo de assegurar o atendimento aos pacientes com coronavírus, alguns profissionais foram realocados para a recém-construída Unidade Covid-19, fortalecendo as medidas de combate à doença, mas ressaltou que permanecem em funcionamento cirurgias de emergência, de urgência e tratamento oncológico.

Ainda conforme a nota, continuam também mantidos os atendimentos para a maternidade; pré-natal de alto risco; o ambulatório de feridas; o ambulatório de receitas, para pacientes que fazem uso de medicação controlada; reumatologia; tratamento com hemodiálise, oncologia, oftalmologia, endocrinologia, garantindo, assim, a continuidade do serviço de assistência para a população do estado.

Por fim, e não menos importante, a unidade hospitalar informou que seguem adotando as medidas de segurança preconizadas pelo Ministério da Saúde, evitando, assim, aglomerações, no intuito de combater o Coronavírus.

Fonte: Cada Minuto