Centro de triagem de Seropédica é o último sonho de liberdade para animais ameaçados
1 de maio de 2023

Centro de triagem em Seropédica é a única unidade do Ibama no Rio que reabilita e devolve à natureza bichos apreendidos ou resgatados.

A última chance de liberdade para bichos retirados de seu habitat natural quase sempre passa pelo Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), em Seropédica, na Baixada Fluminense (RJ). A unidade é a única do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) no Rio capacitada para reabilitar e devolver à natureza aves, mamíferos e répteis apreendidos ou resgatados. De janeiro a março de 2023, passaram por lá 1.262 bichos. Nem todos sobreviveram. Desse total, cerca de 70% foram vítimas do tráfico de animais silvestres.

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Papagaios falsos

Na tarde de 20 de março, uma equipe da Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA) chegou ao Cetas transportando 90 aves em gaiolas — todas apreendidas em duas feiras conhecidas por traficar animais: uma em Caxias, na Baixada, e outra na Tijuca, na Zona Norte. Em um cubículo, o pássaro todo espremido tinha cabeça e pescoço amarelos — seria, à primeira vista, um papagaio, animal que pode ser vendido até por R$ 4 mil no mercado ilegal.

Ao primeiro exame, o técnico ficou com as mãos amarelas: a ave estava com as penas pintadas. Era, na verdade, uma maritaca, sem tanto valor comercial, mas de comercialização igualmente controlada. Segundo o veterinário Leandro Nogueira da Silva, de 41 anos, chefe do Cetas, é comum que traficantes pintem esses pássaros para que sejam vendidos como filhotes de papagaio.

Durante a apreensão, policiais também encontraram dois trinca-ferros, que estavam com falsas anilhas de identificação do Ibama presas às pernas. A falsificação dá a impressão de que os passarinhos, retirados da natureza, haviam nascido em criadouros autorizados e que, por isso, poderiam ser comercializados.

— Para o traficante, pouco importa o bem-estar ou a saúde do animal. É comum chegar ao Cetas macaco-prego com o olho furado. Um macaco cego é um animal dócil para o comprador. Maritaca com a cabeça pintada de amarelo e a cauda cortada, o comprador acha que é um papagaio e vai pagar mais caro — explica o chefe do Cetas.

A luta de quem salva animais do tráfico e de maus-tratos

Ao primeiro exame, o técnico ficou com as mãos amarelas: a ave estava com as penas pintadas. Era, na verdade, uma maritaca, sem tanto valor comercial, mas de comercialização igualmente controlada. Segundo o veterinário Leandro Nogueira da Silva, de 41 anos, chefe do Cetas, é comum que traficantes pintem esses pássaros para que sejam vendidos como filhotes de papagaio.

Durante a apreensão, policiais também encontraram dois trinca-ferros, que estavam com falsas anilhas de identificação do Ibama presas às pernas. A falsificação dá a impressão de que os passarinhos, retirados da natureza, haviam nascido em criadouros autorizados e que, por isso, poderiam ser comercializados.

— Para o traficante, pouco importa o bem-estar ou a saúde do animal. É comum chegar ao Cetas macaco-prego com o olho furado. Um macaco cego é um animal dócil para o comprador. Maritaca com a cabeça pintada de amarelo e a cauda cortada, o comprador acha que é um papagaio e vai pagar mais caro — explica o chefe do Cetas.

Nessa leva do dia 20 de março, pelo menos seis pássaros não suportaram o estresse do transporte em condições deploráveis. Os sobreviventes passaram por um período de tratamento, quarentena e reabilitação. Quando estiverem aptos, serão soltos na natureza, com anilhas.

Mais da metade dos animais que chegam ao Cetas é de fora do Rio. Um dos mais comuns é o jabuti-piranga, ou jabuti-de-cabeça-vermelha, oriundo da Região Amazônica. Cerca de 40 indivíduos são apreendidos por mês. Hoje, há cerca de cem deles em um dos recintos do centro. Em dezembro, 44 foram devolvidos a seus estados de origem.

— Temos muitos animais que não são da fauna do Rio. Então, após a reabilitação, eles têm que ser repatriados. É o caso, por exemplo, das araras, dos papagaios, dos jabutis-pirangas, do corrupião e do galo-de-campina. A cada três meses, fazemos uma viagem para estados onde a gente tem essa demanda — explicou Leandro da Silva.

Aqueles que não podem ser devolvidos à natureza, por motivo de saúde, por exemplo, têm a alternativa de ir para um santuário ou um zoológico. O Cetas ainda recebe bichos resgatados após saída acidental do seu habitat, ou que sofreram ferimentos por razão não natural, como atropelamentos. Foi o caso de um lobo-guará atingido no início de março, em Teresópolis, na estrada que liga o município à cidade mineira de Além Paraíba. Ele foi operado, mas não resistiu aos ferimentos.

Já uma onça-parda capturada em 2022, em uma fazenda próxima à cidade de Maricá, passou por exames que detectaram que o animal é portador do Vírus da Imunodeficiência Felina (FIV) e, portanto, não pode mais voltar ao seu habitat para não correr o risco de contaminar outros da mesma espécie. Seu destino será provavelmente um zoológico ou um santuário.

Até um ano de detenção

Segundo o delegado Wellington Vieira, da DPMA, seis pessoas foram presas na ação de 20 de março, nas feiras de Duque de Caxias e da Tijuca. Todos tinham passagens por cometer crimes contra a fauna. Um deles, detido com 11 trinca-ferros, oito coleiros, um bicudo e um pixoxó escondidos em um carro, confessou ser fornecedor de animais silvestres e chegou a ser preso por esse motivo, em 2003, em Minas Gerais. Atualmente, outras seis quadrilhas responsáveis pelo mesmo delito são monitoradas pela especializada. Segundo o delegado, quem for flagrado traficando animais está sujeito a pena, em caso de condenação, que varia de seis meses a um ano de detenção.

Soltura. Em viagens regulares, o veterinário Leandro Nogueira, coordenador do Cetas, e João de Deus Farias, técnico do Ibama, devolvem à natureza pássaros em situação ilegal que foram apreendidos. Foto: Márcia Foletto

Fonte: EXTRA

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