Preocupação na hora de votar
20 de setembro de 2020

Clubes, ginásios, escolas… uma vez a cada dois anos estes e outros locais têm sua finalidade modificada para receber a festa da democracia. Em 2020, por conta da pandemia do novo coronavírus, além das adaptações necessárias para a votação, a higienização também deve receber atenção ainda maior do que em pleitos anteriores. A votação irá contar com um protocolo sanitário inédito. Segundo o pesquisador e médico infectologista da UFRJ, Edimilson Migowski, a sanitização das zonas eleitorais viria como um elemento a mais para garantir a segurança de eleitores e voluntários.

“A sanitização é um elemento desejado que vai fazer com que as pessoas que estejam lá tenham um risco menor de exposição. O mesário, presidente de mesa e fiscais devem manter distanciamento, ter seus próprios EPIs porque vão lidar com centenas de pessoas num único dia”, afirmou o médico. O Tribunal Superior Eleitoral ( TSE) anunciou, no começo do mês, uma série de cuidados sanitários para eleitores e mesários.

Todas as seções eleitorais terão álcool em gel para limpeza das mãos dos eleitores antes e depois da votação, e os mesários receberão máscaras, face shield (protetor facial) e álcool em gel para proteção individual. Cartazes serão afixados com os procedimentos a serem adotados por todos. Outra novidade importante é que, neste ano, o tempo de votação será ampliado em uma hora e começará mais cedo: será das 7h às 17h. Porém, o horário das 7h às 10h é preferencial para maiores de 60 anos. Os demais eleitores não serão proibidos de votar neste horário, mas devem, se possível, comparecer a partir das 10h, respeitando a preferência.

O infectologista Edimilson Migowski afirma que a ampliação do horário de votação é uma medida positiva e também sugere outros métodos de prevenção ao contágio. “Cada zona eleitoral tem suas próprias características. Você pode não fazer só a sanitização mas higienizar o ar condicionado, sistemas de ventilação, manter a sala arejada, aumentar o tempo de votação, tentar fazer com que haja um espaçamento maior entre as pessoas que vão votar. Caso não esteja chovendo, ficar em locais abertos”, pontuou.

Cuidados pessoais – O médico também detalhou uma série de cuidados pessoais que os eleitores devem tomar no dia da eleição. “Evitar aglomerações; buscar horários de menor fluxo; usar a máscara facial de forma correta; levar seu álcool 70% no bolso e higienizar as mãos com água, sabão e papel toalha se houver; buscar sempre lugares mais arejados do que lugares confinados e escuros”, recomendou Migowski.

O médico reforça que, mesmo em ambientes sanitizados, o cuidado com a higienização das mãos, distanciamento social e o uso de equipamentos de proteção individual (EPIs) são indispensáveis para eleitores e colaboradores durante as eleições. “Posso dizer sem medo de errar que o cuidado pessoal vai evitar 80% da transmissão e o ambiente ficaria em torno de 20%. Não dá para não abrir mãos de máscaras, higienização e não aglomerar. A sanitização é um detalhe adicional desejável”, destacou.

Escolas – Paralelamente à eleição, instituições de ensino particulares e públicas do Estado do Rio de Janeiro já vêm higienizando seus ambientes por conta da autorização concedida pelo Governo do Estado para o retorno às aulas presenciais a partir de 15 de setembro e 5 de outubro, respectivamente, ficando a critério de cada escola a data de reinício das aulas.

Trabalho nos pontos turísticos

A sanitização de ambientes foi um dos fatores que possibilitou que pontos turísticos pudessem voltar a funcionar, depois de cerca de quatro meses sem poder receber visitantes. Um dos exemplos de maior sucesso é o do Trem do Corcovado, que seguiu os mesmos protocolos postos em prática em outras atrações do Rio de Janeiro. “Começou com a construção do protocolo junto com o bondinho Pão de Açúcar, RioStar, AquaRio e Museus.

Uma das etapas fundamentais é a sanitização e higienização dos trens e estações. A cada viagem o trem inteiro é sanitizado, isso é fundamental para garantir a saúde e segurança para os visitantes”, disse Sávio Neves, presidente do Trem do Corcovado. No primeiro mês de retorno das atividades, Sávio considera os resultados positivos. “Depois de 30 dias de operação, reabrimos em 15 de agosto, não tivemos nenhum caso de infecção em qualquer um dos colaboradores. Sem dúvidas deu certo, foi fundamental o processo de higienização dentro do protocolo que garante a segurança tanto dos colaboradores quanto dos visitantes”, afirmou. Ainda de acordo com o presidente do Trem, o trabalho de higienização não tem data para acabar e deve seguir enquanto durar a pandemia do novo coronavírus.

“O trabalho continua enquanto perdurar a pandemia. Estamos acompanhando, monitorando toda a questão da pandemia. Esse trabalho veio para ficar e vamos mantê-lo enquanto as autoridades sanitárias acharem que esse é o melhor procedimento para garantir a saúde dos colaboradores e visitantes”, concluiu.

Foco principal é a saúde

A empresa responsável pela sanitização não apenas do Trem do Corcovado, como de outros pontos turísticos do Rio, é a SAS (Soluções Ambientais e Sanitárias). O diretor executivo da companhia, Ricardo Marques, explicou o método utilizado para garantir a segurança de colaboradores e visitantes no retorno das atividades. “Atuamos nos principais pontos turísticos do Rio.

No Trem do Corcovado, trabalhamos em todas as estações, fazendo com que o trem pudesse abrir com segurança para os turistas. O mesmo aconteceu na roda gigante, todas as cabines, locais de espera, bilheterias foram sanitizadas pela SAS e nos helipontos do Pão de Açúcar”, explicou. Marques explicou que a SAS não se trata apenas de uma empresa de limpeza, mas sim de saúde, visto que considera seus clientes como pacientes, realizando todo o acompanhamento necessário nos lugares que recebem a sanitização em seus ambientes. “É sempre importante mencionar que a SAS se torna a maior empresa de atuação nacional com escritórios Rio, Distrito Federal, Amazonas e São Paulo, se preparando para instalar um grande laboratório de biotecnologia e atuando com indústrias no eixo Rio-São Paulo.

Quando nós atuamos, consideramos nosso cliente um paciente. A SAS se transforma numa empresa de saúde. Não concorremos com empresas que promovem dedetização, desentupimentos, etc. Não somos empresa de higienização, somos uma empresa que cada vez mais atua na área de saúde tratando pessoas a partir do ambiente que elas convivem, uma visão completamente diferente. A sanitização se tornou um termo de certa forma vulgar, que na minha opinião as pessoas ainda não entenderam”, comentou.

Eleições – A empresa elaborou uma proposta para atuar também nas eleições municipais, com um plano que visa reduzir a possibilidade de contágio tanto para eleitores quanto colaboradores. Marques aponta para a preocupação com um possível recorde de abstenções caso os votantes não se sintam seguros para ir às zonas eleitorais. “A SAS fez uma proposta para equipes de atuação do TSE e TRE-RJ com objetivo de proporcionar nos pontos eleitorais, que no Rio são 30 mil, a sanitização que vai contribuir para que esses ambientes estejam seguros para os eleitores. Mesmo com alguns protocolos, eles não são suficientes para que efetivamente dê aos eleitores e aos voluntários a segurança de que não serão contaminados. Se os eleitores não se sentirem seguros, provavelmente a abstenção será histórica”, complementou.

Fonte: O Fluminense