Secretaria Estadual de Saúde realizou reunião com um grupo de profissionais para iniciar a investigação de doença exantemática (manchas vermelhas na pele), que não apresenta causa definida e tem acometido as crianças com maior frequência.
No momento em que Pernambuco vivencia aumento dos registros de arboviroses, em comparação com o ano passado, surge uma nova preocupação entre os médicos das emergências de hospitais públicos e particulares: um rash (manchas vermelhas em um região específica do corpo ou por toda a pele) que se manifesta em crianças e ainda sem causa definida. “Há dezenas de relatos desse tipo no Recife. O rash vem associado a pouca febre, sem sintoma articular, como dor ou edema, desconforto e prurido (coceira). Os casos têm evoluído bem e são autolimitados (melhoram espontaneamente após alguns dias). Os sintomas são inespecíficos e nos levam a pensar se os casos podem ser uma forma atípica de zika, o que pode ocorrer em um possível novo surto seguinte ao primeiro”, diz o clínico-geral Carlos Brito, integrante do Comitê Técnico de Arboviroses do Ministério da Saúde.
Para o médico, o fato desse tipo de rash ser evidente nas crianças é explicado, levando em consideração a hipótese de ser um caso atípico de zika, por um fenômeno que ocorre no Brasil: as epidemias iniciais de arboviroses acometem mais os adultos do que a população infantil. Ou seja, num cenário de novo surto, as crianças são as que estão mais susceptíveis porque não adoeceram anteriormente – ou seja, não têm imunidade. “Isso aconteceu com dengue: primeiramente adoeceram com mais frequência os adultos e, em anos seguintes, o grupo pediátrico, abaixo dos 12 anos. Não tem uma explicação muito lógica, mas é o que tem ocorrido quando analisamos epidemiologicamente o histórico das epidemias de dengue”, acrescenta Brito.
A Secretaria Estadual de Saúde (SES) informou, pela assessoria de comunicação, que tem sido informada dos casos de rash nas crianças através de relatos informais dos médicos. O órgão complementa que está previsto o agendamento de reuniões com profissionais de saúde para uma melhor compreensão do fenômeno e monitoramento dos casos.
A infectopediatra Regina Coeli Ramos, do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc), informa que também tem acompanhado pacientes. “São situações que se assemelham a um quadro viral inespecífico, pois aparecem com febrícula e mal-estar. Tudo leva a crer que se trata de uma doença benigna e que não deixa sequela. Estamos investigando, pois não temos ainda como dizer se é uma nova explosão de arboviroses ou outro algum outro caso”, destaca Regina Coeli, que descarta a possibilidade de escarlatina, uma infecção bacteriana causada por estreptococos do grupo A e que afeta principalmente crianças em idade escolar. “O rash da escarlatina é diferente, bem áspero.”
O Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs) do Recife tem recebido relatos sobre a ocorrência dos casos entre as crianças, segundo o secretário municipal de Saúde, Jailson Correia. “Estamos sendo informados (informalmente). Mas, por enquanto, não percebemos uma mudança real no perfil de notificações.” Na cidade, considerando o total de notificações (2.617 casos) de arboviroses este ano, quatro das últimas oito semanas epidemiológicas encontram-se acima do limite máximo esperado de casos. “É cedo para afirmar o reaparecimento de novo surto, mas estamos atentos a esse aumento”, frisa Jailson.
Em Pernambuco, segundo boletim epidemiológico, a maior incidência de dengue, chicungunha e zika encontra-se na faixa etária de 0 a 9 anos, em comparação com os grupos de adolescentes, adultos e idosos. “São crianças que nasceram após as epidemias anteriores e, por isso, ainda não adoeceram e estão susceptíveis a arboviroses”, salienta a gerente do Programa de Vigilância das Arboviroses da SES, Claudenice Pontes.
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