Câncer supera doenças cardíacas como maior causador de mortes no mundo rico
5 de setembro de 2019

LONDRES (Reuters) – O câncer superou as doenças cardíacas como principal causa de mortes em países ricos, e pode se tornar o maior fator de mortalidade do mundo em poucas décadas se as tendências atuais persistirem, disseram pesquisadores nesta terça-feira.

Ao publicar as descobertas de dois grandes estudos no periódico médico The Lancet, os cientistas disseram ter mostrado indícios de uma nova “transição epidemiológica” global entre tipos diferentes de doenças crônicas.

Embora as doenças cardiovasculares continuem, por ora, sendo a principal causa de mortalidade no mundo entre adultos de meia idade –representando 40% de todas as mortes–, não é mais esse o caso em países de alta renda, nos quais hoje o câncer mata duas vezes mais pessoas, revelaram os resultados.

“Nosso relatório descobriu que, globalmente, o câncer foi a segunda causa de mortes mais comum em 2017, representando 26% de todas as mortes. Mas enquanto as taxas (de doenças cardíacas) continuam a cair, o câncer pode se tornar a principal causa de mortes em todo o mundo dentro de poucas décadas”, disse Gilles Dagenais, professor da Universidade Laval do Québec, no Canadá, que coliderou o estudo.

Das estimadas 55 milhões de mortes de 2017 em todo o globo, disseram os pesquisadores, cerca de 17,7 milhões se deveram a doenças cardiovasculares –um grupo que inclui insuficiência cardíaca, angina, infarto e derrame.

Cerca de 70% de todas as doenças cardiovasculares e mortes se devem a riscos modificáveis, como pressão arterial, colesterol alto, dieta, fumo e outros fatores ligados ao estilo de vida.

Em países de alta renda, o tratamento comum com estatinas de redução do colesterol e remédios para pressão arterial ajudaram a reduzir as taxas de doenças cardíacas dramaticamente nas últimas décadas.

A equipe de Dagenais disse que suas descobertas sugerem que as taxas mais altas de mortes causadas por doenças cardíacas em países de baixa renda podem se dever sobretudo à qualidade baixa dos sistemas de saúde.

A pesquisa apontou que as taxas de primeira hospitalização e o uso de medicamentos para doenças cardíacas são consideravelmente menores em países pobres e de renda média do que nos ricos.

Entre os países analisados estão Argentina, Bangladesh, Brasil, Canadá, Chile, China, Colômbia, Índia, Irã, Malásia, Paquistão, Palestina, Filipinas, Polônia, Arábia Saudita, África do Sul, Suécia, Tanzânia, Turquia, Emirados Árabes Unidos e Zimbábue.

(Por Kate Kelland)