Dilma Rousseff empossa quatro novos ministros nesta segunda-feira
3 de fevereiro de 2014

Casa Civil, Educação, Saúde e Comunicação Social terão novos titulares.
Cerimônia faz parte da primeira etapa da reforma ministerial.

A presidente Dilma Rousseff vai dar posse nesta segunda-feira (3) a quatro novos ministros, na primeira etapa de reforma ministerial do governo. O ex-ministro da Educação Aloizio Mercadante assumirá a Casa Civil, enquanto o ex-secretário-executivo da Educação José Henrique Paim vai comandar a pasta; o médico Arthur Chioro será o novo ministro da Saúde (Alexandre Padilha deixou o cargo para uma provável candidatura ao governo de São Paulo); e o ex-porta-voz da Presidência da República Thomas Traumann estará à frente da Secretaria de Comunicação Social.

A cerimônia de posse está marcada para as 11h desta segunda-feira no Palácio do Planalto. Parlamentares e outros ministros devem participar do evento. As nomeações dos quatro novos ministros e as exonerações das quatro pessoas que deixaram seus postos foram publicadas nesta segunda no Diário Oficial da União.

A presidente iniciou na quinta-feira (30)  as mudanças em seu ministério. Além de substituir ministros que devem ser candidatos nas eleições de 2014, como Padilha, Dilma pretende acomodar partidos da base aliada que não estão na Esplanada, para lhes garantir tempo na propaganda eleitoral de rádio e TV. A presidente também estuda como incluir legendas como PTB, PROS e PSD, e ampliar o espaço de seu principal aliado, o PMDB, que reclama por mais pastas nos ministérios.

Trocas
A então ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, deixa a pasta para concorrer ao governo do Paraná. Em dezembro de 2013, durante um café da manhã com jornalistas, ela havia dito que pediu a Dilma para sair do cargo já em janeiro, para poder se dedicar à campanha eleitoral.

Para sucedê-la, Dilma escolheu Aloizio Mercadante, que, além de coordenar os principais projetos do governo, terá a missão de fazer a interlocução entre o Palácio do Planalto e a equipe de campanha à reeleição da presidente.

Já para o Ministério da Educação (MEC), Dilma optou por uma solução técnica, ao escolher Paim. Com isso, a presidente busca manter o estilo da gestão do MEC em projetos como o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

A última troca, confirmada apenas na sexta-feira (31), ocorre na Secretaria de Comunicação Social,de onde sai Helena Chagas e entra Traumann.

Veja abaixo um perfil dos quatro novos ministros do governo:

Aloizio Mercadante
Aloizio Mercadante nasceu em Santos (SP), em 13 de maio de 1954. Formou-se em Economia pela Universidade de São Paulo (USP), tem mestrado e doutorado na área econômica e é professor licenciado da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

A vida política de Mercadante começou em 1975, quando foi presidente do Centro Acadêmico da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP. Ele foi ainda presidente da Associação de Professores da PUC-SP e vice-presidente da Associação Nacional de Docentes do Ensino Superior (Andes).

Mercadante fez parte da fundação do Partido dos Trabalhadores (PT). Em 1982, foi coordenador do programa de governo e da campanha ao governo de São Paulo. Em 1989, 1994 e 1998, coordenou a campanha de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência, sendo que, em 1994, foi vice na chapa de Lula.

O novo ministro da Casa Civil também foi deputado federal por São Paulo por dois mandatos (entre 1991 e 1995, e entre 1999 e 2003) e senador por um mandato, entre 2003 e 2010. Nesse período, foi líder de governo, líder do PT e presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). Como deputado, participou da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Collor e do Orçamento.

Em 2010, o petista foi candidato ao governo de São Paulo, mas perdeu para seu opositor tucano, Geraldo Alckmin. Após a derrota, Mercadante foi convidado por Dilma a assumir o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

Quando o atual prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, se afastou do MEC, em 2012, Mercadante foi o escolhido para substituí-lo. À frente da pasta, o novo ministro da Casa Civil ganhou mais confiança de Dilma. Em pouco tempo, já participava das principais reuniões de articulação do governo. No ano passado, assumiu a articulação com o Congresso Nacional na negociação de matérias importantes, como a Medida Provisória (MP) dos Portos e os royalties para a educação.

No MEC, Mercadante promoveu mudanças em programas como o Enem, após o exame ter enfrentado uma sucessão de problemas em diferentes edições e apresentado, em suas redações, uma receita de macarrão instantâneo e o hino do Palmeiras.

José Henrique Paim
Paim ocupou o cargo de secretário-executivo da pasta desde a gestão do então ministro Haddad, que deixou o MEC para concorrer à prefeitura da capital paulista. Paim foi escolhido como uma solução “técnica” para a sucessão de Mercadante, para dar continuidade aos projetos de seu antecessor.

O novo ministro da Educação é gaúcho, nasceu em 1966 e se formou em economia, com pós-graduação na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Paim foi subsecretário da Secretaria do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (Sedes) da Presidência, em 2002. Também foi presidente do Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE).

Paim é réu em uma ação civil pública por suspeita de irregularidades em um convênio de R$ 491 mil com a ONG Central Nacional Democrática, para alfabetizar jovens e adultos, na época em que era presidente do FNDE. Auditores do Tribunal de Contas da União (TCU) identificaram falhas na prestação de contas, como falta de documentos que comprovassem os pagamentos. Em 2009, o tribunal aceitou a alegação de Paim de que teria sido induzido ao erro.

Arthur Chioro
Médico concursado da Prefeitura de Santos (SP) desde 1989, Chioro já havia trabalhado no Ministério da Saúde anteriormente. Ele retorna nove anos após ter exercido o cargo de diretor do Departamento de Atenção Especializada da pasta, entre 2003 e 2005.

Chioro se formou pelo Centro Universitário Serra dos Órgãos (Unifeso), em Teresópolis (RJ), e se especializou em medicina preventiva e social pela Universidade Estadual Paulista (Unesp). Anos depois, tornou-se mestre e doutor em saúde coletiva, cadeira que leciona na Faculdade de Fisioterapia da Universidade Santa Cecília (Unisanta) e na Faculdade de Medicina da Universidade Metropolitana de Santos (Unimes), ambas em Santos. Chioro também é pesquisador na área de planejamento e gestão em saúde da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, o petista integra o primeiro escalão da prefeitura desde o primeiro mandato do atual prefeito, Luiz Marinho, eleito em 2008 e reeleito em 2012. Marinho é ex-ministro do Trabalho e da Previdência Social do ex-presidente Lula, com quem mantém amizade próxima.

Chioro também deixa o cargo de presidente do Conselho de Secretários Municipais de Saúde do Estado de São Paulo (Cosems/SP), que agora será ocupado pelo vice-presidente da entidade, Fernando Monti.

Thomas Traumann
O novo secretário de Comunicação Social nasceu em 29 de julho de 1967, em Rolândia (PR), e é formado em jornalismo pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Em 2008, Traumann deixou as redações de jornal para trabalhar na área de assessoria de imprensa. Dois anos depois, assumiu a assessoria do então ministro da Casa Civil, Antônio Palocci. Em seguida, exerceu o cargo de assessor especial da ministra Helena Chagas, na Secretaria de Comunicação, até que em 2012 foi nomeado porta-voz da Presidência da República.

Nesse posto, Traumann foi ganhando a confiança da presidente Dilma. Despachos com o chefe de gabinete, Giles Azevedo, se tornaram frequentes. No ano passado, o novo ministro assumiu o “gabinete digital” da presidente e coordenou o retorno de Dilma às redes sociais. O papel como auxiliar da Presidência na internet foi um dos fatores que contaram para que ele assumisse a secretaria.

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