
Oscar 2025: ‘Ainda Estou Aqui’ faz história e conquista a primeira estatueta do Brasil
Na noite de domingo, 2 de março, o cinema brasileiro alcançou um marco inédito na 97ª edição do Oscar. O longa Ainda Estou Aqui, estrelado por Fernanda Torres, garantiu o prêmio de Melhor Filme Internacional, tornando-se a primeira produção nacional a vencer na categoria. A obra superou concorrentes de peso, como Emilia Pérez (França), que acumulava 13 indicações, Garota da Agulha (Dinamarca), A Semana do Fruto Sagrado (Alemanha) e Flow (Letônia).
Uma dedicação emocionante
Ao subir ao palco para receber a estatueta, Walter Salles, diretor do longa, prestou uma homenagem marcante. “Primeiramente, obrigado em nome do cinema brasileiro. Estou muito honrado de receber esse prêmio entre cineastas tão talentosos”, afirmou.
Em seu discurso, Salles dedicou a conquista a Eunice Paiva, advogada e ativista de direitos humanos cuja história inspirou o filme, e às atrizes Fernanda Torres e Fernanda Montenegro, que deram vida à personagem. “Esse prêmio é para uma mulher que, diante de uma perda irreparável sob um regime autoritário, escolheu resistir. Seu nome é Eunice Paiva. E também é para as duas mulheres extraordinárias que a interpretaram: Fernanda Torres e Fernanda Montenegro”, declarou.

Walter Salles e Fernanda Torres no Oscar 2025
Foto: Arturo Holmes/WireImage
Uma esperança renovada para o cinema nacional
O Brasil já havia chegado perto de vencer a categoria anteriormente. Em 1999, Central do Brasil, também dirigido por Walter Salles, disputou o prêmio, mas perdeu para A Vida é Bela. Desta vez, a expectativa e a mobilização do público em torno do filme ajudaram a impulsionar sua campanha desde o final de 2024, quando surgiram os primeiros rumores sobre sua forte presença na premiação.
No total, o Brasil acumulou 22 indicações ao Oscar com 16 filmes diferentes ao longo da história. Ainda Estou Aqui foi o primeiro a conquistar três indicações em categorias principais, incluindo Melhor Filme Internacional, Melhor Filme e Melhor Atriz, com Fernanda Torres concorrendo.
Sucesso de bilheteria e reconhecimento mundial
Desde que os indicados foram anunciados em 23 de janeiro, o Brasil entrou em clima de torcida digna de Copa do Mundo. O entusiasmo refletiu nas bilheteiras: mais de 5 milhões de espectadores assistiram ao filme nos cinemas brasileiros, um feito alcançado por poucas produções nacionais. Internacionalmente, o longa arrecadou mais de R$ 159 milhões, sendo R$ 20 milhões apenas nos Estados Unidos.
Baseado no livro autobiográfico de Marcelo Rubens Paiva, Ainda Estou Aqui retrata a trajetória de Eunice Paiva, advogada e ativista de direitos humanos, durante a ditadura militar brasileira. Mãe de cinco filhos, Eunice luta para descobrir o paradeiro de seu marido, o engenheiro civil e deputado Rubens Paiva, que foi levado de casa por militares em janeiro de 1971.
O elenco conta com grandes nomes, como Selton Mello, Valentina Herszage, Marjorie Estiano, Humberto Carrão, Maeve Jinkings, Daniel Dantas e Dan Stulbach. O roteiro é assinado por Murilo Hauser e Heitor Lorega, com produção de Maria Carlota Bruno, Rodrigo Teixeira e Martine de Clermont-Tonnerre.
Um recorde para o cinema brasileiro
Desde sua estreia, o filme conquistou grande prestígio nas principais premiações internacionais. O longa saiu vitorioso no Globo de Ouro, venceu no Prêmio Goya (considerado o Oscar espanhol) e levou o prêmio de Melhor Roteiro no Festival de Veneza, onde foi ovacionado por 10 minutos de aplausos. Antes do Oscar, Ainda Estou Aqui já havia acumulado 38 prêmios, tornando-se a obra brasileira mais premiada da história.
Com essa conquista histórica, o cinema brasileiro reafirma sua força e talento no cenário mundial, deixando uma marca inesquecível na Academia de Hollywood.
Formado em Sistemas de Informação pela FAETERJ, carioca de coração, apaixonado por teologia, tecnologia, matemática, geografia, história e pela sociedade em geral.
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