Estrutura incomum no Complexo do 18, em Piraí, já foi um centro de cura espiritual; hoje, no seu entorno, a comunidade da Fazendinha cria oportunidades e luta contra o abandono

Pirâmide abandonada às margens da Linha Amarela desperta curiosidade e interesse das redes sociais
Quem transita pela Linha Amarela, próximo ao Túnel da Covanca, certamente já notou uma construção que quebra a paisagem urbana do Rio de Janeiro: uma pirâmide de concreto, imponente e misteriosa, erguida em meio às casas. A estrutura, localizada no Complexo do 18, na Comunidade da Fazendinha (altura da Água Santa), despertou a curiosidade de motoristas e moradores, gerando lendas urbanas e viralizando nas redes sociais.
O que a internet batizou de “Pirâmide da Linha Amarela” tem, na verdade, uma história ligada a uma antiga fraternidade espiritual. Fernando Iglesias de Miranda, diretor de uma associação de moradores próxima, esclareceu o mistério: a pirâmide, que tem cinco andares e pequenas aberturas triangulares no topo, funcionou como a sede da fraternidade espiritual Fiat Lux. O local era um centro de sessões de cura e energização até cerca de sete anos atrás. O site da fraternidade indica que ela foi fundada no Leblon em 1975 e mantém sedes ativas em Portugal e Luxemburgo.
Sinais de Abandono e Curiosidade Turística
O RJ2 teve acesso ao interior do imóvel e constatou o atual estado de abandono. Hoje, a pirâmide permanece vazia, sendo cuidada apenas por um caseiro, e exibe sinais de deterioração: restam apenas cadeiras antigas, alguns símbolos de fé e cômodos inacabados.
No entanto, a sua arquitetura incomum e a visibilidade para a via expressa garantem sua fama. Um vídeo que viralizou nas redes, postado por um motoqueiro, ilustra a curiosidade gerada pela estrutura: “À noite eu fiquei olhando e a luz piscava e apagava. Eu falei: melhor eu vir de dia, mais fácil!”, contou ele.
O Entorno se Transforma em Oportunidade

Projeto social nos arredores da Pirâmide da Linha Amarela — Foto: Reprodução/RJ2
Enquanto a pirâmide permanece inativa, o seu entorno ganhou um novo e vibrante significado, focado em projetos sociais que combatem a luta cotidiana das comunidades.
No antigo campo de um clube que fechou as portas, hoje funciona um projeto social que oferece aulas de futebol para crianças e adolescentes. O foco vai além do esporte, como explica Jucélio Silva, presidente de uma associação de moradores:
“Estamos tirando eles da rua, trazendo pro esporte, dando responsabilidade. Melhores notas, acompanhamento com os pais e com as mães”, disse Jucélio Silva. A associação agora luta para manter e desenvolver o espaço.
Outro espaço importante é ocupado pelo projeto Arte Gerando Renda, que oferece cursos gratuitos de capacitação profissional.
“Isso aqui é um universo de descobertas. Temos mulheres, adolescentes e meninas que estão buscando uma nova profissão, e esse curso abre portas”, afirmou a coordenadora Daniele Silva.
Para alunas como Geisa Paula, mãe de quatro filhos, a iniciativa é uma chance de transformação concreta: “Eu acho que é uma importância imensa. Um curso desse é inviável para a gente pagar. Conseguir perto da gente, de graça, com todo material incluso, é um respiro para voltar para minha profissão e acabar de criar meus filhos”.
Assim, a “Pirâmide da Linha Amarela” guarda, em seu exterior, um futuro mais promissor do que o mistério que a cerca. Dentro da Comunidade da Fazendinha, o verdadeiro legado está na luta diária de quem transforma o abandono em oportunidades para a próxima geração.

‘Pirâmide’ da Linha Amarela — Foto: Reprodução/RJ2

Vista da janela da Pirâmide de Linha Amarela — Foto: Reprodução/RJ2
Informações via Portal G1


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