Querosene produzido com luz solar pode abastecer aviões e navios
15 de setembro de 2019

A exploração do combustível fóssil e a própria eliminação de seus componentes durante a queima agridem muito o meio ambiente, seja com a poluição ou o esgotamento dos recursos naturais; por isso, a busca por alternativas é tão importante. Embora já tenhamos baterias avançadas o suficiente para mover carros elétricos, elas ainda não são suficientes para veículos grandes, a exemplo de aviões ou navios. Eis que uma pesquisa pioneira realizada por um consórcio internacional pode ser uma solução para isso.

A iniciativa chamada Sun-to-liquid, tocada por cientistas da Espanha, Alemanha, Suíça, Holanda e Eslovênia, com financiamento de recursos da União Europeia, vem chamando a atenção de profissionais do Japão e da Croácia. O objetivo é usar energia solar para produzir querosene em um processo mais “limpo e verde”.

Projeto está chamando a atenção de outros países (Imagem: Reprodução/YouTube/Arttic)

As variantes sintéticas ao bioquerosene, embora já diminuam o impacto ambiental, ainda jogam muitos resíduos na natureza. O diretor da usina, Manuel Romero, explica ao Deustche Welle que a grande vantagem da novidade é eliminar a emissão de dióxido de carbono (CO2) e usar menos recursos e espaço que o bioquerosene. “(No processo convencional) florestas são desmatadas para a plantação da matéria-prima. Além disso, há exploração do preço dos alimentos devido à grande demanda por certas plantas.”

Reator usa 160 espelhos para captar luz solar

A usina, que fica em Móstoles, perto de Madri, na Espanha, é a primeira desse tipo no mundo. Sua estrutura consiste em uma torre de 20 metros de altura equipada com 160 helióstatos, instrumentos que usam espelhos planos capazes de girar em torno de um eixo e projetar os raios solares sobre um ponto fixo.

A câmara do reator é aquecida a cerca de 1.500 graus Celsius e, com a ajuda de um catalisador criado pelo Instituto Federal de Tecnologia de Zurique, é possível chegar a um gás sintético produzido a partir de água e CO2 extraído do ar. Em seguida, ele é liquefeito por um método descoberto pelos alemães Franz Fischer e Hans Tropsch.

O problema para que o querosene vindo da luz solar seja comercialmente viável é, assim como outras alternativas atualmente em desenvolvimento, a competição com o bioquerosene em termos de custos: o querosene sintético demanda cerca de 2 euros por litro, enquanto o tradicional sai por 0,50 euro por litro.

A expectativa do grupo é que impostos possam equilibrar essa competição, já que atualmente não há incidência de taxas sobre o bioquerosene — diferente do que acontece com os combustíveis de carros.

Fonte: UOL