ONG afirma que fábrica da Coca-Cola está destruindo meio ambiente
22 de abril de 2018

A Serra da Moeda, um dos destinos mais procurados em Minas Gerais pelos fãs de esportes radicais, está sendo palco de um protesto neste sábado. Aproximadamente 10 mil pessoas fazem um cordão humano e abraça a unidade de conservação para alertar sobre a degradação das nascentes do local.

Integrantes da ONG Abrace a Serra da Moeda alegam que a água responsável por abastecer mais de 10 mil famílias que moram na Região Metropolitana de Belo Horizonte corre o risco de secar devido a atuação de empreendimentos e atividades ligadas à exploração do minério.

Por isso, estão realizando neste sábado, a 11ª edição do “Abrace a Serra da Moeda”. O ato, que deve reunir moradores da região, autoridades, ambientalistas, esportistas e grupos culturais, está ocorrendo na rampa de voo livre no Topo do Mundo.

A intenção do protesto, conforme os organizadores, é cobrar que a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) tenha mais rigor na liberação de  empreendimentos que podem ter impactos negativos na unidade de conservação.

Um dos empreendimentos que segundo a ONG tem destruído a área verde é a fábrica da Coca-Cola, instalada no município de Itabirito. Ambientalistas alegam que a unidade extrai mensalmente 173.253 m3 de água dos mananciais, sem apresentar estudos hidrogeológicos prévios, e denunciam que a fábrica foi instalada nos limites da Área de Proteção Ambiental Sul (APA SUL), o que contrariaria recomendações do Instituto Estadual de Florestas (IEF).

“A área onde, em 2015, foi instalada a fábrica da Coca-Cola, em Itabirito, passou a fazer parte da respectiva unidade de conservação. Entretanto o IEF só incluiu a multinacional nos limites da APA SUL em 6 de dezembro de 2017”, informa a ONG Abrace a Serra da Moeda, em nota.

Por meio de nota, a Coca-Cola se defendeu e garantiu que “possui todas as licenças ambientais exigidas para seu regular funcionamento e, desde o início, seguiu todas as etapas necessárias para sua implantação, além de estar localizada no Distrito Industrial de Itabirito”. Além disso, a empresa informou que possui um estudo hidrogeológico, que indica que não há interferência dos poços do SAAE Itabirito em relação à vazão das nascentes em Brumadinho.

A construção do complexo residencial CSul Lagoa dos Ingleses, em Nova Lima, também traria graves problemas para a Serra da Moeda, de acordo com a ONG. “O complexo, que ocupará uma área de 27 milhões de m², com demanda de mais de 2.300.000 m³ de água por mês, também não apresentou estudos hidrogeológicos prévios consistentes, que confirmem sua viabilidade hídrica”, alega a Abrace.

A situação seria agravada pela reativação da Mina da Serrinha, da mineradora Ferrous Resources do Brasil. Se o megaempreendimento conseguir autorização para retomar as atividades, a ONG teme pelo rebaixamento do lençol freático e a secura da nascente Mãe D’água. “Estudos técnicos demonstram ainda que a mineração trará a degradação da paisagem, instabilidade da encosta da Serra, poluição sonora, crescimento urbano desordenado, emissão de poeira e colocará em risco a sobrevivência de espécies de flora endêmicas e de fauna ameaçadas de extinção”, enumera a ONG.

As duas empresas ainda não se posicionaram sobre as denúncias.

Fonte: Hoje em dia