O Dia Nacional do Evangelho é comemorado nesta quinta-feira dia 31 de outubro
31 de outubro de 2019

A Presidência da República sancionou, no dia 12 de janeiro, a Lei nº 13.246, que institui o dia 31 de outubro como o Dia Nacional da Proclamação do Evangelho. A nova lei foi publicada no Diário Oficial da União do dia 13.

O Projeto de Lei (PL 2828) que originou a Lei foi apresentado em dezembro de 2003, por Neucimar Fraga, deputado federal naquela época.

Em sua justificativa para a apresentação do projeto, Fraga fala da violência generalizada que existe no mundo, além da distorção de valores na sociedade atual, e diz que “a fidelidade à mensagem de Jesus sobre o Reino e ao seu amor infinito implica um compromisso ativo na transformação das estruturas injustas. A proclamação do Evangelho supõe a promoção da paz e da justiça para criar um mundo novo que reflita melhor o Reino de Deus, presente já neste mundo”.

Introdução aos Evangelhos

Os cristãos consideram os quatro Evangelhos como o centro do Novo Testamento. A palavra Evangelho vem do Grego que significa Boa Nova. Entre os cristãos passou a significar a mensagem de Cristo, “aquilo que Jesus fez e disse” (At 1, 1). A Igreja reconhece 4 narrações dos Evangelhos como inspirados e canônicas: O Evangelho segundo São Mateus, Marcos, Lucas e João.

OS QUATRO EVANGELISTAS:

Os quatros evangelistas são Mateus, Marcos, Lucas e João Marcos e Lucas não fazem parte dos Doze Apóstolos. Conforme uma profecia de Ezequiel e uma passagem em Apocalipse (Ez 1, 4-10, e Ap 4, 6-8). a tradição cristã dos séculos II/IV representa os evangelistas por símbolos ou figuras de animais, da seguinte maneira:

Mateus – representado pela figura de um homem, porque começou a escrever seu Evangelho dando a genealogia de Jesus (dimensão da obra prima de Deus; a imagem e semelhança de Deus);

Marcos – representado pela figura de um leão, porque começou a narração de seu Evangelho no deserto, onde mora a fera (dimensão de força, realeza, poder, autoridade);

Lucas – representado pelo Touro, porque começou a narração pelo templo, onde eram imolados os bois (dimensão de oferta);

João – representado pela Águia, por causa do elevado estilo de seu Evangelho, que fala da Divindade e do Mistério altíssimo do Filho de Deus.

A FORMAÇÃO (COMPOSIÇÃO) DOS EVANGELHOS:

Atualmente a teoria das fontes e uma teoria defendida pela maioria dos exegetas, para explicar a formação dos Evangelhos sinóticos. Esta teoria afirma o seguinte: Marcos é o mais antigo dos nosso Evangelhos, seguido por Mateus e Lucas, independentemente um do outro, Acredita-se que existiu um outro documento especial onde havia Palavras e discursos de Jesus. Esse documento hipotético, que deve ter sido escrito em grego, é chamada “Q”, do alemão Quelle (fonte), teria sido uma fonte usada para compor, juntamente com o Evangelho de Marcos, os Evangelhos de Mateus e Lucas. Quanto ao Engelho de São João foi escrito, em grego, por volta do ano 100.

O Evangelho foi anunciado oralmente e depois escrito. Há um intervalo de 30 a 70 anos entre Jesus e o texto definitivo dos Evangelhos. Na verdade Jesus pregou sem deixar nada por escrito, nem tampouco mandou os apóstolos escreverem. A Igreja admite três etapas nesse período de tempo:

a. De Jesus aos Apóstolos – Jesus pregava a Boa Nova usando a linguagem dos rabinos (Parábolas), Após a ressurreição, Cristo investiu os apóstolos da missão de pregar o Evangelho por todo o mundo, o que se deu após o dia de Pentecostes.

b. Dos Apóstolos às primeiras Comunidades cristãs – Jesus morreu e ressuscitou não abandonou os seus discípulos. Enviou o Espírito Santo para orientar os Apóstolos na fiel pregação do Evangelho. Ele mesmo disse “não vos preocupeis com o que haveis de dizer…” A mensagem de Jesus foi levada de Jerusalém para Samaria, Galiléia, Síria, Grécia, Roma … Até os confins da terra. Depois da morte de Jesus e reunindo comunidades para viver um estilo de vida de acordo com a Palavra e a ação de Jesus.

Essa pregação inicial era chamada de primeiro anúncio, ou Kerigma, era uma pregação curta, que gerava frutos de conversão e a adesão a Jesus, cujo tema central era a vitória de Jesus sobre o pecado e a morte obtida na cruz – Páscoa -, a ressurreição etc…

Depois desse anúncio começava a catequese, isto é, de educação para uma vida segundo a fé. É esta etapa de catequese nas comunidades iniciarem as tradições orais e também os primeiros escritos que formaram mais tarde os Evangelhos, pois a medida que iam pregando o Evangelho, os apóstolos sentiram necessidade de escreverem o que pregavam para facilitar a aprendizagem texto de parábolas, milagre, profecias, narrativas da paixão e ressurreição, para poder transmitir as verdades da fé.

c. Das primeiras Comunidades cristãs aos Evangelhos – Assim os evangelho são um espelho de catequese que era feita nas primeiras comunidades cristãs. Essa pregação chamava-se dedachê, nela estava incluído o conteúdo do querigma, passando porém, a uma formação cristã mais profunda para aquelas comunidades. O Sermão da Montanha é um exemplo clássico da didachê.

Das diversas compilações feitas nas Comunidades, quatro foram reconhecidas pela Igreja como canônicas, isto é autêntica Palavra de Deus. Dai surgiu os quatro Evangelhos segundo Mateus, Marco, Lucas e João. Os quatro Evangelhos são semelhantes entre si porque tratam do mesmo Jesus. Apresentam variações diferentes porque nasceram em comunidades diferentes. Os Evangelhos aparecem entre 30 e 70 anos depois da morte de Jesus. A intenção não era fazer uma biografia, uma história de Jesus. Queriam, sim, converter, esclarecer e manter vivo nas comunidades o compromisso com Jesus, recordando suas palavras, sua morte e ressurreição.

FIDELIDADE HISTÓRICA DOS EVANGELHOS

Mesmo se fora da Bíblia não tivéssemos testemunho algum sobre a vida de Jesus não seria de modo algum para se estranhar, levando em conta que para historiografia daquela época, a vida de Jesus não podia constituir um acontecimento da importância decisiva. Porém tais testemunhos existem. Flávio José (37-97dC) – nascido em Jerusalém, conheceu a primitiva comunidade cristã de Jerusalém. Membro de uma família da nobreza sacerdotal, interessou-se em observar, criticar e até escrever sobre esta nova religião e sobre seu fundador Jesus Cristo. Plínio o Moço (62-114dC) – governador da Província da Bitínia pediu instruções ao imperador Trajano sobre o comportamento a adotar com relação aos cristãos.

1. A mensagem de Jesus Cristo se propagou como o acompanhamento dos Apóstolos. – As comunidades surgiram sempre com a presença de um apóstolo. Lembremo-nos, por exemplo, de que, “quando os apóstolos souberam em Jerusalém que a Samaria tinha recebido a Palavra de Deus, enviaram Pedro e João para lá (At 8, 14). “Pedro viajava por toda parte” na terra de Israel, a fim de atender às necessidades dos cristãos (At 9, 32). São Paulo mantinha intercâmbio com as comunidades da Ásia Menor, da Grécia e de Roma, recebendo mensageiros e enviando cartas às mesmas. O mesmo se diga dos outros apóstolos cujos escritos atestam o zelo pela conservação da integra da doutrina. Veja também outros textos que mostram o contato constante das novas comunidades com a Igreja-mãe de Jerusalém: At 11, 27-29 – At 15,2 – At 18, 22; I Cor 16, 3; II Cor 8, 14.

2. Os apóstolos tinham consciência de lidar com uma tradição santa e intocável. São Paulo dizia aos Coríntios: “ Eu vos transmiti aquilo aquilo que eu mesmo recebi” ( I Cor 15,3; 11,23). O Evangelho pregado por São Paulo aos gentios, foi reconhecido pelos grandes apóstolos de Jerusalém ( Gl 2,7-9) . Os Tessalonicenses eram exortados a manter a tradição recebida e afastar-se de quem não a seguisse (II Ts 2,15). Antes de morrer, São Paulo recomenda a Timóteo que transmita o depósito santo a homens de confiança que sejam capazes de o passar a outros( II Tm 2,2) . É dever dos ministros de Cristo que sejam fiéis ( I Cor 4,1s; Its2,4).

3. Os apóstolos inspirados pelo Espírito Santo discerniram o que era autêntico e o que era mito. E cuidaram para que tais mitos não se mesclassem com a autêntica doutrina de Cristo. A Igreja recolheu os mitos, desvios e erros doutrinários ocorridos na pregação da mensagem cristã e chamou de literatura apócrifa. São Paulo tem consciência de que mitos não fazem parte da mensagem Evangélica, e por isso, devem ser banidos da pregação (I Tim 1, 4; 4, 7; II Tm 4,4; Tt 1, 14 e também cf I Pd 1, 16).

Apócrifo – Os mitos erros e desvios ocorridos na pregação da mensagem cristã dos primeiros foram recolhidos na chamada literatura apócrifa, cujo estilo é evidentemente imaginoso e fictício. A Igreja teve a assistência do Espírito Santo para discernir claramente o autêntico e não autêntico.

Mito – Os mitos todos têm estilo vago, do ponto de vista da cronologia e da topografia. Refere-se, geralmente como contexto um tempo fora do tempo. Tem como heróis em geral os primeiros homens à volta com deuses ou seres maus; não podem se referir a uma época histórica precisa; na maioria das vezes e pessimista ou fatalista; não deixando ao homem o direito de exercer sua liberdade e responsabilidade. Com os Evangelhos (e toda a Palavra de Deus) dá-se o contrário: o local é exato – a Palestina -, a cronologia é exata e comprovada pela história, como se pode verificar menções a César Augusto (Lc 2, 1) Tibério César, Pôncio Pilatos (Lc 3, 1s).

COMO SURGIU O NOVO TESTAMENTO?

Entre a vida de Jesus e a composição dos escritos do Novo Testamento não há um espaço vazio sem literatura. Entre o período de 30 a 50 dC. houve uma grande tradição oral, e também a fixação de uma tradição escrita que dava testemunho de Jesus crucificado e ressuscitado dentre os mortos. Ele tinha contato com a fé, a difundia, vivia em meio às comunidades cristãs, não era alguém isolado, que observava os fatos “de fora”, era alguém que guardava em seu coração a viva tradição oral e que depois passou a registrar em escritos inspirados. Assim, primeiro veio a tradição oral, que era viva e eficaz no seio da Igreja nascente. A Igreja nasceu, os seus primeiros membros, homens e mulheres “afortunados”, que geralmente conviveram diretamente com Jesus, começaram a se mexer e foram surgindo as primeiras comunidades e assim a mensagem foi se espalhando. Depois começa a surgir a tradição escrita; os primeiros escritos, as primeiras cartas.

Muitos pensam que os 4 Evangelhos foram escritos por primeiro, já que falam tão diretamente das ações de Jesus, mas não foi assim, o escrito mais antigo do Novo Testamento é a I Carta de São Paulo à comunidade de Tessalônica, na Grécia, no ano 51 dC, ou seja 18 anos depois da Páscoa do Senhor. É só por volta de 64 dC que aparece o primeiro Evangelho, escrito por Marcos.

O Novo Testamento foi escrito inteiramente em grego, na língua “comum” da época. É importante notar que toda a riqueza do Novo Testamento veio da Igreja. Primeiro surgiu a Igreja, primeiro veio a necessidade dos cristãos estarem juntos, unidos, e dessa união, dessa fundação vieram os escrito inspirados e canônicos.

O que significa a inspiração bíblica (livro inspirado) e revelação?

Distingue-se da inspiração no sentido usual da palavra, pois não é ditado mecânico, nem comunicação de idéias que o homem ignorava. Inspiração bíblica é a iluminação da mente de um escritor para que, sob a luz de Deus possa escrever, com as noções religiosas e humanas que possui, um livro portador de autêntica mensagem divina ou um livro que transmite fielmente o pensamento de Deus revestido de linguagem humana.

A finalidade da inspiração bíblica é religiosa, e não da ordem das ciências naturais. Toda a Bíblia é inspirada de ponta a ponta, em qualquer de seus livros. Certas passagens bíblicas, além de inspiradas, são também portadoras de revelação ou da comunicação de doutrinas que o autor sagrado não conhecia através da sua cultura. Por exemplo: é uma revelação e não inspiração a verdade de que Deus é Pai, Filho e Espírito Santo. Nunca os homens chegariam por si a conhecer tais verdades. Por isto o judaísmo e o cristianismo são religiões reveladas. Atenção: Nem todas as páginas da Bíblia são portadoras de revelação divina, mas todas as páginas são inspiradas.

O que é um escrito Canônico?

Cânon vem do grego Kanná, caniço. Significa catálogo, registro. Neste sentido os cristãos passaram a falar do cânon bíblico ou da Bíblia = catálogo dos livros bíblicos. A Igreja possuía, desde o primeiro dia de sua existência, um cânon das Escrituras inspiradas: o Antigo Testamento. Porém a Igreja primitiva tinha três autoridades: o Antigo Testamento, o Senhor e os apóstolos. contudo, a autoridade maior e decisiva era Cristo, o Senhor. As palavras do Senhor e os relatos dos seus feitos começaram a ser redigidos. Em sua obra missionária, os apóstolos tiveram a necessidade de escrever a certas comunidades e estes escritos, passado algum tempo, ganharam a mesma autoridade dos escritos do Antigo Testamento. Os Evangelhos, embora não sejam os escritos mais antigos do Novo Testamento, foram os primeiros a serem colocados em pé de igualdade com o Antigo Testamento e reconhecidos como canônicos. Coube sempre a Igreja a tarefa de reconhecer quais os livros inspirados, visto que os escritos nasceram da Igreja e com a Igreja.

Ser Cristão não é somente ir na Igreja aos domingos. Ser cristão é adotar o mesmo estilo de vida de Jesus Cristo.