Criminosos incluem vítimas em grupos de WhatsApp em novo golpe
9 de fevereiro de 2019

Números das vítimas são clonados e utilizados para pedir dinheiro a todos os contatos da agenda

Golpistas estão usando, mais uma vez, a tecnologia a favor do mundo do crime. O objetivo é arrancar dinheiro das vítimas por meio do aplicativo de mensagens do Whatsapp. O bando está mandando mensagens para diversas pessoas, oferecendo empregos. Em um país com, aproximadamente, 13 milhões de desempregados, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a oferta de uma vaga no mercado de trabalho é tentadora. Mas, quando a vítima responde a mensagem, o número dela é automaticamente clonado e usado para pedir dinheiro a outras pessoas que estão na lista de contatos. 
 
Bruno Pereira, 22 anos, é uma das vítimas do golpe. O morador de Brasília conta que uma pessoa entrou em contato com ele, de um número com o DDD de Minas Gerais. A proposta era realmente de um emprego. Para conseguir a vaga, porém, Bruno foi orientado a entrar em um grupo de Whatsapp. O fraudador pediu que a vítima lhe enviasse uma senha, que chegaria via SMS. Assim, ele seria incluído no grupo. “O SMS chegou e eu entreguei a senha. Logo o meu Whatsapp foi clonado e eu não consegui mais ter acesso a minha conta”, contou. 
 
O golpista, que ainda não foi identificado pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), passou a pedir dinheiro aos contatos de Bruno, se passando pelo rapaz. A conta dele no app precisou ser cancelada e um novo chip, adquirido. Após perceber que tratava-se de um golpe, o jovem registrou boletim de ocorrência na Delegacia Especial de Repressão aos Crimes Cibernéticos do Distrito Federal (DRCC). 
 
Casos como esses acontecem com frequência no Brasil. Já neste ano, no Recife, por exemplo, uma enfermeira teve a conta do WhatsApp invadida ao aceitar entrar em um grupo que seria de roupas de grife. Em 2017, um bandido se passou pelo pai de duas irmãs, para pedir dinheiro por meio do WhatsApp. O caso teve repercussão nacional. Em Franca (SP), uma vítima chegou a perder R$ 2 mil, no mesmo golpe, no mês passado. 
 
O advogado especialista em direito digital do BVA advogados, Felipe Barreto Veiga, explicou que os crimes de natureza eletrônica são difíceis de serem investigados pela dificuldade que o agente tem de encontrar provas materiais concretas. Segundo ele, por oferecerem um menor potencial de dano à sociedade, as violações acabam tendo uma prioridade menor dentro das delegacias. “Ainda faltam condições para solucionar esses crimes dentro do Brasil”, disse. 
 
Apesar da dificuldade na investigação, especialistas aconselham alguns cuidados para evitar cair na armadilha dos criminosos. Veiga explica que os usuários da internet precisam ter consciência do que acessam. Por exemplo, é necessário evitar entrar em sites desconhecidos e jamais preencher qualquer formulário oferecido nas redes. “As pessoas ainda usam a internet de forma imprudente e o usuário precisa ter uma percepção, e ler as solicitações com cuidado para usar a rede de forma segura”, recomenda o advogado. 
 
O especialista também dá dicas caso a pessoa, infelizmente, caia no golpe. Segundo ele, assim que o usuário perceber que foi vítima de uma fraude, o primeiro passo é contatar uma autoridade policial para fazer um boletim de ocorrência. Caso ela tenha condições, o ideal é contratar um advogado especializado para ser orientada da melhor forma possível.  “A vítima precisa comprovar com urgência que as coisas que aconteceram em nome dela foi por meio de uma fraude”, alertou.
 
Correio procurou a Polícia Civil do DF para saber quantas vítimas registraram boletim de ocorrência referente ao novo golpe, mas, até a última atualização desta reportagem, nenhuma resposta havia sido dado à reportagem. 
 
Fonte: Correio Braziliense
 
* Estagiária sob supervisão de Anderson Costolli