Vício em redes sociais é maior entre adolescentes em situação de pobreza, diz estudo
11 de setembro de 2022

Levantamento foi feito em 43 países com mais de 179 mil crianças e adolescentes

Adolescentes de famílias em situação de vulnerabilidade são mais propensos a relatar vícios em Facebook, Instagram, WhatsApp e outras mídias sociais. É o que aponta o artigo: “Um mundo igualitário pode reduzir o uso problemático das mídias sociais?” publicado recentemente na revista Information, Communication and Society.

Além de uma ligação entre a desigualdade econômica e o uso problemático de plataformas de redes sociais e aplicativos de mensagens, o estudo relata que a situação é pior nas escolas onde existem diferenças sociais e de riqueza entre os colegas.

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“À medida que o fosso digital continua a diminuir em muitos países, as desigualdades econômicas persistem e continuam a ser um determinante social robusto da saúde e bem-estar dos adolescentes”, destaca a autora principal, Michela Lenzi, da Universidade de Pádua (Itália).

Os resultados foram baseados em entrevistas feitas com 179.049 crianças de 11, 13 e 15 anos em 43 países, incluindo a maior parte da Europa e o Canadá. Os pesquisadores pediram às crianças que preenchessem questionários para identificar comportamentos que indicassem um vício associado às mídias sociais. Entre os itens estavam: sentir-se mal ao não usar a mídia social; tentar, mas não passar menos tempo usando-a e usar a mídia social para escapar de sentimentos negativos.

Os formulários foram preenchidos anonimamente, sob supervisão, em sala de aula – sempre  por um professor ou entrevistador treinado. Qualquer criança que relatou seis ou mais itens que se associavam ao vício foi identificada como tendo PSMU (Uso problemático de mídia social). São padrões negativos que incluem ser incapaz de reduzir o tempo de tela ou mentir para amigos e familiares sobre o uso de mídias sociais.

Em seguida, para calcular o índice de vulnerabilidade dos jovens, um questionário baseado em bens materiais e atividades domésticas ou familiares foi usado. Levantou-se, por exemplo, o número de banheiros e quantas férias em família o jovem passou fora do país no último ano. Os autores também mediram a riqueza do país e o apoio social da família, além do grau de ajuda de parentes e amigos. Por fim, também se levou em conta a proporção da população que usava a internet em cada país.

Os resultados mostraram que os adolescentes que estavam em condições de pobreza relativamente maiores do que seus colegas de escola –  e que frequentavam escolas mais desiguais economicamente – são mais propensos a relatar PSMU.

A influência dos pais ou de seus colegas também se mostrou relevante. Uma ligação entre a desigualdade de renda do país e o PSMU, por exemplo, só foi encontrada entre adolescentes que relataram baixos níveis de apoio familiar.

Pode haver muitas razões para a ligação entre privação econômica e o uso problemático de redes sociais. Uma teoria sugerida pelo estudo é que o compartilhamento de imagens ou vídeos repercute especialmente com os adolescentes mais vulneráveis porque os associam a poder e status.

Para os autores, políticas públicas podem ajudar a limitar o comportamento disfuncional ou anormal dos jovens. Eles sugerem que os esforços de prevenção sejam baseados na escola e visem as diferenças de classe social “objetivas e percebidas” entre os alunos.

Também é fundamental o aumento do apoio dos familiares e colegas, que os autores descobriram ser um fator de proteção na relação entre privação relativa e PSMU.

Fonte: Galileu

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