UFRRJ oferece curso que ensina sobre segurança alimentar para a comunidade de Seropédica
9 de junho de 2025

Sementes crioulas e sua importância na agrobiodiversidade

Com o objetivo de compartilhar o conhecimento sobre ancestralidade e agricultura, a aluna de Licenciatura em Ciências Agrícolas da Rural Marcelly Lima, através de aulas, cursos e oficinas, leva para estudantes do ensino público, universitários e agricultores aulas e debates sobre a importância das sementes crioulas. Por meio de encontros colaborativos, o curso visa promover a conservação da agrobiodiversidade e a segurança alimentar, além de ensinar a sobre a implementação de bancos comunitários.

O curso “Sementes Crioulas: educação e práticas sustentáveis para a preservação da agrobiodiversidade” começou em 2024, com o objetivo de discutir sobre as sementes, tornar essa prática e esses alimentos ainda mais conhecidos dentro da comunidade universitária, agrícola e escolar. O projeto, que tem como responsável a professora Fabiana Araújo, do Instituto de Educação da Rural, e da pesquisadora da Embrapa Agrobiologia Ana Garofolo, possui parceria com a Pró-reitoria de Extensão da UFRRJ.

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– As sementes crioulas são variedades de plantas que foram selecionadas, cultivadas e preservadas por gerações de comunidades locais, como povos indígenas, quilombolas e agricultores familiares. Elas se desenvolveram e se adaptaram naturalmente aos ambientes específicos de cada região, clima e solo, tornando-se resistentes a pragas e doenças locais – explicou Marcelly. – Essas sementes não são apenas um patrimônio genético, mas também um patrimônio cultural e histórico, pois carregam consigo o conhecimento tradicional e a ancestralidade dos povos que as cultivam. Ao contrário das sementes híbridas ou geneticamente modificadas, as sementes crioulas podem ser reproduzidas pelos próprios agricultores ano após ano, garantindo a autonomia e a soberania alimentar das comunidades e contribuindo para manutenção da agrobiodiversidade.

Como alguns exemplos de sementes crioulas há o feijão-comum, o feijão-de-corda e variedades de milhos, macaxeiras/mandiocas e batatas doce.

Curso varia de acordo com o público

As características dessas plantas são aprimoradas através de práticas tradicionais, tornando-as mais adaptadas às condições climáticas e pragas locais. Dispensando o uso de agrotóxicos, as sementes são muito indicadas para dietas e alimentação saudável. Para garantir que, independentemente de idade e formação escolar, todos entendam a importância e benefícios desses alimentos ancestrais, Marcelly busca adequar a oficina ao público ouvinte.

Ao conversar com agricultores de Seropédica e regiões próximas, Marcelly faz uma abordagem mais prática, mostrando o correto armazenamento das sementes e da multiplicação na plantação. Na oficina, a estudante também explica sobre como manter essa tradição entre os agricultores orgânicos, além de fazer uma teia de relações, ouvindo suas demandas e fazendo uma ponte para o incentivo de suas atividades. Assim, a rede comunitária é fortalecida em torno da agrobiodiversidade, com o objetivo de promover um ciclo de colaboração no campo.

Com os alunos do ensino público, a ideia é tornar a oficina mais dinâmica, focando em perguntas sobre a importância e a diferença entre sementes e grãos. O curso auxilia de maneira educativa, com jogos criativos e estimulantes, sempre buscando um resgate cultural e de identidade para uma aproximação desses alunos com a realidade social.

Com uma abordagem mista, Marcelly tenta conciliar prática e teoria para os universitários e alunos do Colégio Técnico da Universidade Rural, o CTUR. Ela combina palestras sobre agroecologia e ida ao banco de sementes, na Fazendinha do Km 47. Para esse tipo de público, a estudante de Ciências Agrícolas ensina sobre técnicas para manuseamento dessas sementes, além de sempre levantar questões para conscientizar sobre segurança alimentar e conservação da agrobiodiversidade.

– A minha motivação para essa prática é entender que não existe olhar para o futuro sem pensar no passado, trazer esse resgate dos nossos ancestrais é algo muito importante para mim. Eu me sensibilizo demais com essa temática – contou Marcelly.

O interesse dela pelas sementes se iniciou através de um trabalho para uma disciplina do seu curso. Quando, posteriormente, conheceu alguns projetos com o mesmo tema, teve oportunidades de debater e se aprofundar sobre o assunto. Marcelly também foi, por dois anos, estagiária na Embrapa Agrobiologia, empresa que trabalha no desenvolvimento de pesquisa sobre agricultura orgânica. Lá, ela pôde aprofundar seus conhecimentos sobre as sementes, buscando levá-lo para sua realidade social. Assim, nasceu a ideia do curso no qual já atendeu centenas de pessoas.

No dia 12 de junho, durante a Semana Rural, Marcelly Lima apresentará o tema, além de falar sobre agricultura sustentável, no Centro de Integração Socioambiental (Cisa), das 9h às 14h. O Cisa fica na Rua UAR (dentro da Rural), ao lado do lago do IA, em frente ao laboratório de Ecologia de Peixes.

Texto: João Vítor Madruga (estudante de Jornalismo sob supervisão da professora Cristiane Venancio)

Fotos: Marcelly Lima / reprodução

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