Professor da UFRRJ é selecionado como pesquisador visitante em Stanford
23 de junho de 2025

Alexandre Fortes integrará grupo de elite acadêmica no prestigiado CASBS, com histórico de ganhadores do Nobel e Pulitzer

Professor da UFRRJ é selecionado como pesquisador visitante em Stanford

Professor da UFRRJ é selecionado como pesquisador visitante em Stanford

O professor Alexandre Fortes, do Departamento de História do Instituto Multidisciplinar (IM) da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), foi selecionado pelo Center for Advanced Study in the Behavioral Sciences (CASBS) da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, para atuar como “fellow” (pesquisador visitante) no período de setembro de 2025 a maio de 2026.

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A conquista é notável: apenas seis brasileiros haviam sido aceitos pelo programa nos últimos 70 anos. “É uma disputa muito acirrada. Em 70 anos, apenas seis pesquisadores brasileiros tinham sido selecionados até hoje. Do centro saíram 30 ganhadores do prêmio Nobel e 25 do Pulitzer”, ressaltou Fortes, ao comentar a importância da nomeação.

Um reconhecimento pessoal e acadêmico

Em entrevista à Coordenadoria de Comunicação Social (CCS) da UFRRJ, Fortes falou sobre o valor simbólico da seleção para sua trajetória profissional:

“Fiquei muito feliz com a minha seleção como ‘fellow’ do Center for Advanced Study in the Behavioral Sciences da Stanford University. Vejo essa conquista como o coroamento de várias décadas de dedicação à pesquisa e ao ensino, durante as quais sempre me esforcei para conectar o local, o nacional e o global. Em termos pessoais, é um reconhecimento muito importante e uma recompensa a um esforço muito intenso de busca da internacionalização, especialmente considerando-se a minha origem social, que não me deu acesso a cursos de línguas nem a viagens ao exterior antes que eu ingressasse na pós-graduação em História na Unicamp.”

Processo seletivo altamente competitivo

Fortes explicou que o processo de candidatura ao CASBS é anual, com inscrições geralmente abertas no segundo semestre:

“O CASBS lança um edital no segundo semestre de cada ano. No ano passado a data-limite de inscrição foi 1° de novembro, para a turma que permanecerá no ano letivo entre setembro de 2025 e maio de 2026. Os candidatos precisam enviar um currículo em inglês e duas cartas de recomendação; preencher um formulário eletrônico; e elaborar uma proposta de pesquisa de duas páginas, respondendo a duas questões: 1) Qual o seu trabalho de maior impacto até hoje; 2) Qual o seu plano ou foco para o período da bolsa.”

Embora o número de inscritos não seja divulgado oficialmente, Fortes acredita que a concorrência é elevada:

“Eles não divulgam o número total de candidatos, mas instituições similares (como o Instituto de Estudos Avançados de Princeton) têm mais de 500 postulantes por ano. O CASBS seleciona cerca de 30 bolsistas, sendo cinco ou seis professores de Stanford e dez vagas oferecidas em parcerias com instituições asiáticas (Coreia, Taiwan, Hong-Kong). Das demais, a maioria se destina a docentes de universidades dos EUA. O número de estrangeiros que entram pela ‘livre-concorrência’ é muito baixo. Em mais de 70 anos de atividade, apenas seis brasileiros passaram pelo centro (Luiz Costa-Pinto, Roberto Mangabeira Unger, M. Manuela Carneiro da Cunha, Sergio Miceli, João José Reis e Carlos Costa-Ribeiro).”

O que significa ser “fellow” do CASBS?

Sobre a função que exercerá em Stanford, o professor destaca o caráter simbólico e colaborativo da nomeação:

“É difícil traduzir o conceito de ‘fellow’ neste contexto. Basicamente, é um reconhecimento como um par, alguém na mesma posição hierárquica que os demais que já passaram pelo Centro. Nesse sentido, é uma grande honra, considerando-se que 30 CASBS Fellows já foram agraciados com o Prêmio Nobel e 25 com o Prêmio Pulitzer.”

Os bolsistas recebem uma bolsa mensal e se dedicam integralmente à pesquisa, além de participar de atividades e interações constantes com outros acadêmicos, inclusive durante os almoços compartilhados no centro.

Pesquisa internacional e legado acadêmico

A proposta de pesquisa que Fortes irá desenvolver é desdobramento direto de seu livro publicado em 2024, “The Second World War and the Rise of Mass Nationalism in Brazil: Class, Race, and Citizenship”. A nova etapa do trabalho consistirá em um estudo comparativo com outros países latino-americanos:

“A proposta que eu apresentei ao CASBS foi de uma pesquisa na qual aplicarei o arcabouço teórico-metodológico desenvolvido no livro numa análise comparativa entre Brasil, México e Argentina. Creio que consegui explicar bem como esse estudo é relevante para a reflexão sobre os desafios relativos à transição de hegemonia global e de ressurgência dos nacionalismos autoritários no mundo de hoje. Essa pesquisa vai gerar diversos artigos e capítulos e, daqui a alguns anos, um novo livro.”

Impacto na UFRRJ e nas Ciências Humanas

Além do mérito individual, Fortes destaca o valor institucional da conquista:

“Sem sombra de dúvida, esse é um dos maiores trunfos acadêmicos internacionais já conquistados pela UFRRJ, ao menos na grande área das Ciências Humanas. Eu acredito que essa experiência vai ajudar a consolidar a nossa Universidade como referência emergente de pesquisas neste campo.”

 

Fonte: CCS/UFRRJ

Fotografia: Acervo de Alexandre Fortes

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