Operação da PM em comunidades da Zona Oeste tem quatro mortos e um ferido
13 de outubro de 2020

Quatro pessoas morreram e uma ficou ferida durante uma operação da Polícia Militar nas comunidades Vila Aliança, em Bangu, e do Sapo e do Rebu, em Senador Camará, ambos bairros da Zona Oeste do Rio, nesta terça-feira. Foram apreendidos quatro fuzis e uma pistola na ação, feita por agentes do 14º BPM (Bangu). As armas estavam com os baleados, de acordo com a PM.

Em seu perfil no Twitter, a corporação informou que o objetivo da operação é remover barricadas instaladas por traficantes, que impedem o deslocamento de moradores. Uma retroescavadeira está sendo usada para auxiliar nas remoções.

Na Vila Aliança, segundo a PM, a ação também visa a tentar localizar os criminosos envolvidos na morte do sargento da corporação Cirio Damasceno Santos, de 51 anos, na Avenida Brasil, na altura do Muquiço, nesta segunda-feira. Durante a operação, na manhã desta terça-feira, foram identificados entre os mortos Felipe Neves da Costa Oliveira, o Xapinha, 29 anos, apontado como o gerente do tráfico de drogas das comunidades do Sossego e Morrinho — que faz parte do Complexo de Senador Camará —; e o adolescente Kaua Souza da Silva, de 16 anos.

De acordo com a Polícia Militar, a inteligência do Segundo Comando de Policiamento de Área (2ª CPA) identificou que o carro usados pelos suspeitos, um Jeep Renegade, estaria dentro da comunidade do Muquiço. O tenente Maicon Pereira, porta-voz da Polícia Militar, disse que na tarde desta segunda-feira os agentes estiveram na localidade e encontraram o veículo. Além isso, Pereira afirmou que duas pessoas foram detidas e armas foram apreendidas.

— As ações para tentar identificar e localizar os suspeitos começaram ontem. A inteligência apurou que o carro estava no Muquiço e que os suspeitos eram de lá e da comunidade da Vila Aliança — destacou o porta-voz.

O tenente ainda fez um apelo:

— Estamos fazendo uma varredura, porque há barricadas que estão sendo retiradas pelo 14º BPM. Pedimos que os moradores denunciem para que chegamos aos assassinos do PM. O anonimato é garantido — afirmou Maicon.

De acordo com relatos de moradores, traficantes colocaram barricadas nos principais acessos à Vila Aliança. Imagens do “Bom Dia Rio”, da TV Globo, mostraram uma pessoa saltando do carro para retirar um desses bloqueios e conseguir passar.

O “Bom Dia Rio” exibiu ainda imagens de homens armados e com radiotransmissores andando por uma região de mata. Alguns se escondiam atrás de pedras.

Em nota, a PM informou sobre os cinco homens baleados e que todos foram socorridos após serem encontrados feridos:

“A Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar informa que policiais militares do 14ºBPM estão atuando no bairro Senador Camará, na Zona Oeste da cidade do Rio, nesta terça-feira (13/10). Até o momento, há informações de que houve confronto, sendo cinco indivíduos encontrados feridos e ocorrendo apreensão de quatro fuzis, uma pistola e carregadores. O socorro foi feito para o Hospital Municipal Albert Schweitzer. As ações seguem em andamento”.

A postura da Polícia Militar em afirmar que está permitindo fazer ações em comunidades do Rio mudou recentemente. Há até 15 dias, o secretário da corporação, o coronel Rogério Figueiredo de Lacerda, dizia que estava cumprindo a ordem do Supremo Tribunal Federal (STF) que proibia ações policiais nas favelas do Rio durante a pandemia. No entanto, desde a última semana Figueiredo passou a adotar uma postura diferente: afirma que fazer operações nas comunidades é excepcional.

Questionado sobre a excepcionalidade da operação, Maicon afirmou que a ação está dentro da lei e está fundamentada. O policial ainda criticou criminosos portanto armas que ele chamou de “utilizadas em guerras”.

— A operação foi montada com dados de inteligência. Cumprimos os protocolos, cumprimos a lei. Não é natural vermos isso: criminosos portando fuzis, que são armas de guerras.

Fonte: Extra

Fotos: 14º BPM