MASCAR CHICLETE FAZ MAL À SAÚDE E AO MEIO AMBIENTE. ENTENDA AS RAZÕES
28 de fevereiro de 2018

A goma de mascar tem várias denominações: pastilha elástica, chiclé de bola ou chiclete, como é mais conhecido. Mascar chicletes parece algo inofensivo, não é? Sabem qual a composição básica do chiclete? Antes de se tornar um produto industrializado, a goma de mascar era feita a partir do látex, denominado chicle, proveniente de uma árvore chamada sapotizeiro, sendo assim, o chiclete era um produto mais natural. Mas as coisas foram mudando.

Com o aumento do consumo e a necessidade de criar uma matéria-prima que substituísse a resina dessa árvore, que não era suficiente para a produção e a demanda de consumo, a goma de mascar passou a ser feita, principalmente, a partir de matéria-prima sintética de origem mineral, trocando em miúdos, plástico e borracha.

Em suma, a matéria-prima da goma de mascar, que antes era o látex vegetal proveniente de alguns tipos de árvores, foi substituída por polímeros derivados de petróleo, que são utilizados na fabricação de materiais, como colas, adesivos, pneus e lubrificantes de motores, entre outros.

Na base da goma, comumente, são misturados açúcares, glucose, corantes, aromatizantes e edulcorantes e outros aditivos, que têm a finalidade de torná-la mais palatável, cheirosa, colorida, atrativa e agradável.

Uma outra matéria-prima que pode ser utilizada como base para goma de mascar, é a gelatina neutra proveniente do couro de boi. E outros componentes que fazem parte da sua formulação, e que podem ser de origem animal, são a glicerina e glicerol.

A maioria dos fabricantes de chicletes registram na formulação da embalagem do produto, a “goma-base”, como um de seus ingredientes principais, e encobrem o fato de que petróleo ou a gelatina de couro de boi, lanolina, glicerina, polietileno, acetato de polivinila, cera de petróleo, ácido esteárico, entre outros, podem fazer parte de sua composição e podem ter efeito alérgeno no organismo (causar alergias e inflamações).

Alguns polímeros que podem constituir a goma de mascar são o PVA e o polyisobutylene utilizados em vários produtos que não são comestíveis.

Devido às regras de padrões de identificação das indústrias, os fabricantes não são obrigados a discriminar tudo o que compõem seus produtos.

Segundo a indústria química francesa Dertoline, a mesma matéria-prima que vai em seus produtos adesivos, Dercolitos, que são usados como cola de rótulos e fitas adesivas, é utilizada como base para chicletes.

Como vimos, só pela composição do chiclete existem várias questões a se repensar, que afetam nossa saúde, a vida dos animais e a preservação do meio-ambiente, porém, não para só aí.

No decorrer deste conteúdo, iremos conhecer mais sobre:

  1. Como é fabricado o chiclete industrializado
  2. A origem cultural e histórica da goma de mascar
  3. Quais os males que o chiclete provoca à nossa saúde, aos animais e ao meio-ambiente
  4. Alguns “benefícios” do hábito de mascar chiclete
  5. Conclusões

Confiram:

1. Como é fabricado o chiclete hoje em dia

Para saber como é a produção da goma de mascar industrializada, assistam este vídeo do canal Manual do Mundo, apresentado por Iberê Thenório.

2. A origem cultural e histórica da goma de mascar

O hábito de mascar goma remonta à Grécia Antiga. O “chiclete” que os antigos gregos mascavam provinha de uma resina de árvore chamada Mastiche, eles a usavam para limpar os dentes. Mas o hábito de mascar, também, ocorria entre os índios da Guatemala, que mascavam uma resina denominada chicle, extraída de uma árvore chamada sapotizeiro, para estimular a salivação. Os Maias, no México, mascavam esta mesma goma extraída do sapotizeiro. Os Astecas, posteriormente, assimilaram este hábito.

Foi no século XIX que fora inventado o chiclete feito da seiva (chicle) do sapotizeiro, oriunda de um projeto que não deu certo de produzir pneus com a resina (látex) desta árvore, mas que acabou funcionando para fazer a pastilha elástica. 

Essa invenção ocorreu na década de 1860, quando o presidente e general mexicano Antonio López de Santa Anna, ao vir se exilar nos Estados Unidos, trouxe e apresentou para o fotógrafo e inventor nova-iorquino Thomas Adams Jr., uma resina cremosa (látex) que era o chicle do sapotizeiro. Thomas Adams Jr. tentou, sem resultado, vulcanizá-la, para fazer borracha de pneus. O projeto de fabricar pneus com esta resina não deu certo porque a goma ficou muito mole, o que inviabilizou a produção destes produtos.

Como Adams viu Antonio Lopez mascando a resina chicle do sapotizeiro, hábito comum dos povos da América Central, resolveu reaproveitar o estoque de resina do projeto fracassado, produzindo a goma de mascar. Thomas Adams, em meados de 1870, adicionou água à esta resina e dessa mistura surgiu a goma de mascar que recebeu o nome de Chiclete. Dessa invenção, Thomas Adams produziu 200 unidades e vendeu em uma farmácia, a 1 centavo cada.

Em 1871 foi criada a Adams Sons e Company, onde Thomas Adams patenteou uma máquina para produção, em larga escala do Chiclete.

Com o aumento do consumo deste produto e o desenvolvimento do processo industrial, o Chiclete foi tendo modificações em sua formulação e fabricação.

As duas guerras mundiais, favoreceram o aumento do consumo da pastilha elástica, não só nos Estados Unidos mas no mundo inteiro. O chiclete começou a ser consumido como uma forma de acalmar as tensões vividas neste período.

Devido à popularidade que o chiclete foi tendo e ao aumento do seu consumo, novos fabricantes foram surgindo, criando novas formulações para essa guloseima mastigável. 

Por conta desse aumento no consumo e a necessidade de aumentar a produção, os fabricantes tiveram que procurar outras matérias-primas que substituíssem as resinas naturais e vegetais que não eram suficientes para a demanda de fabricação.

Surgiram novos e variados tipos de chicletes: sem açúcar; com adoçantes ou higienizantes para os dentes; coloridos; diversos sabores, formas e tamanhos; com recheio e casquinha e muitas novas marcas de pastilhas mastigáveis ou goma de mascar. 

O chiclete, a partir daí, foi se tornando um hábito ou até um vício, principalmente, entre os jovens.

Da resina vegetal para a industrial ocorreram muitas modificações que se tornaram prejudicais, em vários aspectos: saúde, vida animal e meio-ambiente.

Vamos saber, a seguir os prejuízos que esta inofensiva guloseima mastigável provoca, para nossa saúde, apesar de existirem controvérsias que serão comentadas e contestadas neste conteúdo.

3. Os males do chiclete

Os primeiros chicletes, como já relatado, eram feitos de plantas que possuíam propriedades nutritivas e medicinais, era um produto natural e que até fazia bem.

Como o processo industrial visando a fabricação em massa e o aumento do consumo do produto, foram adicionados aditivos e produtos químicos, que prejudicam nossa saúde.

Alguns dos males que o chiclete provoca à saúde são:

  • O açúcar contido no chiclete pode alimentar bactérias, dentro da boca, que soltam substâncias ácidas que corroem os dentes provocando cárie.
  • Mastigar demais goma de mascar pode desencadear disfunção da articulação temporo-mandibular, pelo atrito demasiado das articulações das mandíbulas e por gerar, com esse desgaste, disfunção da articulação e desequilíbrio muscular da mandíbula, podendo desencadear dores de cabeça, ouvidos e dentes.
  • Geralmente, a goma de mascar contém diversos tipos de açúcares, refinado e glucose são alguns deles, por isso ao mastigar chicletes estamos açucarando o nosso sangue, o que pode engordar causar diabetes, além da já mencionada cárie.
  • Alguns dentistas recomendam o uso de chicletes sem açúcar, mas nestes tipos de gomas de mascar são utilizados adoçantes como aspartame e sorbitol, que podem causar diversos problemas de saúde.
  • Outro problema que trazem os chicletes sem açúcar é que muitas vezes contém aromatizantes, corantes e conservantes que contribuem para erosão dentária e provocam desequilíbrios em nosso organismo.
  • A erosão dentária ocorre devido à descalcificação que degrada o esmalte dos dentes.
  • Pessoas com obturações nos dentes feitas de amálgama que, são constituídas de mercúrio, ao mascarem demais chicletes fazem com que esta substância seja liberada e absorvida pelo sangue, causando estresse oxidativo nos tecidos do organismo.
  • Engolir chicletes demais pode causar obstrução intestinal, bloqueando a passagem do alimento pelo intestino.
  • O hábito frequente de mascar chiclete, principalmente quando se está ansioso, promove aerogastria (engolir ar) aumentando os gases intestinais, provocando flatulências e distensão abdominal.
  • O ato de mascar chicletes, em excesso, pode fazer mal ao estômago, podendo provocar a gastrite. Isto acontece porque o estômago, ao receber a secreção da mastigação do chiclete, libera sucos gástricos para digestão de um alimento, que não tem, provocando excesso de acidez no estômago.
  • Os produtos químicos e artificiais contidos no chiclete podem ter efeito alérgeno, ou seja, podem causar reação alérgica e inflamatória em nosso corpo.

Faz mal para o meio ambiente:

  • Cerca de 80 a 90% dos chicletes são jogados no meio ambiente e são a segunda maior forma de poluição ambiental, depois das bitucas de cigarros.
  • Costumamos encontrar chicletes grudados nas calçadas, no asfalto, nas solas dos sapatos, sem falar quando o chiclete gruda na roupa, nos cabelos, em bancos de praças (e a gente lá se senta), nas carteiras e no chão da escola, no ônibus e em tantos outros lugares, causando problema além de nojo.

Os prejuízos mais cruéis provocados pelo chiclete são:

  • Muitas aves morrem por asfixia ou inanição, por se alimentarem de chicletes jogados no chão ou na natureza, que grudam em seus bicos e garganta.
  • Animais são confinados, explorados e abatidos para que o couro e colágeno (gelatina) se converta em matéria-prima para vários produtos e, no caso do chiclete, para fazer parte de formulação, seja na base da goma de mascar ou na forma de ingredientes adicionais.
  • Sujeira e estragos em patrimônios públicos, promovendo gastos do governo para limpeza, manutenção e restauração deles.
  • Entupimento de galerias pluviais, também gerando prejuízos materiais e financeiros tanto para os cidadãos como para a administração pública.
  • Poluição da água e solo, que acarreta prejuízos para os seres vivos e Natureza, para agravar mais a situação o chiclete leva 5 anos para se decompor.

 

4. Alguns “benefícios” do hábito de mascar chiclete.

Alguns profissionais da saúde ou estudos científicos defendem que o chiclete traz benefícios para quem o mastiga.

Vamos listar alguns deles, para poder lançar uma reflexão sobre o assunto.

Seguem alguns benefícios apontados em alguns estudos

  1. O chiclete melhora o hálito da boca e ajuda na saúde dos dentes– Pesquisadores britânicos da Faculdades de Medicina Dentária da Universidade de Plymouth, fizeram um estudo validado pela Fundação Britânica de Saúde Oral e publicado no “British Dental Journal”, que, afirma que a goma de mascar sem açúcar contribui para evitar placa dentária e promove a saúde dos dentes. Alguns dentistas defendem o uso dos chicletes, como benéfico para a boca e os dentes, desde que sejam sem açúcar e tenham substâncias higienizantes.
  2. Segundo pesquisa da Universidade de Northumbria, na Grã-Bretanha, a mastigação da goma de mascar, pode favorecer a concentração e a memória, pois aumenta a frequência cardíaca e a quantidade de oxigênio no cérebro.
  3. Outro benefício apontado em estudos, é que a mastigação do chiclete, em momentos de tensão, relaxa o maxilar e diminui o estresse e a ansiedade.

Agora que foram apontados os aspectos considerados bons, por alguns estudos sobre o chiclete, a seguir serão listados alguns aspectos que se contrapõe à cada um desses benefícios, que foram enumerados acima.

Se fizermos um balanço, existem mais desvantagens e prejuízos no ato de mascar o chiclete que hoje temos ao nosso alcance, e que é bem diferente da goma natural que lhe deu origem. Os benefícios que são atribuídos ao chiclete, da atualidade, são contestáveis e seguem os motivos que se contrapõem à cada um deles , enumerados anteriormente, fazendo a correspondência na mesma sequência:

1. O chiclete não melhora o hálito

Mau-hálito pode estar associado a problemas estomacais, do fígado ou na boca, exigem tratamento e cuidados específicos, o chiclete pode até agravar esses problemas. A melhor forma de cuidarmos de nossa boca e de nossos dentes, é com a escovação e com os tipos de alimentos que ingerimos. Uma alimentação pobre de nutrientes e cheia de aditivos e açúcar refinado, tem mais probabilidades de tornar os dentes suscetíveis a cárie ou a descalcificação. A maioria dos chicletes têm açúcar e os que não têm são mais caros e contêm aditivos dietéticos prejudiciais à saúde, além do que, o que beneficia nossa dentição é a correta e frequente higiene da boca, língua e dentes, e a diminuição do consumo de açúcares.

Os chicletes que não contêm açúcar costumam ser feitos com diferentes tipos de adoçantes, um deles é o sorbitol, que pode causar diarreia, devido a dificuldade do trato gastrointestinal de absorver esta substância. Outro adoçante utilizado é o aspartame que é oriundo de reações químicas provenientes de uma enzima derivada dos rins dos porcos.

O excesso de aspartame produz a liberação do ácido metanóico no sangue, que é altamente tóxico. Outra substância presente no aspartame é o ácido aspártico, que desencadeia a morte das células e é muito prejudicial para crianças, cujo organismo em desenvolvimento é mais suscetível aos efeitos prejudiciais desse produto. Outra reação danosa que o aspartame provoca no organismo é a liberação de fenilalanina que em alta concentração pode baixar o nível de serotonina favorecendo o surgimento de desequilíbrios como depressão, esquizofrenia, dor de cabeça e risco de infarto.

O aspartame é difundido como uma substância dietética, e é encontrado, comumente, em produtos para emagrecimento , porém , o que não é divulgado é que algumas reações produzidas por este aditivo é o aumento do desejo de consumir carboidratos, produzindo aumento de peso, efeito contrário à sua finalidade. Esta substância embora utilizada por diabéticos, descontrola os níveis de açúcar no sangue podendo acarretar o estado de coma, em quem tem diabete.

O consumo de aspartame é proibido para portadores de uma doença rara chamada fenilcetonúria, que produz a incapacidade do organismo da pessoa que sofre desse problema, de metabolizar a fenilalanina, encontrada no aspartame,  gerando uma série de transtornos em sua saúde.

Além da goma de mascar existem outros alimentos que contêm aspartame e são: refrigerantes, adoçantes dietéticos, xarope, doces, geleias, barras nutricionais, bebidas e sucos industrializados, em geral. 

2. O chiclete não favorece a concentração nem a memória

A concentração ocorre com a prática da atenção ao momento presente. As melhores formas de estimularmos as funções vitais e fisiológicas de nosso organismo como a concentração e a memória, é uma boa alimentação, eficiente hidratação e correta respiração.

Alimentos que contribuem para estimular a capacidade de concentração e da memória e melhoram as funções cerebrais são os cereais integrais, constituídos por nutrientes como vitamina E, vitaminas do complexo B e minerais, como selênio, zinco, cobre, ferro, magnésio, potássio e fósforo, trazendo muitos benéficos para a saúde do cérebro e sistema nervoso. 

Outra questão é que outro estudo feito pela Universidade Britânica de Cardiff revelou que mascar chiclete, prejudica o cérebro e memória à curto prazo. Essa informação, de certa forma, contesta a informação das pesquisas que afirmam que o chiclete é bom para a concentração. Concentração dissociada da memória, deixa de ser benéfico, não é mesmo? 

3. Mascar chiclete não diminui o estresse nem a ansiedade

Utilizar o chiclete como forma de aliviar estresse e ansiedade, pode se tornar um vício e não vai sanar o problema, na causa.

Melhor buscar alternativas saudáveis como: relaxamento, contato com a Natureza, yoga, uma música que acalme, uma caminhada, uma reflexão sobre o que possa estar desencadeando o estresse, conversar com uma pessoa amiga, entre outras.

Conclusões

Os benefícios que alguns estudos indicam se obter através da mastigação do chiclete, podem ser conseguidos de outras formas que não tragam prejuízos para nossa saúde, aos animais e o meio-ambiente.

Aviso: infelizmente no Brasil não existe marca sustentável de chiclete. Um produto sustentável, possui substâncias naturais e vegetais, sem devastar a Natureza; e biodegradáveis, que não poluem o meio-ambiente.

Nos EUA existem as marcas Simply Gum e a Glee. No México, a marca Chicza gum. Todos os chicletes destas marcas são feitos de goma natural de árvores Maçaranduba.

Agora com todas estes apontamentos, o desconhecimento não será o motivo de vermos esse hábito como algo inofensivo.

Nossas escolhas fazem a diferença para nossa saúde, à vida animal e ao meio-ambiente.