Infectologista pede que população evite consumo e contato com água da CEDAE no Rio
7 de janeiro de 2020

Moradores de bairros das zonas Norte e Oeste do Rio estão reclamando da água da Cedae. Desde sexta-feira (3), a água que sai das torneiras tem coloração de barro, com cheiro e gosto estranhos. O infectologista da UFRJ, Edmilson Migowski, adverte que a água desse jeito não deve ser bebida, nem usada na preparação de alimentos.

“A princípio, uma água que tem cor, sabor e cheiro, não é uma água própria para o consumo humano. Deve manter a água distante dos olhos, da boca e da ingestão. Após a normalização do abastecimento, deve lavar a caixa d’água porque o sedimento que está chegando as torneiras fica acumulado. Então, é preciso fazer uma boa higienização da caixa d’água, antes de voltar a consumir essa água”, disse o infectologista.

Migowski diz ainda que o ideal é que essa água não tenha contato com mucosas, como olhos, boca e nariz, por exemplo, porque bactérias e vírus podem penetrar por elas. Por isso, é bom evitar o contato e o banho com essa água.

“Quando fervida pode matar vírus, bactérias e protozoários. Mas isso não tira as impurezas. E se houver produtos químicos, a fervura não vai ser suficiente para melhorar a qualidade da água. Não vai ter problemas usar para lavar roupa, dar descarga, fazer limpeza. Mas se realmente tiver muito sedimentos é possível que as roupas fiquem amareladas”, disse Migowski, que alerta para o risco de a água ter sido contaminada por esgoto.

Nesta terça-feira (7), a água começou a sair um pouco menos turva, em São Cristóvão, na Zona Norte. O morador José Amorim notou o problema a partir de sábado (4). Além de turva, segundo ele, a água tem gosto de lama.

“Sou do interior e já tive problemas com água lá. É o mesmo gosto agora, gosto de lama”, disse o morador, que tem uma filha de 3 anos, que passou mal na noite de segunda-feira (6) por causa da água. A família passou a comprar água mineral para evitar a que sai das torneiras.

Outra moradora de São Cristóvão, Solange, contou que a filha, ao tomar banho se queixou de ardência nos olhos e teve ânsia de vômito ao escovar os dentes.

O mesmo problema se verificou, por exemplo, com moradores de Paciência, na Zona Oeste. A moradora Jacqueline Leocádio disse que percebeu o problema principalmente depois da chuva dos últimos dias.

A Cedae informou que fez a coleta de 150 amostras na segunda-feira (6), e num resultado preliminar, as amostras estavam dentro do padrão de potabilidade. A Cedae disse que vai continuar coletando amostras nesta terça-feira (7) e enviando para o laboratório de análise.

O Rio Guandu está virando o Rio Tiete de São Paulo, por falta de investimento do Governo no tratamento do esgoto dos municípios que ficam ao seu entorno. Falta também mais seriedade nos órgãos de fiscalização do meio ambiente, entre eles o INEA. A poucos anos o INEA liberou a colocação do Tratamento do Lixo da CTR em cima de um dos maiores aquíferos do Brasil, onde poderia abastecer o Rio de Janeiro com água potável, na falta do Rio Guandu. Devemos perguntar aos ex-governadores do Rio de Janeiro, porque foi liberado o Lixão onde está, que diariamente produz milhares de litros de Chorume, que pode ser o causador desta contaminação na água servida ao Rio de Janeiro.