Para que uma das construções mais grandiosas do Rio de Janeiro ficasse pronta, foi precioso derrubar muitas outras edificações. O passado mostra que a evolução da Cidade Maravilhosa é marcada por demolições. No entanto, nunca antes na história carioca se derrubou tanto para que uma obra fosse concluída. Entre diversos outros fatos esse é o mais marcante da memória da Avenida Presidente Vargas.
Projetada no final dos anos 1930, durante a ditadura do Estado Novo, a Avenida ficou pronta em sete de setembro de 1944, três anos após o início das obras – tempo recorde para época. Não diferente de obras públicas atuais, essa também custou uma fortuna: cerca de 270 mil contos de réis.
![Projeto](https://diariodorio.com/wp-content/uploads/2015/05/Projeto.jpg)
Ao ver o desenho de uma grande via que propunha cortar o centro da cidade e liga-lo a zona norte, o então presidente da república, Getúlio Vargas, enxergou ali mais um projeto faraônico para seu governo. Entretanto, essa ideia já existia há tempos na cabeça de outro estadista do Brasil.
![Canal do Mangue](https://diariodorio.com/wp-content/uploads/2015/05/Canal-do-Mangue.jpg)
No século XIX, um trajeto até a ainda afastada e pouco habitada zona norte era percorrido por Dom João. O Caminho das Lanternas, aberto pelo arquiteto francês Gradjean de Montigny, era uma via que passava pelo Mangual de São Diogo (Canal do Mangue) e ia do Campo de Santana – que na época ainda era Campo da Aclamação – até a Quinta da Boa Vista.
O citado Canal do Mangue fora de extrema importância em meados dos anos 1800. Dom João desejava uma área navegável que ligasse o mar ao Rocio Pequeno, atual Praça Onze de Junho. A obra do Mangue ainda é considerada uma das maiores reformas de saneamento básico da história da cidade do Rio de Janeiro.
![Bota Abaixo para construção da Presidente Vargas](https://diariodorio.com/wp-content/uploads/2015/05/Bota-Abaixo-para-construo-da-Presidente-Vargas.jpg)
Para que a Avenida Presidente Vargas pudesse ter carros andando – um dos maiores desejos de Vargas, que incentivava o consumo de veículos automotores -, muitos prédios precisaram ser amputados. Mais de 500 construções foram derrubadas durante as obras, entre elas a antiga sede da prefeitura, partes da Praça Onze (onde aconteceram os primórdios dos desfiles de escolas de samba), um trecho do Campo de Santana, além de ruas inteiras, como a General Câmara, São Pedro, Visconde de Itaúna e Senador Eusébio.
![Igreja de São Pedro](https://diariodorio.com/wp-content/uploads/2015/05/Igreja-de-So-Pedro.jpg)
Isso sem contar históricos templos religiosos. As igrejas do Bom Jesus do Calvário, de Nossa Senhora da Conceição, a Capela de São Domingos e a Igreja de São Pedro (construída por Mestre Valentim em meados dos anos 1700) foram demolidas. A Igreja da Candelária quase teve o mesmo castigo, mas foi decidido que ela ficaria na Avenida.
“A VONTADE DE FAZER UMA VIA PARA PASSAR PELO CENTRO E CHEGAR À ZONA NORTE ERA UM DESEJO ANTIGO, PORÉM, A CONSTRUÇÃO DA PRESIDENTE VARGAS EXTRAPOLOU MUITOS LIMITES. BOTOU NO CHÃO A PROPOSTA DE URBANIZAÇÃO DE PEREIRA PASSOS, QUE PLANEJAVA ESSA LIGAÇÃO ATRAVÉS DA RODRIGUES ALVES PELA MARECHAL FLORIANO, SEM PRECISAR DERRUBAR TANTO” DISSE O HISTORIADOR MAURÍCIO SANTOS.
Contrariando os tempos passados, atualmente a Avenida Presidente Vargas abriga diversas construções de extrema importância para a cultura, mobilidade, comércio e outros assuntos que ajudam a deixar essa cidade cada vez mais maravilhosa.
Fonte: Diário do Rio