Estudo da FGV DAPP revela dinâmica do roubo de cargas no estado do Rio de Janeiro
4 de agosto de 2018

Incidência é maior nas quartas e sextas e em bairros das zonas norte e oeste, com acesso a importantes vias do estado

O roubo de carga é um dos crimes contra o patrimônio que tem apresentado aumento significativo no estado do Rio de Janeiro nos últimos anos. Esse tipo de crime possui como alvo a carga transportada para ser distribuída para venda dos mais variados tipos de mercadorias, desde gêneros alimentícios e produtos de cosmética até mercadorias com alto valor, como celulares e computadores. Neste sentido, novo estudo da FGV DAPP busca compreender o panorama desse tipo de crime no estado, observando se há concentração em áreas específicas, para que se possam implementar medidas que visem coibir sua ocorrência.

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A partir dessa perspectiva, a FGV DAPP, com base nas estatísticas criminais oficiais disponibilizadas pelo Instituto de Segurança Pública (ISP) , apresenta análises com o objetivo de oferecer um diagnóstico do roubo de carga no estado do Rio de Janeiro. Destaca-se que este estudo representa uma das iniciativas do projeto de pesquisa da FGV DAPP “Denúncia, Crime e Castigo no estado do Rio de Janeiro”, tendo o ISP como um dos parceiros de dados.

Dados nacionais sobre roubo de carga

Com base no ano de 2016, os dados mais recentes fornecidos pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o estado do Rio de Janeiro contabilizou uma taxa de 59,3 casos de roubos de carga por 100 mil habitantes, a maior taxa do país. O quantitativo é 2,7 vezes maior que o segundo colocado, o estado de São Paulo, que registrou uma taxa de 22,2 casos por 100 mil habitantes. Em seguida, o estado do Rio Grande do Sul aparece com 10,6 casos de roubos de carga por 100 mil habitantes.

Fonte: 11º Anuário Brasileiro de Segurança Pública/ Fórum Brasileiro de Segurança Pública 2017, elaborado pela FGV DAPP. Disponível em: http://www.forumseguranca.org.br/atividades/anuario/. Acessado em: 21/05/2018.

Conforme indicado no gráfico 1, o roubo de carga no estado do Rio de Janeiro vem apresentando uma tendência linear de crescimento em seu quantitativo, no período considerado para análise referente aos anos de 2013 a 2017. Considerando o período entre abril a dezembro de 2017, contabilizou-se um aumento de 223,9% quando comparado ao mesmo período de 2013. Em relação a este mesmo período nos anos de 2017 e 2016, ainda observa-se um crescimento no volume de ocorrências de 10% dos registros de roubo de cargas, dando continuidade à tendência ascendente observada desde 2013.

Fonte: ISP com base em dados da PCERJ, elaborado pela FGV DAPP. 
Nota: * Dados referentes aos meses de abril a dezembro de 2013 a 2017.

Os dados nacionais e a série histórica de 2013 a 2017 indicam que o crime de roubo de carga vem apresentando números expressivos de ocorrência. Deste modo, com o objetivo de compreender qual o cenário atual do volume desta modalidade criminal, foi realizada uma estimativa para o comportamento de ocorrências de roubo de carga para o ano de 2018. Destaca-se que já foram disponibilizadas pelo ISP as ocorrências oficiais registradas para os meses de janeiro a junho de 2018, sendo a estimativa calculada pela FGV DAPP para o período referente a julho a dezembro de 2018.

Fonte: ISP com base em dados da PCERJ, elaborado pela FGV DAPP.
Notas: * Dados sujeitos a impacto dos movimentos reivindicatórios dos policiais civis de janeiro a março de 2017.
** Os dados de janeiro a junho correspondem aos dados consolidados de registros de ocorrência divulgados pelo ISP. Os meses de julho a dezembro de 2018 foram estimados pela FGV DAPP.

Roubo de carga sob uma perspectiva localizada no estado do Rio de Janeiro

É importante compreender a dinâmica do roubo de carga considerando as distinções que podem haver entre as regiões do estado do Rio de Janeiro. Neste sentido, o gráfico 3 permite visualizar o comportamento das diferentes regiões do estado do Rio de Janeiro no quantitativo de casos registrados, no período de junho de 2017 a junho de 2018. A capital concentra o maior número de registros, no período considerado, seguida pelas regiões da Baixada Fluminense, Grande Niterói e interior.

Ao se comparar o mês de junho de 2018 com o mesmo mês do ano anterior, é interessante perceber que, enquanto houve queda no número de casos no estado (menos 227 ou 23,1%), na capital (menos 282 ou 49,8%) e na Baixada Fluminense (menos 89 ou 31,0%), foi observado um aumento significativo nas regiões de Grande Niterói (mais 80 ou 88,9%) e do interior (mais 64).

Fonte: ISP com base em dados da PCERJ, elaborado pela FGV DAPP.

A figura a seguir permite visualizar o volume de ocorrências de roubo de carga, por dia e horário da semana, considerando como critério os quartis. O 1º quartil corresponde a 25% das ocorrências, o 2º quartil, a 50%, e o 3º quartil, a 75%. Os dados evidenciam que os registros de roubo de carga se concentraram no ano de 2017, principalmente nos períodos da manhã e da tarde, de segunda-feira à sábado. Destaca-se que nas quartas e quintas-feiras, além da manhã e da tarde, o período da madrugada também possui um alto índice de incidência. Os horários de quarta e sexta-feira pela manhã são os que apresentaram maior quantitativo, ambos com 596 casos.

Fonte: ISP com base em dados da PCERJ, elaborado pela FGV DAPP. 
Notas: * Dados sujeitos a impacto dos movimentos reivindicatórios dos policiais civis de janeiro a março de 2017.
*** O horários foram classificados como: de 0h às 5h59 (madrugada), de 6h às 11h59 (manhã), de 12h às 17h59 (tarde) e de 18h às 23h59 (noite).

O gráfico 6 a seguir evidencia os bairros com maior quantitativo de registros de crimes de roubo de carga, todos nas zonas Norte e Oeste do município do Rio de Janeiro. Os três bairros com maior volume são: Bangu, com 374 casos, Irajá, com 255, e Pavuna, com 231.

Fonte: ISP com base em dados da PCERJ, elaborado pela FGV DAPP.
Nota: *Dados sujeitos a impacto dos movimentos reivindicatórios dos policiais civis de janeiro a março de 2017.

Deste modo, a observação do território sob uma perspectiva georreferenciada pode contribuir fortemente para a análise das estatísticas criminais. A utilização de mapas de satélite, combinada com a realização de análises estatísticas, contribuem para observação das potencialidades da dinâmica criminal de roubo de carga. Pensar políticas públicas de combate à violência levando em consideração o espaço urbano é condição sine qua non para a efetividade da mesma, sobretudo em cidades, com a presença de áreas com pouco planejamento urbano, como é o caso do Rio de Janeiro. Além disso, para coibir este tipo de crime são necessárias ações policiais focadas não apenas no policiamento ostensivo para estas vias, mas em atividades investigativas que considerem toda a lógica de articulação destes crimes, desde o planejamento para o roubo, até o local de abordagem do veículo, de fuga e distribuição da carga subtraída.

 

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