Consciência Negra: Comunidade Quilombola em Lídice gera renda através da conservação ambiental
19 de novembro de 2018

O estado do Rio tem 38 quilombos reconhecidos pela Fundação Cultural Palmares.

Uma dessas comunidades é a de Alto da Serra, que fica em Lídice, distrito de Rio Claro/RJ, formada pelos descendentes dos trabalhadores negros que, na primeira metade do século XX, produziam carvão vegetal no Vale do Paraíba Fluminense.

A comunidade é composta por 45 famílias que vivem no local e hoje, ao invés do extrativismo, atuam ativamente na sua conservação ambiental, com ajuda do programa “Produtores de Água e Floresta” (PAF), do Comitê Guandu-RJ.

O PAF, que reúne apoio técnico e de insumos para conservação e recuperação ambiental, o pagamento por serviços ambientais (PSA) e, principalmente a conscientização e mudança de atitude da população local, é um exemplo consolidado, modelo para projetos dentro e fora do país.

No mês passado, os especialistas Herve Gilliard, chefe de projetos da Agência de Águas Francesa Loire Bretagne; Patrick Laigneau, consultor da empresa de consultoria em recursos hídricos Otinga e; Nicolas Bourlon, chefe de projetos na América Latina do órgão europeu para gestão de águas International Office for Water, foram conhecer de perto a comunidade e os bons resultados do programa.

Segundo Benedito Bernardo Leite Filho, o Sr Bené, ex-presidente da associação quilombola e líder comunitário, além da recuperação da mata, preservação e controle de efeitos naturais como enchentes, o PAF gera hoje à região, através do programa de PSA, pouco mais de dez mil reais ao ano, que são usados pela associação para melhorias que visam o coletivo e o desenvolvimento local: “através da associação que representa a comunidade, nós adquirimos insumos ou objetos de uso comum e até realizamos evento, como no dia das crianças, para as crianças e adolescentes do Alto da Serra”, explicou.

Os resultados do PAF vão além do ambiental. Com os recursos, a comunidade reformou e ampliou, há alguns anos, duas salas da Escola Municipalizada Rio das Pedras e, após a iniciativa, a prefeitura de Rio Claro/RJ ativou a unidade que hoje atende crianças de toda aquela região rural.

Os moradores da Comunidade Quilombola de Alto da Serra hoje trabalham com produção sustentável e são responsáveis diretos da recuperação e conservação ambiental da região onde vivem.

Na última quarta-feira, dia 14, ocorreu o pagamento dos 74 produtores que participam do PAF em Rio Claro/RJ, que já resultou na recuperação de mais de mil hectares de floresta e na conservação de mais quatro mil hectares, trazendo melhoria da qualidade e quantidade de água na Bacia do Guandu-RJ, que abastece mais de nove milhões de pessoas na região metropolitana do Rio de Janeiro.

Hoje, o Comitê Guandu-RJ ampliou o programa levando-o para a sub Bacia de Sacra Família, onde a meta é a conservação de mil hectares de florestas e a restauração de cinquenta hectares de áreas antrópicas, gerando renda a produtores de dos municípios de Mendes, Engenheiro Paulo de Frontin e Vassouras.