Os impactos do prolongamento da guerra para os supermercados
1 de maio de 2022

Presidente da ASSERJ fala sobre pesquisa realizada com supermercadistas que avaliou como o setor deverá se comportar diante do aumento no preço de commodities como trigo e soja

Por Fábio Queiróz, Presidente da ASSERJ

Reprodução: Internet

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A guerra entre Rússia e Ucrânia já entrou em seu terceiro mês. E setores empresariais como o dos supermercados estão atentos aos reflexos dos combates. Consulta realizada pela Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro (ASSERJ) com executivos de mais de 40 redes de supermercados do Brasil e da América Latina durante 32ª edição da Super Rio Expofood, uma das maiores feiras do setor alimentício realizada recentemente no Riocentro, colocou a guerra como a principal preocupação do setor em 2022, à frente das incertezas quanto às eleições e da possibilidade de agravamento da pandemia.

A economia da Rússia é equivalente à do Brasil e concentra-se na produção de bens estratégicos como gás, petróleo, grãos e fertilizantes. A Ucrânia, por sua vez, também é um grande produtor de grãos, assim como de produtos siderúrgicos. E como resultado da ofensiva russa, petróleo e commodities como trigo e milho iniciaram um movimento de forte alta, o que significa impactos de custos em toda a cadeia de produção, especialmente de alimentos.

Com uma base de associados de mais de 400 marcas e cerca de 2,5 mil lojas no estado, a ASSERJ estima que essas cotações elevadas sejam repassadas em parte aos consumidores e, como consequência, pressionem a inflação.

Um conflito mais duradouro deve pressionar os setores industriais que dependem de insumos importados, cadeias produtivas que já vinham desorganizadas por causa da pandemia. O agronegócio também pode ser afetado por depender de insumos, como o potássio, produzidos na Rússia e Belarus e que são indispensáveis para a produção de fertilizantes.

Diante desse cenário, os supermercadistas elegeram os três fatores que podem ter maior impacto para o setor em 2022, respectivamente: renda das famílias, inflação e dificuldade de aquisição de insumos e produtos. De fato, a inflação tem corroído o poder de compra dos consumidores e isso pode se agravar caso haja interrupção no fornecimento de alguns produtos por conta da guerra. Do trigo à vodca.

 

Portanto, os supermercados devem se preparar para o aumento de preços dos fabricantes de alimentos e bebidas, mas também com uma alta sensível nos custos com logística e energia.

Como consequência desse choque de preços, podemos projetar um movimento de alta das taxas de juros ao redor do mundo, mais um fator de aumento de custos para a imensa maioria das empresas, especialmente aquelas com necessidade de capital de giro.

Entre as redes de supermercados consultadas, 60% projetam queda nas vendas e 70% planejam reduzir os investimentos. Apenas 15% dos entrevistados sinalizaram aumento dessas variáveis frente ao ano passado.

O setor conseguiu superar os desafios de preços e de abastecimento trazidos pela pandemia e está pronto para esta nova conjuntura com a guerra, que aliás coincidiu com um movimento dos consumidores em busca de marcas mais baratas. Isto inevitavelmente incluirá, da parte dos supermercados, uma estratégia de diversificação de produtos, para atender a todos os perfis de compradores. E negociar com os fornecedores cada centavo, para que o aumento do preço nas gôndolas seja mínimo e o impacto seja o menor possível para o consumidor.

Fábio Queiróz é presidente da Associação dos Supermercados do Estado do Rio de Janeiro (ASSERJ) e lidera iniciativas para promover o desenvolvimento econômico do estado

Este é um artigo de Opinião e não reflete, necessariamente, a opinião do SEROPÉDICA ONLINE.

Fonte: Diário do Rio

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