Maior organismo da natureza corre risco de desaparecer
22 de outubro de 2018

Muito se engana quem pensa que o maior organismo da natureza seja o elefante ou abaleia. Na verdade, o dono desse título se chama Pando, uma colônia com mais de 40 mil árvores clonais formadas por um único DNA, com cerca de 6,6 mil toneladas, localizada em Utah (EUA). As raízes do sistema possuem mais de 80.000 anos e são as mais antigas do mundo. Agora, pesquisadores notaram que o seu fim pode estar próximo – e nós somos os maiores culpados.

Um estudo publicado no PLOS One analisou pela primeira vez todo o território da floresta. A conclusão é que o Pando não está mais crescendo e isso já acontece há, pelo menos, 30 anos.

“As pessoas são as principais culpadas por isso”, disse o co-autor do estudo, Paul Rogers, diretor da Western Aspen Alliance da Universidade Estadual de Utah. No ano passado ele já havia realizado uma pesquisa em uma área menor do Pando. Segundo o especialista, os indivíduos que moram próximos ao local permitiram que houvesse o aumento da população de cervos e gado na região. Se tratando de animais que pastam bastante, o número de mudas diminuiram, ficando apenas as árvores mais velhas.

Na pesquisa, Rogers e seus colegas dividiram a floresta em três grupos: uma seção sem nenhum controle de acesso, onde os animais puderam se alimentar livremente; outra que foi cercada e mantida intacta; e, por fim, uma última em que foram aplicadas técnicas para estimular o crescimento das árvores, removendo os arbustos e realizando queimadas controladas.

Os resultados mostraram que o simples afastamento dos cervos e dos bois já foi suficiente para que o bosque se recuperasse. “Mesmo onde estava cercado, onde não havia queima ou remoção de arbustos, as árvores jovens estavam crescendo”, diz a pesquisa.

A má notícia é que a hipótese de cercar totalmente o Pando não é uma ideia muito prática, segundo Rogers. “Todos, inclusive eu, não querem cercas em volta deste bosque. Não queremos ver a natureza com todas essas cercas.”

Segundo os especialistas, o problemas com o crescimento da floresta começou a ocorrer no século passado – período que coincide com a vinda dos humanos para aquela área. A partir disso, eles construíram cabanas, baniram a caça, permitiram que os cervos e bois pastassem no local e afugentaram os lobos (que, naturalmente atacam aqueles animais). 

Com os novos resultados, o cientista deve pedir pelo controle do número de veados e gado naquela área. Embora isso possa parecer extremo, pode ser a única possibilidade de dar ao Pando uma chance de sobrevivência a longo prazo, segundo o especialista. “O problema é real e há muitas bocas para alimentar nessa área”, diz Rogers.