Funai pode acusar missionário dos EUA por genocídio ao expor índios à doenças e morte
27 de janeiro de 2019

Um missionário americano pode ser acusado de genocídio por expor uma tribo brasileira isolada a doenças mortais, se for constatado que ele as contatou deliberadamente, de acordo com a Fundação Nacional do Índio (Funai).

Steve Campbell, um missionário cristão afiliado à Igreja Batista no Maine, pode enfrentar sérias acusações por expor a tribo Hi Merimã do Brasil ao risco de “doença e morte”, confirmou a Funai em comunicado à Agência Reuters.

A misteriosa tribo Hi Merimã vive na floresta tropical e é uma das poucas dezenas de 300 tribos indígenas do Brasil que nunca tiveram contato com o mundo exterior. A Hi Merimã é conhecida por sua hostilidade a pessoas de fora — tanto para o mundo “civilizado” quanto para membros de outras tribos. Eles totalizaram cerca de 1.000 quando contados pela última vez em 1943 e vivem no estado do Amazonas.

O missionário nascido nos EUA alega que ele só entrou na área por acidente, enquanto ensinava membros da tribo Jamamadi vizinha a usar o GPS. Campbell, no entanto, sabe, o caminho para essas terras bem o suficiente, de acordo com o jornal Folha de São Paulo, que afirma que pelo menos um membro da tribo Jamamadi o guiou para um acampamento abandonado dos Hi Merimã.

Apesar de a agência ainda não ter informado Campbell aos promotores federais ou à polícia, Campbell poderia enfrentar acusações de “genocídio” se a investigação descobrir que ele deliberadamente se aproximou da comunidade remota, alerta Bruno Pereira, coordenador geral de tribos isoladas da Funai.

“É um caso de violação de direitos e exposição ao risco de morte da população indígena isolada”, declarou outro porta-voz da Funai. “Mesmo que o contato direto não tenha ocorrido, a probabilidade de transmissão de doenças para o isolado é alta”.

A agência não mencionou nenhuma doença em particular, mas vivendo em isolamento, qualquer tribo careceria de imunidade natural às doenças da modernidade.

O missionário e sua família moram na vila mais populosa dos Jamamadis, chamada São Francisco, durante vários meses do ano, embora a Funai diga que eles não estão oficialmente autorizados a morar lá e alguns veem sua influência negativamente, alegando que eles usam as crenças dos moradores locais contra eles.