Coronavírus e retorno de doenças erradicadas são desafios para a saúde no Brasil
5 de fevereiro de 2020

O país está preparado para o inesperado?

Em tempos em que o chamado “coronavírus” assombra a China e acende alerta mundial por risco de contaminação, paramos para nos questionar: e se fosse aqui?

O que sabemos é que suspeitas da doença no Brasil estão sendo investigadas. E o Ministério da Saúde tem monitorado a evolução dos casos junto com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Cabe a nós, profissionais da saúde, que vivemos em contato direto com o paciente, estarmos muito bem preparados, assim como já estamos para as epidemias sazonais comuns no país.

O Brasil passa todos os anos por surtos de dengue, por exemplo. Neste ano, já temos mais de 2.000 casos em Minas. É uma doença que conhecemos como a palma da nossa mão e já sabemos de cor todos os procedimentos básicos para tratamento do paciente. Mas e quando se trata de algo com que não estamos intimamente conectados?

O inesperado já faz parte de nossa rotina. Nunca sabemos o que nos aguarda no plantão, mas sempre estamos aptos a encarar cada desafio diário. No entanto, doenças novas surgem todos os dias, e doenças antigas, já erradicadas, podem voltar. Como lidar?

Em 2018, o Ministério da Saúde acendeu o alerta para o retorno de doenças como sarampo, poliomielite, difteria, rubéola e tétano. Em 2019, o Brasil registrou mais de 13 mil casos de sarampo. E a rubéola, erradicada do Brasil, que, inclusive, recebeu certificado de eliminação da doença em 2015, corre o risco de voltar.

Por se tratar de uma doença que pode ser evitada a partir da vacinação, há mais de dez anos o país não registra casos de rubéola. Mas, depois do surto de sarampo no Brasil, que também é evitado pela mesma vacina – a tríplice viral e de casos de rubéola na Argentina e no Chile, o Ministério da Saúde chamou atenção para a possibilidade de retorno.

Outra doença, que parecia erradicada, hoje faz o país ocupar o segundo lugar mundial em número de casos: a hanseníase, antigamente chamada de “lepra”. Em 2017, o país teve 26.875 casos da doença, segundo a Organização Mundial da Saúde.

Então, seja lá qual for nosso próximo desafio médico, é importante que a preparação seja feita desde já. Não podemos prever qual será a próxima epidemia ou surto, mas também não podemos esperar que ela aconteça para, aí, sim, retomar estudos.

Uma dica importante à comunidade médica é: participe de cursos e debates promovidos pelas entidades médicas, como os conselhos regionais, para atualização profissional. Busque ler muito e se inteirar de publicações, estudos e novas pesquisas. Essas são atitudes que podem contribuir positivamente diante de uma situação especial.

Um médico preparado atua de forma responsável e experiente, mesmo diante do inesperado.

Fonte: O TEMPO