5 produtos do cotidiano que são uma ameaça ao meio ambiente – e alguns, à sua saúde
31 de dezembro de 2018

Enquanto o governo de Palau proíbe protetores solares para proteger os recifes de coral, há diversos outros produtos de uso muito difundido que causam danos ambientais.

Palau se tornou o primeiro país a proibir o uso de protetores solares para proteger seus vulneráveis recifes de coral.

Palau proibiu o uso de protetores solares, produtos que impactam negativamente a vida marinha e também os recifes de coral
 
 
Palau proibiu o uso de protetores solares, produtos que impactam negativamente a vida marinha e também os recifes de coral

Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Para muitos consumidores, os efeitos nocivos do produto talvez sejam uma novidade.

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Mas pesquisadores acreditam que os 10 ingredientes químicos encontrados na composição dele são altamente tóxicos para a vida marinha e podem tornar os corais mais suscetíveis à descoloração.

O protetor solar, porém, está longe de ser o único produto do cotidiano com impactos negativos sobre o meio ambiente.

A seguir, confira outros cinco, que poderão lhe surpreender. Alguns deles, com riscos inclusive à saúde:

As pílulas anticoncepcionais

Um estudo realizado em 2016 na Suécia encontrou evidências de uma desvantagem incomum nas pílulas anticoncepcionais.

Lina Nikoleris, autora do estudo, descobriu que o hormônio etinilestadiol (EE2), uma versão sintética do estrogênio encontrado em algumas pílulas, estava mudando o comportamento e a genética de alguns peixes.

Quando liberado na água como um resíduo, o EE2 demonstrou ser a causa de mudanças no equilíbrio genético de peixes como o salmão e a truta, que têm mais receptores de estrogênio que os humanos.

O efeito negativo de pílulas anticoncepcionais sobre o meio ambiente tem sido comprovado pela ciência
 
 
O efeito negativo de pílulas anticoncepcionais sobre o meio ambiente tem sido comprovado pela ciência

Foto: Getty Images / BBC News Brasil

O estudo também identificou que esse hormônio torna mais difícil para os peixes capturar alimentos.

“Estudos anteriores mostraram que os peixes também desenvolvem problemas para procriar”, disse Nikoleris.

“Isso pode levar à extinção de toda uma população de peixes, assim como a outras consequências para ecossistemas inteiros.”

Abacates

Também há más notícias para os amantes do abacate. Este alimento também é prejudicial ao meio ambiente.

A organização holandesa Water Footprint Network, que faz campanha pelo uso mais eficiente da água, calculou que, para cultivar um único abacate, são necessários cerca de 272 litros de água.

A produção em massa de abacates pode ser responsável por secas em algumas áreas
 
 
A produção em massa de abacates pode ser responsável por secas em algumas áreas

Foto: Reuters / BBC News Brasil

Os efeitos disso são devastadores para as regiões onde a fruta é cultivada.

Em 2011, uma investigação conduzida pelas autoridades de água no Chile encontrou pelo menos 65 plantações de abacate que desviam ilegalmente rios e outras fontes de água para irrigação.

Há quem culpe esses esses agricultores por uma forte seca que atingiu a região e forçou moradores a escolherem entre usar a água para beber ou tomar banho.

Abacaxis

Outro alimento popular também engrossa a lista dos que impactam o meio ambiente: o abacaxi.

A chamada “rainha das frutas” é cultivada a um ritmo que em algumas partes do mundo está afetando negativamente o planeta.

Na Costa Rica, um dos maiores produtores mundiais de abacaxis, milhares de hectares de florestas foram desmatados para dar lugar a essas frutas.

Para cultivar o abacaxi é preciso usar grandes quantidades de pesticidas
 
 
Para cultivar o abacaxi é preciso usar grandes quantidades de pesticidas

Foto: Getty Images / BBC News Brasil

A Federação de Conservação da Costa Rica diz que florestas inteiras desapareceram da noite para o dia, causando danos irreversíveis.

Os abacaxis são produzidos em grandes monoculturas – a produção intensiva de um único cultivo – e exigem uma grande quantidade de pesticidas, que também podem ser prejudiciais ao meio ambiente.

Xampus

O óleo de palma é um dos óleos vegetais mais eficientes e versáteis do planeta, mas seu uso generalizado levou a um desmatamento expressivo.

Em um relatório de 2018, o grupo de conservação WWF alertou que a transformação de florestas tropicais e turfeiras em plantações de óleo de palma liberou “enormes quantidades de dióxido de carbono, alimentando mudanças climáticas e destruindo o habitat de espécies como os orangotangos”.

Enquanto muitos estão cientes da presença de óleo de palma em produtos comestíveis, como chocolate, margarina, sorvete, pão e biscoitos, menos gente conhece o seu papel em diversos produtos para o lar.

Produtos de uso cotidiano, como xampus, podem conter óleo de palma, cuja produção tem levado a grandes desmatamentos
 
 
Produtos de uso cotidiano, como xampus, podem conter óleo de palma, cuja produção tem levado a grandes desmatamentos

Foto: PA / BBC News Brasil

No xampu, por exemplo, o óleo de palma é usado como uma forma de condicionador.

O mesmo óleo é encontrado em produtos como batons, detergentes para a roupa, sabonetes e pastas de dente.

Aromatizantes

Não é apenas com a poluição do ar que as pessoas devem tomar cuidado.

A má qualidade do ar dentro de casa, causada por produtos domésticos do dia-a-dia, como os aromatizantes, é tão ou mais preocupante.

Os aromatizantes muitas vezes contêm uma substância química chamada limoneno, comumente usada para dar um perfume cítrico ao ambiente, e também é usado em alimentos.

Formaldeídos obtidos com a liberação de alguns produtos químicos no ambiente podem levar a doenças como asma e câncer
 
 
Formaldeídos obtidos com a liberação de alguns produtos químicos no ambiente podem levar a doenças como asma e câncer

Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Não é o fato de conter um produto químico, por si só, que faz dele um grande perigo para a saúde.

Mas uma vez liberado no ar ele pode se tornar um problema.

Um experimento realizado pela BBC identificou que quando o limoneno reage com o ozônio presente no ar, produz formaldeído – um dos produtos químicos de uso atual mais comuns e cercados de riscos.

De acordo com informações publicadas pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo, a exposição a altas concentrações desse produto pode causar falta de ar, salivação excessiva, espasmos musculares, coma e eventualmente a morte.

O formaldeído também é considerado cancerígeno para humanos.