O que é a substância tóxica que vazou de trem nos EUA e causou explosão
14 de fevereiro de 2023

Acidente que obrigou milhares de pessoas a saírem de casa resultou na liberação de cloreto de vinila, um gás tóxico e cancerígeno que é incolor tem leve odor doce

Um trem de carga que seguia de Illinois para Pensilvânia, nos Estados Unidos, descarrilou na noite do último dia 3 de fevereiro no norte de Ohio, liberando um produto químico que gerou um incêndio devastador por três dias.

O resultado foi um desastre ambiental com milhares de moradores sob ordens de evacuação para a drenagem e queima do cloreto de vinila pressurizado. Segundo contou à Reuters Sandy Mackey, porta-voz da Agência de Gerenciamento de Emergências de Ohio, o produto tóxico causou uma única explosão, como era previsto, seguida por incineração da carga restante.

O trem, operado pela Norfolk Southern Railroad, é composto por três locomotivas e 150 vagões de carga. Cerca de 50 carros deixaram os trilhos, 20 dos quais transportavam materiais perigosos, de acordo com o National Transportation Safety Board (NTSB).

Nenhuma vítima com ferimento foi relatada, seja no acidente, seja durante uma operação em 6 de fevereiro realizada para drenar e queimar o produto químico de cinco vagões-tanque, disseram as autoridades.

Inflamável e cancerígeno

O monocloreto de vinila, que vazou do trem, é usado para produzir a resina policloreto de vinila (PVC), utilizada na fabricação de tubos e outros plásticos, como revestimento e na manufatura de solventes clorados.

De acordo com o site Química Nova Alternativa, da Sociedade Brasileira de Química, o PVC é um polímero amplamente presente no nosso dia a dia, estando também na fabricação de calçados, embalagens e até em laminados para condicionamento de sangue e plasma. Essa versatilidade se deve ao fato de a resina ser fabricada com aditivos, o que permite a obtenção de polímeros rígidos até extremamente flexíveis.

Preocupações com a segurança pública devido ao descarrilamento aumentaram depois que a Norfolk Southern Railroad disse que os dispositivos de alívio de pressão em alguns caminhões-tanque pararam de funcionar em 5 de fevereiro. A empresa informou que isso poderia “resultar em uma falha catastrófica”, de acordo com a Reuters.

O alerta se deu pois o monocloreto de vinila não é apenas inflamável, como também tóxico aos seres humanos. A Agência de Proteção Ambiental (EPA) de Ohio lista a substância inclusive como um “conhecido cancerígeno humano”.

O gás é incolor, sendo altamente estável na ausência de luz e oxigênio, segundo ficha de informação toxicológica da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb). A principal via de exposição humana ao produto químico é a inalatória, conforme o informativo.

Inalar altas concentrações do monocloreto durante longos períodos resulta em efeitos narcóticos, fenômeno de Raynaud (branqueamento, dormência dos dedos e desconforto por exposição a temperaturas frias) e alterações hepatocelulares.

A inalação excessiva da substância pode gerar ainda o desenvolvimento de angiosarcoma hepático, um tipo de tumor maligno no fígado, além de alterações cutâneas e acroosteólise (reabsorção das extremidades ósseas).

O gás tem leve odor doce, sendo facilmente absorvido pelos pulmões, de acordo com a Agência de Substâncias Tóxicas e Registro de Doenças dos EUA (ATSDR). Uma exposição de cinco minutos a concentrações de 8 mil ppm (partes por milhão) no ar pode causar tontura. À medida que os níveis aumentam para 20 mil ppm, a pessoa pode ter sonolência, perda de coordenação, anormalidades visuais e auditivas, náusea, dor de cabeça e queimação ou formigamento nas extremidades.

Já a exposição a concentrações mais altas por períodos mais longos pode causar a morte, presumivelmente devido ao sistema nervoso central e depressão respiratória.

A Norfolk Southern Railroad informou que, para contornar o problema do vazamento, trabalhadores prepararam poços de drenagem e aterros. Além disso, funcionários ambientais do estado monitoraram a qualidade do ar.

Segundo a Reuters, a causa do descarrilamento estava sob investigação do NTSB, mas Michael Graham, membro do conselho, disse que um vídeo do acidente apontava para possíveis problemas mecânicos em um dos eixos de um dos vagões.

Fonte: Revista Galileu

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