Há um Século no Correiro do Povo: A praga urbana dos batedores de carteiras
5 de julho de 2025

Da edição do dia 5 de julho de 1925, domingo, edição n. 158

Numa economia totalmente analógica, o dinheiro vivo constituía a forma básica das transações econômicas do dia a dia. Nesse universo em que praticamente todos eram alvos em potencial, os batedores de carteira eram presença constante nas grandes cidades | Foto: CP Memória

Numa economia totalmente analógica, o dinheiro vivo constituía a forma básica das transações econômicas do dia a dia. Nesse universo em que praticamente todos eram alvos em potencial, os batedores de carteira eram presença constante nas grandes cidades | Foto: CP Memória

“Sem uma força repressiva que se anteponha à sua ação desabalada, os ‘batedores de carteira’ assenhoravam-se, por assim dizer, dos bolsos dos cidadãos. Diariamente, registramos uma, duas e, às vezes, mais façanhas da terrível malta que invadiu a cidade, transformada em ‘quartel-general’ dos malsinados ‘punguistas’. Transcorridas as festas do Divino, São João, São Pedro e outras, os larápios, dando preferência aos locais onde há ajuntamento, lançaram ontem suas vistas para as casas bancárias, onde o vai-e-vem de pessoas, mais intenso aos sábados, facilitaria as suas ‘operações’. A primeira visita recebeu-a o Banco da Província. Nada menos do que quatro delinquentes espalharam-se por esse estabelecimento de crédito. A hábil organização do banco, escolhido para a ação, frustrou porém os planos do ‘quartunvirato’. Pressentidos, foram obrigados a sair precipitadamente. Os diretores do Banco da Província comunicaram o fato aos colegas, que tomaram as suas precauções. Esse insucesso não os desanimou, porém, e algum tempo mais tarde os bondes da Força e Luz tinham uma chusma daqueles indesejáveis passageiros. Às seis horas da tarde, fomos procurados pelo Sr. Antônio Aguaiadas, negociante de nacionalidade árabe, residente à rua Saldanha Marinho, vítima de um ‘punguista’. Momentos antes, quando viajava em um bonde letra R, defronte ao ‘Café Social’, situado à rua 7 de Setembro, sentiu que lhe remexiam num dos bolsos das calças. Sem perda de tempo, meteu, por seu turno, a sua mão no bolso, constatando então o desaparecimento de 95$, produto de uma semana de trabalho honesto. ‘De que me valha, porém, dar alarme ou comunicar à polícia?’ — disse-nos o Sr. Aguaiadas. ‘Prefiro comunicar o fato aos senhores, para que, divulgando-o, previnam o povo para que defenda as suas bolsas dos ataques dos larápios.’ Mas não se circunscreveu a esse caso a ação dos larápios. Outros bondes foram visitados, e muitas outras pessoas devem, a estas horas, estar lamentando o seu dinheiro, arrebatado pelas mãos hábeis dos ‘punguistas’. E a polícia? Tem outras preocupações a atender…”

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Fonte: Correio do Povo

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