Vídeo com mensagem do Papa, pela comemoração dos 450 anos do RJ
1 de janeiro de 2015

“Saibamos resistir à tentação de nos comportarmos de forma não digna da nossa humanidade”, destaca o Papa.

Papa Francisco homenageia Rio em vídeo: ‘Povo corajoso e alegre’

Pouco antes da virada do ano, na noite desta quarta-feira (31), cerca de dois milhões de pessoas reunidas para festejar a chegada de 2015 na Praia de Copacabana assistiram a um vídeo de pouco mais de 7 minutos produzido pelo Vaticano, no qual o Papa Francisco declara seu amor à cidade do Rio de Janeiro que, em 2015, completa 450 anos. Exibido simultaneamente em todos os telões espalhados pela praia, o vídeo mostra o papa lendo uma mensagem especial para o povo brasileiro e os cariocas, a quem ele classifica de ‘povo corajoso e alegre que nunca se deixou abater pelas dificuldades’.

Em sua mensagem, o pontífice diz que, da perspectiva do Cristo Redentor, do alto da cidade, saltam aos olhos, em primeiro lugar, a beleza da cidade, mas também ‘contradições que mancham esta beleza’, como as desigualdades sociais. Ele pede, em seguida, que ninguém fique de braços cruzados, a exemplo de um dos maiores símbolos da cidade.

Nesta mesma noite, após missa realizada no Cristo Redentor pelo cardeal Dom Orani Tempesta, foi inaugurada a nova iluminação do monumento.

O Papa Francisco também relembrou sua passagem no Rio em 2013 na Jornada Mundial da Juventude, quando a cidade o recebeu de “braços abertos”.

Leia na íntegra a mensagem enviada pelo Papa Francisco:

“Querido povo brasileiro,

É com grande alegria que me dirijo a vocês, às vésperas do Ano Novo, que marcará o início das comemorações pelos 450 anos de fundação da Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, para saudar, numa tão feliz circunstância, o amado povo carioca, que me recebeu de braços abertos por ocasião da Jornada Mundial da Juventude de 2013, e acender o novo sistema de iluminação da Estátua do Cristo, como fez o Beato Papa Paulo VI há cinquenta anos, simbolizando a luz que o Senhor quer acender nas nossas vidas.

Quatrocentos e cinquenta anos já representam uma venerável história; a história de um povo corajoso e alegre que nunca se deixou abater pelas dificuldades, a exemplo de seu santo padroeiro, o Mártir romano Sebastião, que mesmo depois de ter sido alvejado por flechas e dado como morto, não deixou de dar testemunho de Cristo aos seus contemporâneos; a história de uma cidade que desde o seu nascimento esteve marcada pela fé. Querido povo carioca: «crê em Deus, e Ele cuidará de ti; endireita os teus caminhos e espera n’Ele. Conserva o seu temor, e n’Ele envelhecerás» (Eclo 2,6)!

Hoje, se pudéssemos nos colocar na perspectiva do Cristo Redentor, que do alto do Corcovado domina a geografia da cidade, o que é que nos saltaria aos olhos? Sem dúvida, em primeiro lugar, a beleza natural que justifica seu título de Cidade Maravilhosa; porém, é inegável que, do alto do Corcovado, percebemos igualmente as contradições que mancham esta beleza. Por um lado, o contraste gerado por grandes desigualdades sociais: opulência e miséria, injustiças, violência… Por outro, temos o que poderíamos chamar de cidades invisíveis, grupos ou territórios humanos que possuem registros culturais particulares. Às vezes parece que existem várias cidades, cuja coexistência nem sempre é fácil numa realidade multicultural e complexa. Mas, diante deste quadro, não percamos a esperança! Deus habita na cidade! Deus habita na cidade! Jesus, o Redentor, não ignora as necessidades e sofrimentos de quantos estão aqui na terra! Seus braços abertos nos convidam a superar estas divisões e construir uma cidade unida pela solidariedade, justiça e paz.

E qual seria o caminho a seguir? Não podemos ficar “de braços cruzados”, mas abrir os braços, como o Cristo Redentor. Por isso, o caminho começa pelo diálogo construtivo. Pois, “entre a indiferença egoísta e o protesto violento, há uma opção sempre possível: o diálogo. O diálogo entre as gerações, o diálogo no povo, porque todos somos povo” (Discurso à classe dirigente do Brasil, 26 de julho de 2013). Neste sentido, é preciso reconhecer que, independentemente do seu grau de instrução ou de riqueza, todas as pessoas têm algo para contribuir na construção de uma civilização mais justa e fraterna. De modo concreto, creio que todos podem aprender muito do exemplo de generosidade e solidariedade das pessoas mais simples; aquela sabedoria generosa de saber “colocar mais água no feijão”, da qual o nosso mundo ressente tanto.

Queridos amigos, tenho a certeza de que a Cidade Maravilhosa tem muito a oferecer ao Brasil e ao mundo. Por isso, ao acender as luzes do Corcovado, faço minhas as palavras pronunciadas pelo Beato Papa Paulo VI, no dia 1º de janeiro de 1965: que “esta luz, iluminando a cidade do Rio de Janeiro, se espalhe por todo o Brasil” (Paulo VI, Insegnamenti, III). Assim, depositando aos pés de Nossa Senhora Aparecida estes votos e agradecendo ao Cardeal Dom Orani Tempesta pela oportunidade de poder lhes dirigir esta mensagem, felicito todos os cariocas e o povo brasileiro por esta “festa de aniversário”, pedindo, por favor, que rezem sempre por mim. E desejando um feliz ano de dois mil e quinze, a todos e cada um envio a minha Bênção Apostólica. Obrigado.”

Papa

 

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