Uma espécie de rã que só existe em Seropédica, na Baixada Fluminense, enfrenta um novo risco de extinção. O pequeno lago que abriga os animais na Floresta Nacional Mário Xavier virou ponto de descarte de lixo. O local fica logo abaixo de um viaduto do Arco Metropolitano, rodovia federal que corta a região.
“Ela existe em toda a região da Baixada. Porém, com o processo de urbanização das últimas décadas, a espécie foi sobrevivendo aonde restava algum tipo de vegetação. E aqui, na Floresta Nacional Mário Xavier, é a única localidade onde essa rã é localizada”, explicou Rogério Rocco, superintendente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no Rio de Janeiro.
A proteção da espécie já havia sido motivo de preocupação durante a construção do Arco Metropolitano. Em 2009, o governo do estado precisou alterar o projeto da rodovia para construir um viaduto e evitar que a pista passasse por cima da área de preservação.
No entanto, o viaduto, que deveria proteger as rãs, se transformou em uma ameaça.
“A gente precisa, nesse trecho, onde tem o lago com as rãs e com os peixes, que sejam instaladas contenções nas beiras da rodovia para que não permita o despejo de resíduos a partir da rodovia. E precisamos de um projeto de recuperação de área degradada para que sejam retirados os pneus e outros resíduos que estão consolidados nesse ecossistema, sem que essa retirada seja mais um prejuízo no meio ambiente”, disse Rocco.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2025/r/b/7a6zBASqGIzRv7iAM2iw/rj1-limpo-20250617-1100-frame-89331.jpeg)
Espécie ameaçada, a rã-de-Seropédica mede apenas 2 centímetros e só é encontrada na Floresta Nacional Mário Xavier, na Baixada Fluminense — Foto: Reprodução/TV Globo
O Ibama notificou a concessionária EcoRioMinas em junho de 2024, exigindo a instalação das contenções no viaduto e a reparação dos danos ambientais. Na época, a empresa alegou que não havia previsão contratual para realizar as obras ou adotar medidas de recuperação ambiental na área.
O Arco Metropolitano é uma rodovia federal, mas a construção e o licenciamento ficaram sob responsabilidade do governo do estado. A obra chegou a ficar parada por alguns anos e a EcoRioMinas assumiu a gestão apenas em 2022.
Segundo o Ibama, parte das obrigações previstas no licenciamento original foi perdida ao longo do tempo.
“O problema é que esse vácuo de tempo em que ficou tudo parado acabou apagando da memória institucional os compromissos firmados na época do licenciamento. Então, a concessionária EcoRioMinas entrou para operar a rodovia sem as obrigações que tinham sido estabelecidas no licenciamento original. Mas é um passivo ambiental vinculado à rodovia, portanto, como operadora da rodovia, hoje esse passivo é de responsabilidade da EcoRioMinas”, afirmou Rocco.
Ele destaca que, após a notificação, a concessionária tem participado de reuniões e está elaborando um projeto de recuperação da área degradada. “Ela tem assumido numa velocidade menor do que a gente gostaria”, ressaltou.
A EcoRioMinas informou que reforça o compromisso com o meio ambiente e que segue em conversas com as instituições responsáveis para colaborar, de forma responsável e transparente, na diminuição dos impactos identificados.
O impasse continua, mas o Ibama lembra que a contenção só se tornou necessária por causa da grande quantidade de lixo despejada irregularmente no local.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2025/y/v/hpy79KTlKOTdUAf1NBGg/rj1-limpo-20250617-1100-frame-91825.jpeg)
Garrafas, pneus e plásticos se acumulam no lago e na vegetação da floresta, poluindo o habitat das rãs e outros animais — Foto: Reprodução/TV Globo
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2025/c/D/VqPJypRhiAeiQLVjHF2w/rj1-limpo-20250617-1100-frame-94916.jpeg)
O viaduto do Arco Metropolitano, construído para proteger a área de preservação, virou ponto de descarte irregular de lixo na Baixada Fluminense — Foto: Reprodução: TV Globo
Fonte: G1


Deixe a sua opinião sobre o post