Minas terá biofábrica da Fiocruz para combater doenças causadas pelo Aedes Aegypti
14 de março de 2021

Ação em parceria com governo de Zema beneficiará região afetada por desastre em Brumadinho

O governo de Romeu Zema (Novo) em Minas Gerais assinou, na quinta-feira (11), um termo de compromisso para construção de uma biofábrica e implementação do Método Wolbachia para controlar arboviroses transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti nos municípios impactados pelo rompimento da barragem em Brumadinho (MG). O custeio operacional será garantido por cinco anos.

O termo, firmado por meio da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), com apoio do Comitê Gestor Pró-Brumadinho e da Advocacia-Geral do Estado (AGE-MG), utiliza recursos do acordo para reparação dos danos ambientais e sociais decorrentes do rompimento da barragem B-1, em Brumadinho, celebrado em 4 de fevereiro entre o Governo de Minas, a mineradora Vale, os Ministérios Públicos Federal (MPF) e de Minas Gerais (MPMG) e a Defensoria Pública de Minas Gerais (DPMG).

A construção da fábrica será em Belo Horizonte, com previsão para durar 15 meses, a partir da liberação do terreno cedido pelo Estado. O valor da obra ainda está sendo estimado, mas tem como orçamento preliminar R$ 10,7 milhões. A implementação do projeto Wolbachia terá investimento de aproximadamente R$ 57,1 milhões, recurso originado do termo de medidas de reparação.

Biofábrica da Fiocruz vai produzir insetos com bactéria para controlar doenças causadas por vírus transmitidos pelo Aedes aegypti. Foto: SES-MG

Produção

A biofábrica vai produzir mosquitos com Wolbachia (bactéria), que serão soltos no ambiente para se reproduzirem com os Aedes aegypti locais. O objetivo é estabelecer uma população de mosquitos que tenha o microrganismo intracelular em sua composição, como ocorre na natureza com outros insetos. Cabe esclarecer que estes mosquitos não são transgênicos e não transmitem doenças. Ao contrário, ajudam no controle das arboviroses, doenças causadas por vírus transmitidos pelo Aedes aegypti. Com o tempo, o percentual de mosquitos que carregam a Wolbachia aumenta, até que permaneça alta sem a necessidade de novas liberações.

O processo biológico se dará por meio do Método Wolbachia, implementado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em conjunto com o World Mosquito Program (WMP), em parceria com a SES-MG. Os mosquitos produzidos serão utilizados para controlar a ocorrência das arboviroses, como a dengue, zika e chikungunya nos municípios da bacia do rio Paraopeba atingidos pelo rompimento da barragem.

A SES-MG esclarece que o acompanhamento dos dados de notificação de dengue nesses municípios não demostra alterações atípicas na ocorrência dessas doenças. O método, como ressalta a subsecretária de Vigilância em Saúde, Janaína Passos, vem mais como uma estratégia contra as arboviroses.

“Com a implementação do projeto, esperamos que a incidência de dengue seja ainda mais reduzida em áreas que recebam a intervenção com os wolbitos. Em contrapartida, é primordial que a população faça a sua parte, eliminando criadouros de mosquitos no entorno das casas”, afirma.

 

Há a possibilidade, também, caso haja disponibilidade financeira dos valores disponibilizados, de o projeto ser ampliado para outros municípios mineiros. No entanto, segundo Janaína Passos, o que está previsto neste momento para essas outras cidades são ações de rotina de combate às arboviroses, como operações para conter a proliferação do mosquito e controle das doenças.

Fábrica

A biofábrica será construída pela mineradora Vale, com apoio técnico da SES-MG, World Mosquito Program e Fiocruz. A instituição será responsável por construir, equipar e mobiliar a estrutura, que será de propriedade do Estado de Minas Gerais. A operacionalização será conduzida pela Fiocruz e pelo WMP, que deverão realizar a implementação do projeto nos municípios impactados.

A expectativa é de que a liberação de mosquitos seja iniciada cerca de quatro meses após a entrega da biofábrica e que a implementação completa do Método Wolbachia seja concretizada em cinco anos.

Método Wolbachia

O Método Wolbachia, iniciativa do World Mosquito Program (WMP), conduzida no país pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), utiliza a bactéria Wolbachia para o controle de arboviroses, doenças que são transmitidas por mosquitos. Os insetos que nascem com o microrganismo são chamados wolbitos. Como já reforçado, eles não são transgênicos e não transmitem doenças.

A Wolbachia é um microrganismo intracelular presente em 60% dos insetos da natureza, mas que não estava presente no Aedes aegypti. Quando presente nestes mosquitos, impede que os vírus da dengue, zika, chikungunya e febre amarela se desenvolvam dentro do mosquito, contribuindo para redução destas doenças.

O método tem eficácia comprovada. “Estudo realizado na Indonésia apontou redução de 77% dos casos de Dengue nas áreas que receberam os mosquitos com Wolbachia. No Brasil, dados preliminares apontam redução de até 77% de casos de Dengue e 60% dos casos de Chikungunya em Niterói, onde o método é implementado desde 2015”, afirma o pesquisador da Fiocruz e responsável pelo método no Brasil, Luciano Moreira.

Este método de controle das arboviroses foi desenvolvido na Austrália pelo World Mosquito Program e atualmente atua em 11 países e mais de 20 cidades. No Brasil, a iniciativa é conduzida pela Fiocruz, com financiamento do Ministério da Saúde, e atualmente está sendo implementada no Rio de Janeiro (RJ), Niterói (RJ), Belo Horizonte (MG), Petrolina (PE) e Campo Grande (MS).

Mais informações sobre o Método Wolbachia estão disponíveis no site:  wmpbrasil.org ou nas redes sociais: @wmpbrasil. (Com informações da Agência Minas)

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