Pesquisadores fotografam interação inédita entre botos e sucuri em rio na Bolívia
6 de agosto de 2022

O registro foi feito em agosto de 2021. Os pesquisadores só perceberam a situação após verem os resultados das fotografias.

Imagine a seguinte cena: alguns botos, que em geral se alimentam de pequenos peixes, com uma sucuri-de-Beni (Eunectes beniensi) em seus bicos. Essa cena ocorreu em agosto de 2021 no rio Tijamuchin, na Bolívia, que é próximo ao Estado de Rondônia.

Esse fenômeno virou tema de uma pesquisa publicada recentemente na revista científica internacional ‘Ecology’, que relatou a interação inédita entre os  golfinhos-de-rio-bolivianos com uma sucuri. O estudo ainda ganhou mais popularidade após os pesquisadores comentarem o caso no jornal norte-americano The New York Times.

Foto: Alejandro dos Rios/Divulgação
 

Biólogo e mestrando em biologia animal na Universidade Federal da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o brasileiro Omar Machado Entiauspe Neto foi um dos autores do artigo, ajudando com o seu conhecimento sobre as cobras.

Os pesquisadores bolivianos Steffen Reichle e Alejandro dos Rios, de Santa Cruz de la Sierra, estavam no rio Tijamuchin, na região de Beni, próximo a Rondônia, quando registram o momento, em agosto de 2021.

A pesquisa de campo foi organizada por Steffen Reichle, que trabalha no Museo de Historia Natural Noel Kempff, e a cobra só foi notada por meio dos registros fotográficos bem depois dos registros.

Por que isso ocorreu?

Foto: Alejandro dos Rios/Divulgação
 

Apesar de consideradas interações difíceis de se encontrar, esses fenômenos possuem similaridades com comportamentos de outros cetáceos marinhos (golfinhos). Para os pesquisadores, a interação pode ter uma função social, como um método de aprendizagem para ensinar aos filhotes como capturar uma presa.

É provável, também, segundo os autores do artigo, que a cobra já estivesse morta no momento em que os botos estavam “brincando” com o animal. As cobras não  fazem parte da dieta alimentar dos botos, pois seus bicos são pequenos e sua alimentação consiste em crustáceos e pequenos peixes. 

Inusitado

Na entrevista o jornal norte-americano, Reichle explicou que os golfinhos-de-rio-bolivianos “geralmente nadam abaixo da superfície, e os avistamentos geralmente capturam apenas uma barbatana ou uma cauda”. No entanto, alguns dos animais que estavam nadando juntos mantiveram as cabeças acima da água por um tempo maior que o comumente registrado. Por ser um animal semiaquático, a cobra pode ter morrido durante a “brincadeira” dos botos, mas não foi possível confirmar.

Outra possibilidade da interação é que a atividade “poderia ter sido sexualmente estimulante para eles”, de acordo com Diana Reiss, cientista de mamíferos marinhos e psicóloga cognitiva do Hunter College, em Nova York, na entrevista ao The New York Times. Isso porque um dos registros mostra os machos excitados sexualmente.

Fonte: Portal Amazônia

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