Rio – A família da brasileira que caiu de uma trilha na Indonésia, na noite desta sexta-feira (19), acusa o governo do país asiático de divulgar informações falsas sobre um suposto suporte à turista. A publicitária Juliana Marins, de 26 anos, natural de Niterói, na Região Metropolitana, estaria desaparecida, sem sequer ser avistada por outros visitantes, como vinha acontecendo.
Na manhã deste sábado (21), a Embaixada do Brasil em Jacarta, capital da Indonésia, repassou informações dando conta de que um montanhista havia chegado ao ponto onde estava Juliana, uma área íngreme e de difícil acesso próxima a um penhasco, cerca de 16 horas após o acidente, ocorrido por volta das 19h de sexta-feira (20), pelo horário de Brasília.
O homem teria estabilizado a brasileira em uma maca e lhe dado água e alimento. Sobre o resgate, o informe dizia apenas que a ação ocorreria “assim que possível”, mas não especificava o porquê da espera.
Já na madrugada deste domingo (22), Mariana Marins, irmã de Juliana, procurou a reportagem de O DIA para afirmar que tais dados são inverídicos: “Recebemos, com muita preocupação e apreensão, que não é verdadeira a informação que a equipe de resgate levou comida, água e agasalho para a Juliana, conforme divulgado pelas autoridades indonésias e pela Embaixada do Brasil em Jacarta”.
Segundo Mariana, o socorro não chegou à publicitária devido ao comprimento insuficiente das cordas usadas e da baixa visibilidade no local – a temperatura por lá neste domingo é de 22º. A família alega que chegou a receber imagens do suposto resgate, que também não seriam verdadeiras.
Mariana contou que a situação é ainda mais preocupante porque a irmã não está mais no ponto da região montanhosa em que ficou sentada por horas e de onde vinha sendo filmada por outros turistas. Ela também enviou ao DIA uma mensagem que seria da Agência Nacional de Busca e Resgate da Indonésia, conhecida pela sigla Basarnas.
O texto diz que uma equipe de resgate desceu cerca de 300 metros e não encontrou Juliana. Os montanhistas teriam chamado pela brasileira e usado um drone para localizá-la, porém, sem constatar a presença de alguém: “Ela foi vista pela última vez ontem (sábado) às 17h30 por um vídeo, mas não segue mais nesse local. Está desaparecida”, acrescentou Mariana.
Entretanto, a Basarnas ponderou que, no momento, não é possível afirmar que Juliana está desaparecida. A agência ressaltou que segue “realizando buscas exaustivas” e que informará a Embaixada brasileira assim que tiver atualizações.
O caso
Juliana fazia o passeio por meio da empresa de turismo Ryan Tour pelo vulcão Rinjani, em Lombok, ilha na Indonésia – que tem um fuso horário de 10 horas á frente do Brasil. A brasileira ficaria de sexta (20) a domingo (22) na região. A trilha integrava um passeio conhecido como mochilão, no qual ela estava desde fevereiro, com passagens por por outros países asiáticos como Filipinas, Vietnã e Tailândia.
Cerca de três horas depois da queda, um grupo de turistas espanhóis avistou a brasileira e passou a monitorá-la, fazendo fotos e vídeos, inclusive com uso de drone – veja no vídeo acima. As imagens mostram Juliana sentada em uma área inclinada, aparentemente com dificuldade de se levantar e retornar à trilha.
Eles localizaram Juliana nas redes sociais, e foi assim que a família tomou conhecimento do caso e conseguiu contato com o grupo neste sábado. Mesmo assim, as notícias ainda eram escassas, o que só aumentava a angústia da família: “Não se sabe se ela quebrou algum osso, porque ela não consegue se levantar. Ela não se mexia. O máximo que conseguia era movimentar os braços”, descreveu Mariana, com base nas imagens enviadas pelos espanhóis.
Ainda segundo informações recebidas pela irmã de Juliana, a situação da turista ficou mais delicada após a passagem de uma neblina: “Eles (turistas espanhóis) ficaram horas sem ver a Juliana. A neblina molhou muito o solo, minha irmã passou a escorregar. E depois que a neblina sumiu, ela já estava bem mais abaixo na montanha, muito próxima do precipício”. O DIA fez contato com a Embaixada do Brasil em Jacarta e com o Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) e aguarda retorno.
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