Karl Marx, um ambientalista
21 de agosto de 2014

Desperdício e predação do meio ambiente

Pense bem: Em menos de oito meses, o planeta esgotou todos os recursos naturais disponíveis para o ano

Pois bem. Karl Marx foi um pensador que muito contribuiu para a formulação do pensamento e da ação que conduzia o ser humano a uma atitude de responsabilidade e respeito para com o meio-ambiente. Para o referido autor, a continuidade do modo de produção capitalista, cuja orientação prioritária é a maximização dos lucros, conduz: a uma crescente exploração da força de trabalho, por um lado, e, por outro, à deterioração da base de produção econômica, da fonte da riqueza, ou seja, da natureza.

Marx não concebe a natureza como fonte ilimitada de matérias-primas e nem como recurso gratuito. Pra Marx, a natureza gera apenas valor de uso. No livro Manuscritos econômico-filosóficos de 1844, ele diz que

O ser humano vive da natureza. Isto significa que a natureza é seu corpo, com o qual ele precisa estar em processo contínuo para não morrer. Que a vida física e espiritual do ser humano está associada à natureza não tem outro sentido do que afirmar que a natureza está associada a si mesma, pois o ser humano é parte da natureza.

Conforme afirma Inácio Andrioli – e isto vale para começar um debate sobre o tal “Governo Sustentável da Marina Silva”:

Ao contrário do que afirmam os apologistas da economia de mercado, os interesses de lucro não garantem uma ciência fundamentada na sustentabilidade social e ambiental, nenhum desenvolvimento e nenhuma introdução de produtos orientada na sua reutilização, controle e reparação. Na economia de mercado capitalista a interação entre ser humano e natureza tende a ser eliminada e reduzida à relação de dinheiro, isto é, à pressão do mercado por um constante aumento da produção de mercadorias, que domina a ordem social em prejuízo do ser humano e da natureza.

Nesta mesma esteira caminha Kautsky

O agricultor deve se preocupar não somente com o capital e a remuneração do capital, mas também com o solo e a renda da terra. Essa, porém, enquanto renda diferencial, depende da riqueza do solo. Tanto mantê-lo em boas condições e, se possível, melhorá-lo, precisa ser a tarefa do agricultor racional moderno, como utilizar seu capital da maneira mais lucrativa possível.

Sob o capitalismo, o que encontramos é uma desenfreada busca pelo lucro que separa, sob a forma de alienação, a relação entre o ser humano e a natureza. Esta, por sua vez, por disponibilizar recursos escassos, é vítima de graves agressões decorrentes da mercantilização de todas as relações e meios de vida próprias do modo de produção.

Precisamos evoluir e encontrar uma forma de nos relacionar com o meio ambiente sem que seja desta forma predatória. Como diz Leonardo Boff,

Dispomos-nos a preservar essa riqueza pelo valor que possui em si mesma, como manifestação das virtualidades da natureza e do Universo e pela alegria que sua complexidade, sua integridade e sua beleza nos propiciam. Mas queremos também preservá-la porque precisamos dela para garantir a sustentabilidade de nossa gente e para possibilitar o nosso desenvolvimento integrado.

A questão é que produzimos muito, exigimos demais do meio ambiente, sugamos tudo o que é possível e a pergunta que fica é: quem goza disto tudo? Produzir e Consumir é a regra, a questão é que, como diz o filósofo István Mészáros,

O excesso de consumo mais absurdamente manipulado e desperdiçador, concentrado em poucos lugares, encontra seu corolário macabro na mais desumana negação das necessidades elementares de incontáveis milhões de pessoas.

Vivemos numa era de desperdício. E aí, o que fazer? Para mim a primeira coisa é nos colocarmos em nosso lugar, assumir nossa posição de mantenedor do universo e não de predador. Devemos ter em mente o que Karl Marx escreve no livro 3 de O Capital:

Nem a sociedade, nem uma nação ou nem mesmo todas as sociedades juntas são proprietárias do globo. São apenas posseiras. E devemos legá-las em melhores condições às gerações futuras.

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