Embrapa de Seropédica no avanço da pesquisa dos inoculantes bacterianos
30 de outubro de 2015

Tecnologias referentes a insumos biológicos são apresentadas ao setor produtivo

A apresentação de tecnologias e de resultados recentes das pesquisas da Embrapa Agrobiologia foi a tônica da segunda parte da I Feira de Inovação, Ciência e Tecnologias da instituição, na tarde da quinta-feira, 22. Antecedidos por uma breve palestra do supervisor da Coordenadoria de Negociação e Contratos da Secretaria de Negócios da Embrapa (SNE), André Greenhalgh, pesquisadores da Unidade falaram sobre os avanços em bioprocessos e em insumos biológicos para uso na agricultura.

 

A pesquisadora Norma Rumjanek falou sobre os veículos utilizados para a aplicação de inoculantes bacterianos e as alternativas poliméricas que têm sido pensadas para substituir a turfa e outros veículos líquidos, que geralmente geram alto custo para a produção industrial. “O inoculante começa pela seleção da bactéria, mas é formado também por um veículo, que promove o acondicionamento das células bacterianas, mantendo-as estáveis enquanto não são aplicadas na planta. Estamos buscando veículos diferentes que garantam essa estabilidade, mantendo a viabilidade celular das bactérias durante o armazenamento e transporte, com boa relação custo-benefício e fácil manuseio”, explicou a pesquisadora.

 

Ela destacou ainda o uso das bactérias do gênero pseudomonas na inoculação, ampliando o leque de microrganismos utilizados para esse fim. As pesquisas ainda são incipientes, mas, segundo Rumjanek, as perspectivas são promissoras. “Deveríamos levar a frente os estudos com as pseudomonas. Ficamos impressionados com os resultados preliminares obtidos em casa de vegetação e também em campo”, disse. Caso a pesquisa demonstre a viabilidade de uso dessas bactérias, outro passo deverá ser dado junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), para garantir que o material é seguro. “As pseudomonas assustam porque comumente são associadas a infecção hospitalar, mas no mercado todo há vários produtos à base delas. Nem todas provocam doenças”, tranquilizou Norma.

 

Da mesma forma, o pesquisador Jerri Zilli, ao falar sobre a utilização de fungos Dark Septate para o crescimento vegetal, destacou a importância de a pesquisa abrir os horizontes para possibilidades diferentes das já utilizadas. “Não se pode ficar somente num grupo restrito de microrganismos, porque há uma infinidade de possibilidades que ainda podem ser exploradas”, argumentou. É o caso desse tipo de fungo, que, segundo ele, é fácil de ser manuseado em termos industriais e proporciona diversos benefícios aos vegetais, a exemplo do maior acúmulo de nutrientes como fósforo e nitrogênio, da adaptação a diversas condições de solo e do controle biológico de fitopatógenos.

 

Já a pesquisadora Verônica Reis apresentou os avanços obtidos nas pesquisas sobre o inoculante do milho e explicou como a equipe chegou à seleção de uma espécie de bactéria diazotrófica para aplicação na cultura – a BR 11417, Herbaspirillum seropedicae. Os resultados se mostraram bastante positivos em vários experimentos realizados por anos em diferentes regiões do País, na estação chuvosa e na época mais seca. “Não importa como se faça a inoculação, em todos os resultados percebemos um aumento na radiculação do milho”, ressaltou a pesquisadora.

 

Os presentes também puderam conhecer um pouco sobre o trabalho desenvolvido pela equipe da pesquisadora Marcia Vidal com bacteriocinas – proteínas ou complexos protéicos produzidos por algumas bactérias com ação antibiótica contra outros organismos que provocam doenças nas plantas. “Para o futuro, esperamos estabelecer condições para expressão e purificação dessa proteína em larga escala, desenvolver uma formulação estável e testar o efeito do bioproduto”, adiantou Marcia.

 

O trabalho de bioprocessos e de análise da qualidade de inoculantes realizado pela Embrapa Agrobiologia – que acabou de ser cadastrada pelo Mapa para esse fim (leia aqui) – foi outra temática levada ao conhecimento dos visitantes, considerando o potencial que há para o uso desses insumos biológicos no Brasil. Segundo o pesquisador Luís Henrique Soares, responsável pelo Laboratório de Bioprocessos e último palestrante do dia, 90% do mercado de inoculantes no Brasil, hoje, são voltados para a soja, sendo que aproximadamente 40% das doses são importadas de outros países, de acordo com dados da Associação Nacional dos Produtores e Importadores de Inoculantes (Anpii). “É uma realidade que precisamos e podemos mudar”, ressaltou.

 

O Laboratório de Bioprocessos da Embrapa Agrobiologia faz parte do Centro de Recursos Biológicos Johanna Döbereiner (CRB-JD), que é um dos quatro CRBs mantidos em toda a Embrapa para fins agropecuários, possuindo cerca de 3 mil bactérias e 50 fungos. “O intuito de um centro como esse é manter o padrão biológico em alto padrão de qualidade e expertise para garantir acesso a recursos biológicos de forma segura e confiável”, explicou previamente o pesquisador Jerri Zilli, que no período da manhã fez uma apresentação na Feira de Inovação justamente sobre o CRB-JD.

 

Entre os serviços prestados pelo CRB-JD destacam-se a produção de inoculantes, a avaliação da qualidade de produtos, a caracterização microbiana, o desenvolvimento de novas formulações e a promoção de treinamentos. Em 2014, 2.191 doses de inoculantes foram produzidas e distribuídas para pesquisa na Embrapa e usadas para a transferência de tecnologia.

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Liliane Bello (MTb 01766/GO)
Embrapa Agrobiologia

Telefone: (21) 3441-1500

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