Crack abra os olhos para o problema
11 de junho de 2013

Viciados trocam família, trabalho e dignidade pelo vício

Meio-dia de sexta-feira. Em vez de um prato de comida, a catadora de recicláveis Rosa Pereira (nome fictício), 38 anos, optava por uma pedra de crack, para alimentar o vício. Ela estava na localidade conhecida como Brizolão uma via de acesso à Bonsucesso na Avenida Brasil.

Com a intensificação do policiamento das UPPs as “cracolândias”, passou a ser mais um esconderijo alternativo utilizado por dependentes químicos para o consumo da droga no RJ.

Em meio aos escombros de um antigo casarão abandonado, assim como Rosa, pelo menos meia dúzia de outras pessoas utilizava cachimbos artesanais para tragar a fumaça da pedra, cujo efeito no organismo certamente ofuscava a vista para a Avenida Brasil.

A paranoia de se esconder para fumar leva os dependentes químicos a frequentarem locais subumanos, como o córrego por onde passa o esgoto do Bairro. Durante o dia, os viciados costumam se concentrar em frente ao antigo prédio do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS).

Outro ponto usado por eles é a ponte de Bonsucesso na Avenida Brasil. ambas zonas próximo as favelas da capital. O ambiente está repleto de restos de papelão, sucata, garrafas plásticas e carrinhos de supermercado inutilizados.

Medo

Quem circula por estas áreas diz sentir medo de ser assaltado, a exemplo da estudante de nutrição Joana Cardoso, 23, que pratica atividades físicas próximo a São Cristóvão, “Nunca aconteceu comigo, mas já ouvi dizer que a droga os deixa agressivos, com vontade de consumir mais”, diz.

Já no caso de uma comerciante da Rua Codorna que preferiu não se identificar, o movimento da clientela melhorou depois que uma Base Móvel de Segurança foi instalada na região.

“Por 24 anos, assisti à fuga de meus clientes. Cheguei a abrir uma loja em Bonsucesso mas voltei ao lugar de origem”, afirma.

Drama

Mãe de sete filhos, Rosa fuma crack há pelo menos dois anos, segundo recorda. A catadora de recicláveis disse que já teve moradia fixa, mas foi viver nas ruas do Centro após perder o emprego, devido ao vício.

Depois de fumar crack, a mulher alterna o comportamento entre momentos de lucidez e alucinação, com frases desconexas, como “esses aviões, brancos e pretos, ficam me perseguindo”.

Mas, quando indagada sobre a vontade de abandonar o vício, pede ajuda: “Eu quero ir para um centro de recuperação. Não quero mais usar, nem morar na rua”.

Até quando vamos assistir a destruição da juventude Brasileira sem fazer nada?

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